Mas nunca vi aquilo como uma segregação, sempre com uma super proteção para os alunos com deficiência.
Quando criança começava o mês de janeiro preocupada com a escola: será que vou mudar de sala (na minha época a gente mudava), quem vai estar na minha sala? Quem serão meus professores? E isso me causava angústia e medo.
Fazendo uma retrospectiva de final de ano, lembrei desta época remota, tentando imaginar, com seria ir pra escola nos hoje, em que se fala de “total inclusão educacional”.
Ora, essa inclusão, na verdade só acontece no papel. Daí minha oreocupação em saber como se sentem as crianças e jovens com deficiência para encarar um novo ano escolar.
Intenção e lei sem controle não bastam – sou super a favor da inclusão escolar, afinal, nada melhor do que a convivência coletiva, reunindo diferenças, para crescermos como seres humanos.
Mas quando se fala em alfabetização e aprendizado, não basta a convivência – é fundamental muita dedicação, condições adequadas e material especializado.
Sem tecnologia assistiva, sem intérprete de libras, sem braille, com uma sala superpopulosa e uma professora tendo que dar conta de todo mundo – em geral sem especialização para isso.
E em meio a esse despreparo geral, está uma criança – com algum tipo de limitação – junto com as demais, sim, mas sem a atenção necessária para ser realmente incluída. Ora, esse tipo de situação pode criar mais angústias do que alívio, alguém duvida!?
Mães coragem – elas são um verdadeiro exercito de mulheres dispostas a dedicar cada segundo de suas vidas e cada fio de fôlego para preparar seus filhos para mundo. Desistem dos maridos, dos empregos, delas próprias para acompanharem suas crias na escola e dar apoio e colo.
Mas muitas desistem, diante dos poucos resultados que vêem. As que ficam, sentem-se como extraterrestes junto as demais, com filhos sem deficiência. Uma amiga minha passou isso com o filho que tinha paralisia cerebral: como só havia ele na escola com essa limitação ela não conseguia se sentir parte do todo e precisou procurar grupos para que ele visse que tem muita gente igual – vivendo, aprendendo e lutando.
Mais que só a matéria – pois é: além de condições reais e estrutura, é preciso também – e principalmente – atitude! E acima de tudo, amor no coração, olhar o próximo como alguém da sua família, humildade para aprender e depois ensinar e assim viver!
Por isso, nesse mês de janeiro, de aquarianas, como eu, e das capricornianas, todas que conheço, mulheres batalhadoras, produtivas, arrojadas e donas de si, dedico esse texto todas as essa mães, guerreiras das escolas, junto a seus filhos, as irmãs e filhas que jamais esmorecem em seu apoio aos irmãos. E, antecipando a data de março, a todas as mulheres em geral.
Feliz ano novo – e, do fundo do coração, espero que seja sim, um feliz e sempre melhor ano escolar a todos os alunos – com e sem deficiência. Porque a inclusão funciona em mão dupla, certo?
7 Comentários
Simone Gomes
24/01/2015 as 18:13Inclusão escolar…..difícil!!!Meu filho.tem 18 anos está no segundo ano do ensino médio,posso afirmar que foi uma luta,sem estrutura profissional e física das,escolas,a parte pedagógica fica totalmente desfasada,A impressão que tenho que a escola vai empurrando e não vêem a hora dele sair dá escola,menos um problema pra eles .E isso aluno de inclusão e.um problema para escola !!!!Triste
Mais realidade!!! Aos
Lilian Cristina Fernandes
11/02/2015 as 09:34Simone, infelizmente estamos pagando o preço da transição, mas tenho fé que estamos caminhando rumo ao mundo de muito mais igualdade e respeito.
Crispina Vargas
04/03/2015 as 22:03Simone,
Uno-me a ti nesta realidade> Infelizmente, minha filha, uma menina meiga, doce, de 10 anos, com defasagem no desenvolvimento global,sempre sofreu a exclusão na escola. é muito sensível, não suporta qualquer tipo de agressão, física ou moral, o que a abate muito psicologicamente. Já passou por várias escolas por causa da exclusão. As escolas fingem não perceberem o fato e não a ajudam, não cumprem a legislação, que determina que sejam oferecidos todos os meios para para que se efetive a inclusão do aluno.Ela é desatendida em sia inclusão escolar, além de ser rejeitada por seus colegas, que não a aceitam por suas diferenças. Isto está longe de ser inclusão.Moramos em uma cidade de uma mentalidade fechada, em que muitas leis não são cumpridas e nada é feito para que isto mude. não entendo o papel da justiça. As ações encaminhadas têm fundamento legal, são deferidas, mas não são executadas. Isto significa o baixo desenvolvimento desta sociedade em que vivemos.
Crispina vargas
05/03/2015 as 11:05Muito bom existirem pessoas que têm a visão deste lado obscuro e difícil da inclusão escolar. Passo com minha filha esta triste experiência, há anos. Por seus comprometimentos, ela torna-se uma criança imatura para sua idade, tem problemas de concentração, é lenta ao copiar, cansa rapidamente. Então a escola é um transtorno para ela. Os colegas a rejeitam por senti-la diferente, nem sempre os professores têm paciência com ela.Por isto preciso do contato constante com a escola, e a escola se sente incomodada com minha presença. Só busco a escola quando ocorre uma necessidade. Mas no final acabamos as duas, minha filha e eu, sendo hostilizadas pela direção e professora. Assim é muito difícil a escolaridade de minha filha. A escola deseja que eu não interfira, mesmo tendo o conhecimento da exclusão que minha filha vivencia. Para a escola este fato não é importante, avaliam que minha filha está muito bem integrada, quando, na realidade, ela não é aceita nem para brincar no recreio, nem para participar dos grupos em sala de aula. Isto a magoa muito, no ano passado ela quase perdeu o ano pelas faltas à aula por sentir-se rejeitada. Contraiu
manifestações psicossomáticas estomacais: vômitos, dores abdominais, irritação cutânea, ansiedade devido às dificuldades encontradas na escola. Precisamos de apoio para que nossos filhos especiais sejam amparados por algum órgão que fiscalize a prática na inclusão escolar, para que não ocorram tantos abusos, para que acriança e sua família não fiquem à mercê de pessoas que não compreendem a sua função de educadores e agem,muitas vezes, de forma pouco nobre, que faltam com a ética profissional que a educação da sociedade exige. Estou indignada com estas experi~encias que venho vivenciando com minha filha, a qual, por sua vulnerabilidade, é a maior prejudicada neste contexto caótico. O pior é que aqui em minha cidade, Bagé-RS, os órgão governamentais, aos quais já recorri, têm conhecimento destes absurdos e não tomaram até agora as medidas adequadas em proteção desta criança, minha filha, para assegurar-lhe seus direitos como criança especial. Faço aqui uma pelo a quem possa de alguma forma me ajudar nessa luta. Alguma ação em apoio a esta causa, que não é só de minha filha. Acredito que muitas outras famílias estão vivendo este mesmo drama, causado pelo abuso de autoridade, falta de ética e desrespeito aos direitos humanos, além do descumprimento da legislação que ampara a inclusão escolar. Desejo apenas que minha filha encontre na escola um ambiente acolhedor, afetivo, que a respeite em suas diferenças, e que lhe ofereça os meios adequados às suas necessidades especiais, onde sua família seja respeitada e também acolhida na participação de sua escolaridade, que é um direito garantido por lei.
Claudia Matarazzo
05/03/2015 as 13:37Simone e Crispina: fico extremamente tocada com relatos como esses – e sei por experiência d minha irmã que tem um filho com dificuldades motoras, que é assim mesmo. Acredito muito no trabalho da Mara junto ao Congresso e estou torcendo para que esta seja uma das leis que “pegam”nesse nosso país. Também tenho convicção de que devemos fazer um trabalho firme e paciente de formiguinha, não deixando o comodismo das escolas e dirigentes escolares prevalecer. Difícil, muito. Mas não desanimem. E sempre que tiverem algo a dizer – sintam esse espaço com seu e podem mandar sugestões e críticas também tá? Um grande grande abraço as duas com carinho
Eduardo Torto Meneghelli
16/08/2019 as 16:30Gostaria de conversar com você – sou pessoa com deficiência desde meu nascimento – hoje tenho 55 anos – mas no começo não fui aceito na escola – graças a persistência de minha mãe, um ano depois, ela havia me alfabetização em casa e a escola “teve que me inserir no seu meio” – hoje sou pedagogo, Mestre em educação – Palestrante Motivacional e na área da Inclusão. Quando tiver um tempo @eduardotorto instagram
Claudia Matarazzo
18/12/2019 as 10:22Nossa Eduardo por algum motivo só vi essa mensagem hora! Mil perdões. Vou entrar no seu Instagram e falamos por lá no privado. mas já te adianto que estou indo viajar e retorno as atividades no inicio de janeiro. Um ótimo Natal e ano novo para você e os seus e que 2020 venha melhor que esse ano que vai passando.
um beijo!