Hoje, a Gravidez (e a futura mãe) são completamente invadidos antes mesmo de ela se declarar grávida. O atropelo é tão grande que as pessoas nem mais percebem o que estão fazendo.
Antes do anúncio – o casal acabou de se casar, e já começam as infames e invasivas perguntas:
- E aí não se animam? – se animam a que, cara pálida? Estamos animadíssimos e você não tem nada com isso…
- O que estão esperando para encomendar o bebê? Que você fique quieto e não faça perguntas inconvenientes e que não lhe dizem respeito.
- Para quando estão planejando o primeiro filho? Para quando me der vontade e não interessa a ninguém…
As frases variam e muitas vezes não tem má intenção. Mas não passa pela cabeça de quem pergunta que a pessoa pode estar tentando engravidar, pode ter alguma dificuldade e está sensível ao tema – e uma série de outras variáveis que só a ela dizem respeito…
Depois de feito o anúncio– finalmente o casal, que é um casal mais na deles, não quis armar nenhum circo de “chá da revelação “ e simplesmente dá a notícia a todos. E as perguntas vão continuar com inconveniência redobrada:
- Já decidiram como vão fazer o parto? E seguem-se sugestões não pedidas…
- Já escolheu a maternidade? E dá-lhe mais palpites e recomendações.
- Já escolheu o nome? (Esse é triste… começam a sugerir o nome da avó na frente da dita cuja ou de sogras, idem, colocando o casal na maior saia justa.
- Vai cuidar sozinha ou contratar babá? Mas isso é assunto que interesse a quem?
– Já escolheu os padrinhos? (essa é complicada – só pior quando a pessoa se oferece para ser madrinha ou padrinho. E sim, você pode dizer que já escolheu outra pessoa e não deixar claro quem).
Assim que nasce – logo depois do alívio e alegria do bebê em casa vem a nova enxurrada de palpites e ninguém percebe que tudo o que o casal deseja é que os deixem em paz para se adaptar a nova rotina:
- Está amamentando direito? (o que quer dizer direito gente?!)
- O seu leite é forte? (tanto quanto minha vontade de te dar um croque na cabeça)
- Quando vai começar com a papinha? (mas se nem comecei a amamentar?)
- Porque é que ele ainda não está falando? (porque você não dá chance nem mesmo de eu falar)… e por aí vai…
É uma tremenda invasão e incomoda. Muito! Antigamente, depois de ter seus filhos, as mulheres faziam o resguardo por 40 dias: além de fazer bem para o bebê, dava-lhes um merecido período de privacidade em um momento em que esta é essencial. Hoje, é difícil entender que bastaria um pouco de sossego, envolvendo apenas do casal e a família com essa nova situação.
O resultado são mães e bebês muito mais estressados, com agendas lotadas de “eventos” e aulas antes de completar 6 meses. Pena mesmo – e um disparate.
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