E quem tem um filho com alguma deficiência ? – assumi a missão de visitar locais que organizam colônias de férias. E, de tudo o que analisei, como o local, ficha de inscrição, preços, acesso, quantidade de recreadores, atividades oferecidas e etc.. a que mais me surpreendeu foi não ver em nenhuma delas, a participação de crianças ou adolescentes com deficiência.
E o pior: muitas vezes não entendia o objetivo das atividades propostas! Era cada jogo sem pé nem cabeça, que fiquei até constrangida em estar ali observando… É gritante a falta de profissionais capazes de mediar tais atividades.
Por que as crianças com deficiência não estão envolvidas? – entendo que brincar, jogar, passear e divertir são necessidades básicas primordiais para o desenvolvimento pessoal e social do ser humano e por essa razão, devem ser asseguradas a todos. To-dos!
Lazer é direito – para entender melhor: pensar o lazer enquanto um direito social, presente na Constituição Brasileira de 1988, é pensar quais opções de lazer que a sociedade tem a oportunidade de usufruir, tanto no âmbito da iniciativa privada, quanto através das políticas públicas de lazer propostas pelos Governos.
Nota zero – todas as colônias que visitei em Vitória no Espírito Santo , onde moro, não tinham acessibilidade e as atividades aconteciam em lugares com escadas e outras barreiras.
Uma criança com deficiência visual, por exemplo, com certeza seria impedida de usufruir das sessões de filmes, que em todas, faziam parte do pacote.
Respeitar a lei – uma vez que as colônias de férias se enquadram, para a Receita Federal, na mesma categoria de hotéis e pousadas e também precisam de alvarás de funcionamento, licença dos bombeiros para funcionar – é de se supor que deveriam ter o mesmo tipo de acesso e fiscalização que esses estabelecimentos – ou não?!
Já conhecemos esse filme de terror- da liberação de alvarás sem respeitar os critérios de acessibilidade né?
Passo a passo – embora estejamos engatinhando no que se refere a Inclusão de crianças com deficiência em colônias de férias é preciso pensar nisso.
Meu objetivo é acender o debate e pensar sobre alguns fatos que podem nos ensinar como agir e melhorar diante de situações semelhantes a esta que acabo de relatar.
Invertendo os papéis -imagine seu filho de perna engessada durante todas as férias Dificílimo não? Agora imagine se, a colônia que ele está acostumado a ir estivesse preparada para essa e outras limitações de crianças, sendo possível acolher todo tipo de pequenos e jovens com variados graus de limitações. Um sossego não?
Fica a dica: ao visitar uma colônia de férias faça a sua parte: mesmo que não tenha ninguém com deficiência na família, pergunte, questione, sugira…
Só assim, sairemos mais rápido da zona puramente mercadológica e de conforto que nos distancia das inúmeras possibilidades, para outra: a do direito, que nos aproxima e nos auxilia na compreensão das diferenças.
Que possamos dar toda a atenção para novas experiências, para as potencialidades humanas, para as necessidades tanto individuais quanto coletivas e principalmente, aos pequenos gestos.
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