O arco íris no mundo e o direito a família no Brasil
A repercussão foi mundial e levou multidões a ilustrar suas fotos de perfil no Facebook com um filtro de arco-iris (eu mesma aderi a campanha).
A hashtag #lovehaswon (“o amor venceu”) se popularizou após o presidente Barack Obama a utilizar para comentar a decisão.
Mas, o que haverá para nós, brasileiros, no fim desse arco íris?
Muita gente não sabe, mas o Brasil deu um passo importantíssimo em maio de 2011, quando o Supremo Tribunal Federal garantiu o reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo, fazendo valer também a eles os direitos previstos para casais heteros.
Agora, em meio à onda que tomou conta das redes no mundo, a decisão do STF volta a ser discutida mas em um cenário pouco animador à comunidade brasileira LGBT.
Tudo isso por conta da tramitação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 6583/2013, denominado “Estatuto da Família”.
De autoria do Deputado Anderson Ferreira, integrante da bancada evangélica e relator do projeto conhecido como “cura gay”, o texto reconhece como família o núcleo formado apenas por casais héteros, garantindo a eles o monopólio da adoção e criação de filhos. Um grande retrocesso de direitos – tanto para a população gay quanto para o processo de adoção no Brasil.
Na Bélgica, por exemplo, após muitos anos da legalização da adoção por casais homossexuais, nada menos que a metade das crianças adotadas no país foram acolhidas por casais do mesmo sexo. Prova de que não há predileção da orientação sexual dos candidatos à adoção.
Afinal, o que se vê, entre outras coisas, são crianças que foram adotadas por casais gays depois de terem sido abandonadas e negligenciadas (muitas, inclusive, desprezadas por terem uma deficiência) justamente por aqueles que a legislação julgava aptos para educar e amar.
A orientação sexual não interfere no desenvolvimento das crianças. Filhos de mães e pais gays têm as mesmas possibilidades que crianças de pais heterossexuais.
Ser filho de homossexuais não é sentença para uma vida infeliz. Nem o contrário.
Isso porque não se trata do tipo de família em que ela cresce, mas da qualidade do vínculo que se forma. Não há regras, com exceção de afeto, carinho e respeito. E nenhum Estatuto pode intervir ou garantir o imensurável e único que residem nas relações de uma família.
E que o amor vença, mais uma vez….