1

Restaurantes: além do sabor e talheres

Seja em um encontro casual, um almoço de negócios ou um jantar comemorativo, a maneira como nos comportamos à mesa fala muito sobre quem somos. Saber como agir é importante, mas conhecer o que não fazer é fundamental para evitar gafes e garantir uma convivência harmoniosa com todos ao redor.

Fazer pedidos inadequados ao tipo de restaurante – antes de pedir para fazer  mudanças exageradas em pratos ou pedir substituições fora do cardápio, avalie o perfil da casa. Em restaurantes com propostas gastronômicas específicas, mudar os pratos é desrespeitoso com o chef e com o conceito do local. Além de sempre atrapalhar o serviço  da cozinha…

Tratar mal os profissionais – a forma como alguém trata garçons e atendentes é um reflexo direto de seu caráter. “Cliente tem sempre razão” é um conceito usado para treinar as equipes massss… na prática, jamais deve ser usado pelo próprio cliente de forma abusiva. Reclamar alto com o os atendentes é de uma grosseria ímpar. Por mais que você ache que tem razão. Ser educado, agradecer e manter um tom de voz gentil são atitudes que revelam respeito e empatia. Desprezar ou destratar quem está trabalhando é inaceitável.

Falar com a boca cheia ou fazer barulho ao comer – esse é um dos erros mais incômodos à mesa.  É desagradável e pode causar constrangimentos de modo que fique atento. Da mesma forma, evite ruídos ao mastigar ou ao tomar sopa. A discrição e o silêncio ao comer são sinais de boa educação.

Usar o celular o tempo todo – em ambientes sociais, o celular deve ter presença limitada. Evite colocá-lo sobre a mesa ou interromper conversas para checar mensagens. Estar presente é uma demonstração de respeito com os demais à mesa.

Falar alto ou rir exageradamente – moderação é uma das regras básicas de comportamento em ambientes públicos. Conversas em tom elevado, risadas estridentes ou demonstrações excessivas de emoção incomodam e invadem os demais clientes.

Talheres além do óbvio – para usá-los corretamente, evite segurá-los como se fossem ferramentas. A faca vai na mão direita, o garfo na esquerda. Mas preste atenção para não apontar com o talher na mão ou gesticular com eles enquanto fala. Também atente para os talheres de serviço: aqueles maiores, para que você se sirva das travessas para o seu prato.

Frequentar um restaurante envolve mais do que apreciar boa comida — é também exercitar o convívio social e a boa educação. Evitar gafes à mesa é uma forma de demonstrar respeito por si mesmo, pelos outros e pelo ambiente. E nesse ambiente, a elegância vai muito além de pratos e vinhos caros.




Sousplat e Lugar Americano: entenda a diferença!

Sousplat, jogo americano e toalha de tecido não estão ali só para enfeitar – eles têm um propósito claro e sua combinação segue tanto regras protocolares quanto estéticas. Em tempo: o sousplat é opcional – pois existe o lugar americano ou a toalha para vestir sua mesa e receber a porcelana.

Vamos dar uma olhada no papel de cada um e como eles podem ou não ser usados juntos.

Sousplat – é aquele prato grande que fica embaixo dos pratos principais. Ele ajuda a proteger a toalha ou o jogo americano de respingos e a delimitar o lugar de cada pessoa, além de deixar a mesa mais bonita.

Mas atenção: ele deve ficar na mesa até a sobremesa ser servida, momento em que é retirado. Os sousplats podem ser feitos de vários materiais, como porcelana, vidro, metal ou até palha e madeira, dependendo do estilo da mesa.

Lugar americano – é uma peça prática e versátil, que vai diretamente sobre a mesa e substitui a toalha. Vendido unitariamente, mas em geral é comprado em jogos de 4, 8 ou 12 lugares- daí o nome “Jogo americano”.

Ele pode ser retangular, redondo ou oval, e feito de materiais que vão desde o tecido até plástico, couro e bambu. É mais comum em ocasiões mais casuais e mesas modernas, e tem a vantagem ser trocado facilmente assim como lava- se com mais facilidade

Toalha de tecido – é mais clássica, mas não necessariamente mais formal. Ela cobre toda a mesa e ajuda a compor um visual refinado, além de proteger a superfície da mesa. A escolha do material da toalha – seja algodão, linho ou renda – também faz diferença na estética do evento. Um detalhe importante é que a toalha deve ter um bom caimento, com aproximadamente 30 cm de sobra em cada lado da mesa.

Agora, a pergunta que sempre surge: é possível usar esses itens juntos? Depende!

Eventos formais – a combinação mais comum é toalha + sousplat (ou mesmo apenas a toalha). Essa dupla garante um visual sofisticado e elegante.

Já a combinação toalha + jogo americano não é recomendada, pois ambos têm a mesma função portanto seria redundante.

Eventos mais descontraídos – é possível usar jogo americano + sousplat, mas aqui o cuidado é maior. O jogo americano precisa ser discreto para não brigar com o sousplat e criar um excesso de informação na mesa.

No fim, tudo depende do estilo da recepção e da proposta visual que você quer criar.

Mas evite a mistura de toalha e jogo americano para não acabar anulando a função de um deles. Assim, sua mesa fica bonita, prática e dentro das regras de etiqueta!




Champanhe, Espumante e Pro Secco

Champanhe é diferente de Pro Secco que é diferente de Espumante. Os dois primeiros são vinhos de diferentes regiões, fabricados de maneira diversa. Então não se compara.  E erra quem faz isso ou acredita que um é “inferior” ao outro…

Se você gosta de vinhos borbulhantes e é um amante de detalhes, veja aqui a diferença entre um e outro para entender melhor quando pedir e/ou comprar.

Onde são produzidos: para ser chamado de pro secco, o vinho dever ser produzido com 85% de uvas Glera, na região do Veneto e Friuli Veneza Giulia, na Italia.

Já o Champanhe, é produzido exclusivamente na região de Champagne, na França e tem a exclusividade do nome – é o único que pode ser chamado assim.

Método de fabricação – no caso do pro secco, depois de colhidas as uvas, elas são prensadas delicadamente, fermentadas (por cerca de 15 a 20 dias) e armazenado em cisternas com a temperatura controladas onde ficam em geral por até 3 meses até o envasamento em garrafas.

Já o champanhe, é produzido pelo método champenoise – ou clássico – onde a segunda fermentação ocorre já nas garrafas resultando em mais riqueza aromática por conta de um maior contato com as leveduras.

As uvas – diferem ligeiramente de um para outro vinho: para o pro secco são usadas em sua composição 85% da Glera podendo ter até 15% das:  Verdiso, Bianchetta Trevignana, Glera lungo, Pino Grigio, Pinot Noir, Chardonnay – separadamente ou em conjunto.

Para o Champagne são usadas a Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay.

Os espumantes – produzido com as uvas Chardonnay e Pinot Noir existem excelentes espumantes em vários países da Europa.

No Brasil, viraram uma febre – tanto pela qualidade com que conseguimos produzir aqui quanto pelo seu preço. Produzimos em maior escala no Sul do país e em Petrolina, cujo espumante Brut ganhou nada menos que 6 prêmios internacionais como o melhor do mundo…

Naturalmente existem categorias de preço e valor entre essas variedades de vinhos. No entanto, a título de curiosidade: o Pro Secco é o vinho mais vendido no mundo – o que diz muito de seu custo-benefício – enquanto que o Champagne é considerado o diamante dos vinhos, o que diz muito sobre sua qualidade.




Taças de Vinho: Evolução e História

As taças de vinho, como conhecemos hoje, passaram por séculos de evolução e refletem muito da história das civilizações que apreciavam essa bebida.

Na antiguidade, civilizações como os egípcios, gregos e romanos já usavam recipientes próprios para beber vinho. Na Grécia, por exemplo, eles usavam o “kylix”, uma taça mais rasa com alças laterais, muito usada em encontros sociais. Já os romanos, sempre preocupados com o status, adoravam usar taças feitas de vidro ou metal para mostrar sofisticação.

Durante a Idade Média, o design das taças era bem variado. As pessoas usavam desde cálices de metal até copos de madeira. Mas foi nesse período que os primeiros copos de vidro começaram a se popularizar, especialmente em Veneza, onde a arte de produzir vidro era uma tradição forte e respeitada.

Foi apenas séculos XV e XVI, em pleno Renascimento,  que as taças começaram a tomar uma forma mais parecida com a que conhecemos hoje. Veneza, com sua habilidade incrível na fabricação de vidro, ajudou a popularizar as taças entre as classes mais altas. Já no século XVII, a produção de vidro se espalhou por países como Inglaterra e França, e o design das taças foi ficando cada vez mais refinado, com a base, o corpo alongado e uma borda fina.

Nos séculos XVIII e XIX, elas continuaram a evoluir, ganhando novos formatos até mesmo diferenciando tipos de taças para cada tipo de vinho. Havia uma atenção maior aos detalhes dos sabores e aromas que cada formato de taça podia destacar.

No século XX, empresas como a Riedel, da Áustria, inovaram ao criar taças com formatos específicos para diferentes vinhos, criando a impressionante variedade de mais de 50 formatos, consolidando a ideia de que isso realmente influencia na degustação e paladar.

A taça de vinho que usamos hoje é o resultado de uma longa jornada histórica. Desde as versões mais simples da antiguidade até os sofisticados designs de cristal dos dias atuais, a taça de vinho vai além de simples recipiente – é um símbolo de cultura, bom gosto e apreciação da bebida.




Tavernas e estalagens: as ancestrais dos restaurante

Antes de se popularizarem como os conhecemos hoje, os restaurantes não eram lugares para comer fora e sim, estabelecimentos onde os viajantes poderiam dar água e alimento aos cavalos e, eventualmente passar a noite antes de seguir viagem. Eram as estalagens, rústicas e cm um canto reservado para as refeições – quase sempre comunitárias.

Esses estabelecimentos eram muito diferentes dos restaurantes modernos e certamente menos confortáveis, mas ainda assim, um ponto de encontro importante onde muitas informações podiam ser trocadas.

As mesas eram grandes e comunitárias, muitas vezes feitas de madeira robusta. O ambiente era simples e a iluminação vinha de velas ou lâmpadas a óleo, criava uma atmosfera meio intimista, mas bem longe do conforto que temos hoje. As tavernas eram conhecidas por serem lugares barulhentos, cheios de conversas animadas e, claro, com muita bebida rolando.

O cardápio tinha poucas opções: os pratos eram simples como ensopados, pães, carnes assadas e vegetais da estação. Nas tavernas, o foco não era exatamente a comida — as bebidas, principalmente a cerveja e o vinho, eram a estrela do show.

Já nas estalagens, que também ofereciam hospedagem, o cardápio podia ser um pouco mais variado, mas a comida ainda era rústica, feita com os ingredientes que estavam à mão, principalmente nas regiões rurais. E tanto tavernas quanto estalagens tinham uma clientela bem variada.

Viajantes e comerciantes: eram o destino preferido de quem estava viajando, seja para descansar ou se alimentar. Comerciantes, mensageiros e peregrinos faziam parte do público regular.

Habitantes locais e trabalhadores: tavernas eram super populares entre a população local e os trabalhadores. Era o lugar onde as pessoas se reuniam para uma refeição rápida e uma bebida, sem grandes cerimônias. A versão antiga dos pubs ingleses ou dos botequins por aqui…

Nobreza em viagem: Embora mais raramente, até os nobres frequentavam as estalagens (escolhiam as de maior prestígio) quando estavam na estrada. Nelas, podiam esperar um pouco mais de conforto e refeições mais refinadas.

As tavernas e estalagens reinaram por séculos, com registros desses estabelecimentos que remontam à Grécia e Roma antigas. Na Europa medieval, eles continuaram a ser os principais pontos de alimentação fora de casa até o século XVIII. Foi só com o surgimento dos primeiros restaurantes, especialmente em cidades como Paris, que o conceito de comer fora começou a ficar mais sofisticado, e as tavernas acabaram perdendo seu papel central.