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Quer Receber Bem? Simplifique

Sei que muita gente já faz isso no dia a dia, mas pelo que vejo na prática, a partir do momento em que abrem a casa, as pessoas se sentem na obrigação de exibir seu melhor. E até aí tudo bem.

Ocorre que, com um mercado que te mostra uma infinidade de itens que parecem sensacionais, não é fácil fazer uma triagem.

E, quando vamos ver, estamos com todos os espaços da casa ocupados com uma série de acessórios e “coleções” que raramente usamos – se é que o fazemos…

Ora, embora a beleza e decoração sejam importantes, circulação de sua casa e conforto no dia a dia também são. De modo que, fiz uma lista de uma série de coisas que muitos consideram indispensáveis para o momento de “abrir a casa” ou reunir amigos a mesa, mas que, na verdade em nada agregam e podem ser sumariamente dispensados. Veja só:

Vários jogos de pratos completos – não precisa ser tudo coordenado. Mas eles devem harmonizar entre si. Assim, se seu jogo de 12 hoje tem apenas 8, você pode misturar com outro liso em cores contrastantes ou complementares. O segredo é alternar de forma simétrica: os diferentes um em frente ao outro, ou nas pontas e assim por diante.

Receber Bem – Convidados para um jantar

Guardanapos coordenados com toalhas – e/ou lugar americanos… ocupam muito lugar e usamos pouco. Eleja cores lisas que contrastem com o que tem, um jogo de linho branco para ocasiões mais sóbrias e brinque com as cores.

Dica – conforme encontrar, compre e tenha sempre alguns pacotes de guardanapos de papel decorados: são lindos e compactos para guardar, e muuuuito práticos!

Espaço de Jantar – se tiver sala de jantar, otimize o espaço ajustando a mesa: em geral, uma redonda para 8 é melhor e mais usada do que uma retangular para 10 ou 12.

Se gostar de aventura, considere integrar o espaço da sala de jantar com a de estar: você ganha espaço para bancadas e bufê e sempre pode montar outras mesas menores – sem falar que a circulação aumenta consideravelmente.

Bandejas mega trabalhadas – algumas são lindas e super originais – mas difíceis de guardar e pesadas para usar na hora. Uma bandeja leve, lisa e que encaixe em alguma prateleira quando fora de uso é o ideal. Ninguém repara tanto na bandeja: o foco é o que está sendo servido.

Por falar em servir: nada contra anfitriões que cozinham e tem prazer em fazer isso para os amigos. Mas, se você não é desses/as, nem pisque: encomende tudo de fora, ajeite em suas travessas e esquente no forno (menos sujeira e trabalho) e seja muito feliz! Simples assim e sem o estresse de não saber se vai “ficar bom” ou não…

Poderia falar de várias maneiras de simplificar a vida, mas aqui quis focar quando abrimos a casa e saímos da nossa rotina para “fazer bonito”. Fria! Pense em fazer bonito no dia a dia e exercitar isso pois, uma vez incorporado aos hábitos da família, o “receber em casa” vai requerer esforço zero. E continuar bonito! Pense nisso!




Volta as aulas: como melhorar essa rotina

mae+filha+escola

Para escola e professores essa  é a hora de planejar e reorganizar projetos que tornem a aprendizagem mais interessante para alunos tão antenados como os de hoje.

Assim é a escola: um espaço de socialização fundamental para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional de nossos filhos.

Lá aprendem e aprimoram – a partir dos conteúdos curriculares – três competências básicas e fundamentais: leitura, escrita e cálculo.

À medida que crescem e avançam, tais competências tornam-se mais sofisticadas e abrem-se para o conhecimento do mundo ampliando o horizonte de compreensão daquilo que os rodeia.

Longa tarefa – eis a questão. E difícil. Em tempos imediatismo (tudo é para ontem) e baixa resistência à frustração, muitos de nossos alunos resistem aos deveres de casa, ficam paralisados frente a um texto mais longo e desistem na primeira conta que erram.

Aprender demanda: esforço, tempo e paciência. Isso, a imensa maioria de nossos jovens tem de sobra. Só precisam aprender a usar a seu favor  e, neste quesito, a família é fundamental.

Espaço não é cantinho: sempre que possível, organizem um espaço próprio para o estudo. A cama não é o melhor lugar para fazer dever de casa e estudar pois o resultado acaba sendo um sono profundo.

A hora do jantar é um momento interessante para conversar sobre o que aconteceu na escola durante o dia. Esse diálogo é importante para que os filhos percebam o quanto os pais valorizam a vida escolar.

Ajudem os menores a organizar as mochilas. E aproveitem para conversar sobre a expectativa do dia seguinte, do que gostam ou não gostam na escola.

Cobrem os deveres de casa. A atividade desenvolvida em casa corresponde à parcela fundamental do processo de aprendizado.

E duvidem se eles disserem que “não tem nada pra fazer!” Organizar os cadernos, reler o que foi trabalhado em sala de aula, refazer exercícios também é dever de casa. Não precisa estar escrito na agenda.

E finalmente, evitem falar mal da escola e dos professores na frente deles. Se tiverem dúvidas ou críticas a fazer, o ideal é procurar a escola diretamente e resolver o problema. Família e escolas são parceiros no desenvolvimento dos alunos.

E sejam todos bem vindos à escola!

Por: Maura Marzocchi, pedagoga, mestre em educação pela PUC -Rio e professora há 30 anos com foco em inovação pedagógica.

Numa quadra de uma escola, uma professora dá uma aula de libras , para muitos alunos (crianças entre 8 a 12 anos), todos usando bermudas jeans azul ou calça jeans e na imagem estão de cosas.




Selfie esfria

Que todo mundo anda com muita pressa não há dúvida.

O problema é quando essa mesma galera que não aceita esperar, ao receber o prato à mesa, começa a fotografar e postar sem parar.

Aí, é um tal de clicar e compartilhar que, de repente, o prato esfria e ninguém comeu ainda. Só quando finalmente todo mundo já curtiu, comentou e compartilhou é que começa a degustação.

Que, é feita às pressas, sem sentir o paladar que, aquela altura, já ficou prejudicado de verdade.

Eu, hein?! Sou descendente de italianos: ninguém vai me convencer que é melhor comer algo quase frio e postar sua imagem trocando o prazer de esperar uma receita caprichada e jogar conversa fora, aperitivando com os amigos. Expandindo ao máximo o privilégio daquele encontro …

Pense nisso: por mais linda que seja a foto, não dá para saborear e nem sentir seu aroma – que, depois de 15 minutos agonizando sob flashes, corre o risco de desaparecer. Foto aceita retoque, o ponto certo do paladar, não.




Em Desconstrução

Sim, dá medo! Mas se jogue! É extremamente estimulante. Como um banho de cachoeira…

Preconceito e rótulos podem ser tão nefastos quanto é benéfica sua desconstrução.

Criam barreiras, mágoas e cicatrizes. Travam o dia a dia e a vida, muitas vezes, sem que se perceba. Outras, criando verdadeiros buracos negros na alma.

Rótulos não nos definem – mas aprisionam. Assim como o preconceito, divide e em nada agrega. Sem falar que limita a visão e entendimento da vida – sem seu sentido mais prosaico até o de maior magnitude.

Olhar além do rótulo é um exercício saudável, rico e que melhora o mundo de fato. Sei disso pois desde muito cedo aprendi a questionar os rótulos e fugir deles.

Eu própria, criança não me enquadrava nos rótulos da casa: era a morena, magra e rebelde – caçula de dois irmãos gorduchos loirinhos e tranquilos. Queria pintar meu quarto de preto (para horror de minha mãe que, quando percebeu que era uma simples preferência de cor achou graça e contou pra toda família). Fosse hoje talvez tivesse me colocado na terapia…

Anos depois fui fazer jornalismo e cantava em shows – para igual espanto da família, cuja única cantora foi a agregada e Divina Maysa.  Apesar da aparente rebeldia, me adequava razoavelmente bem ao “sistema” – e olha que o sistema dos anos 60/ 70 era meio barra pesada para quem, como eu, tentava enxergar além do que se me era apresentado. Mas nunca me conformei com nenhum rótulo.

Acho a maior graça do mundo quando vejo que, pelo meu trabalho ligado ao comportamento, esperam de mim uma múmia engessada em regras. Ainda bem que, ao vivo, as pessoas conseguem fazer uma leitura rápida de minha alma e percebem que não é em assim…

Hoje vivemos o apogeu dos rótulos e do preconceito. E me horroriza observar uma juventude apática, cuja maior aspiração é ser igual a alguém que é igualzinho aquele jovem em questão.

Com o mundo resumido a fotos e likes, temos que ser rapidamente decodificados através de imagens e palavras que o burro algoritmo reconheça.

Não é assim que a banda toca, mas o algoritmo não entende de música. Nem de sentimentos ou de felicidade. Apenas de likes, que, como sabemos podem trazer uma imensa angústia.

Já, a desconstrução de preconceitos passa pelo autoconhecimento (e análise) sincero e corajoso. Não é fácil, mas, como qualquer prática, melhora muito com o tempo. Liberta, traz revelações e descobertas. Enriquece. Entre o preto e branco há muitos tons de cinza. Saindo do clichê: entre a direita e a esquerda há muitas curvas no caminho com diferentes paisagens. Quem falou que temos que nos limitar e viver em burras dicotomias? Sacudamos a poeira e vamos desconstruir!




Agora o Luxo é Pop

Em primeiro plano da foto está uma caneca de café em ágata branca com um coador de pano individual em uma armação de arame. Sobre o coador um bule verte água fumegante e percebe-se embaixo do coador o café saindo igualmente fumegante. Ao fundopercebe-se um ambiente de cozinha com utensílios para cozinhar pendurados em uma prateleira de madeira.

Passamos as últimas décadas ouvindo falar de Luxo e mercado do luxo. Grifes de luxo, carros de luxo, experiências do luxo e até mesmo cursos de luxo .

Deu-se o inevitável: o bolso das pessoas aguentou, o mercado saturou, nossa tolerância para conviver com uma propaganda enganosa e frustrante idem.

Aos poucos o mundo está percebendo que luxo mesmo é o que nos faz feliz: porém feliz alma adentro e sentidos afora.

E não o infrutífero correr atrás de grifes e marcas apenas porque o comercial na TV ou das Redes Virtuais assim o define.

No dia a dia já observamos várias manifestações desse novo luxo mais simples e menos ostensivo.

Food trucks – é também uma resposta democrática a tanta frescura que começou a acabar com o prazer de se comer em bons restaurantes.

Nos food trucks além de boa comida a preços melhores, as pessoas reaprendem a partilhar um espaço comum para comer, beber, interagir com vizinhos de banqueta ou mesinha – e redescobrem certas dimensões perdidas desse luxo cotidiano que é saborear a refeição de cada dia.

Café coado – as máquinas e sachês começaram a custar o equivalente a uma moto (as máquinas) e um bom livro ou DVD (a caixinha de sachês).

Não deu outra: agora que temos uma variedade in-crí-vel de grãos moídos, torrados e misturados das maneiras mais diversas, as super máquinas de expresso foram substituídas por um bonito bule com água fervendo, que se derrama vagarosamente sobre um coadorzinho individual de pano…

O ritual, demora sim e é um prazer ver a água assentando e absorvendo o pó até leva-lo coador abaixo, já como líquido escuro e aromático.

Cozinhar em turma – se antes o bacana era sair para comer fora, hoje há uma tendência a convidar amigos para cozinhar juntos e saborear uma refeição previamente combinada em casa.

O luxo deixou de ser o nome do chef ou do restaurante – e sim, a sensação de que podemos e conseguimos fazer nosso alimento desde o início – com direito a uma horta caseira – até o momento de apresentar a mesa lindo e fumegante um prato que nos satisfaça o paladar, nos envolva e, de quebra ainda possamos compartilhar com quem amamos .

Ok, meu lado italiano falou mais alto: mencionei só as coisas ligadas a gastronomia e agora não tenho espaço para o resto.

A lista desses luxos democráticos é grande mas, por ora, me contento e partilhar com vocês a noção de que, aos poucos vamos nos libertando dessa prisão sem chaves , dourada e brilhante que muitos desavisados entendiam como Luxo.