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Corpo Perfeito: Padrões de Beleza conforme a cultura

Se, em alguns períodos, a plenitude das formas era sinônimo de status e saúde, em outros, a magreza tornou-se a chave para a elegância e sofisticação. Essa oscilação reflete não apenas mudanças estéticas, mas também profundas transformações sociais.

Beleza na Antiguidade – o ideal de beleza estava fortemente associado ao equilíbrio e à proporção. No Egito, figuras femininas eram representadas com corpos esguios e delicados, enquanto na Grécia, a valorização da harmonia levou à exaltação de corpos atléticos para os homens e formas levemente arredondadas para as mulheres, como uma demonstração de fertilidade e feminilidade. Roma manteve essa tendência, favorecendo corpos bem proporcionados, sem grandes excessos nem escassez de formas.

Idade Média – os ideais físicos passaram a se submeter às convenções religiosas. A beleza feminina estava ligada à maternidade e à pureza, e a vestimenta tinha o propósito de ocultar mais do que destacar a silhueta. A robustez era vista como um indicativo de saúde, especialmente em tempos de crises e epidemias, enquanto a magreza extrema poderia ser associada à fragilidade e à doença.

Renascimento e novos conceitos– começa uma nova apreciação pelo corpo humano. As formas femininas tornaram-se mais generosas, celebrando curvas naturais e volumosas. Obras de artistas como Botticelli e Rubens imortalizaram esse padrão de beleza, onde o excesso de peso não era um problema, mas um símbolo de prosperidade e fertilidade. Esse culto ao corpo farto se manteve durante o Barroco, embora com a introdução do espartilho, que começou a delimitar um ideal mais estruturado de feminilidade, com quadris largos e cintura fina.

Ideal do corpo na era moderna – O século XX foi um divisor de águas na percepção da estética corporal. A obsessão pela cintura diminuta levou à  popularização do espartilho, que moldava a silhueta, muitas vezes causando deformações físicas. Ser magra tornou-se sinônimo de refinamento, um conceito reforçado pelas elites europeias. Para os homens, ternos ajustados e cortes bem estruturados transmitiam poder e elegância, fazendo com que a magreza também passasse a ser valorizada entre eles.

Nos anos 1920, Coco Chanel libertou as mulheres do espartilho e popularizou uma silhueta mais reta e solta, favorecendo corpos esguios e andróginos. A década de 1950, no entanto, trouxe um breve retorno às curvas, imortalizadas por estrelas como Marilyn Monroe e Brigitte Bardot.

Revolução dos costumes – a partir dos anos 1960 coincidindo com o movimento hippie pelo mundo a magreza extrema começou a dominar a moda, impulsionada por modelos como Twiggy, cujas feições delicadas e corpo esbelto lançaram uma nova era de padrões impossíveis de alcançar.

Nas décadas seguintes, a cultura das supermodelos consolidou esse padrão. Nomes como Naomi Campbell e Cindy Crawford reforçaram a ideia de que a mulher ideal deveria ser alta, magra e tonificada. O culto à magreza atingiu seu ápice nos anos 1990 e 2000, quando a magreza excessiva passou a ser praticamente uma exigência da indústria da moda, eliminando a diversidade de formas do imaginário coletivo e consolidando a ideia de que ser baixa e curvilínea significava estar fora dos padrões de elegância.

Mulheres reais – Hoje, há um esforço para quebrar esses paradigmas. O movimento “body positive” e a crescente aceitação da diversidade corporal vêm desafiando a ditadura da magreza. Embora modelos plus size e corpos mais diversos tenham conquistado espaço na moda e na mídia, a pressão pelo corpo perfeito ainda persiste, agora sob novas roupagens, como a busca pela “saúde” e pelo “fitness” ideal.

Ao longo da história, a moda não apenas refletiu os padrões de beleza, mas também os impôs. Se antes a forma física se adequava às roupas, hoje são as roupas que deveriam se adaptar às diversas formas de corpos. A grande questão que fica é: estamos realmente caminhando para uma era de inclusão genuína ou apenas reformulando antigos padrões sob novas perspectivas?




Muito além do sucesso na moda e acessórios

Nos últimos anos, diversas mulheres têm se destacado nesse segmento, promovendo transformações significativas e inspirando milhões de pessoas e criadores ao redor do mundo. Conheça algumas das personalidades mais influentes atualmente:

Rihanna – cantora e empresária caribenha revolucionou a indústria da beleza com a Fenty Beauty, marca lançada em 2017 que inovou ao oferecer uma ampla gama de tons de base, promovendo diversidade e inclusão. Além disso, com sua linha de moda de luxo Fenty (Maison), em parceria com o grupo LVMH, tornou-se a primeira mulher negra a liderar uma marca dentro do conglomerado.

Ashley Graham – modelo plus size das mais influentes, desafia os padrões tradicionais de beleza e promove a autoaceitação. Sua presença em capas de revistas e campanhas publicitárias abriu espaço para uma maior representatividade na moda.

Winnie Harlow – modelo canadense com vitiligo, é uma voz poderosa na promoção da diversidade na indústria fashion. Participando de grandes desfiles e campanhas de renome, ela prova que a beleza está na singularidade de cada pessoa.

Stella McCartney – estilista reconhecida por suas práticas sustentáveis, se recusa a utilizar couro, peles ou penas naturais em suas coleções. Sua marca é um símbolo da moda consciente e do compromisso com o meio ambiente.

Beyoncé – dona da marca Ivy Park, em parceria com a Adidas, une moda e empoderamento feminino. Ela também usa sua influência para destacar designers negros e valorizar a cultura afro-americana no mundo fashion.

Delphine Arnault – vice-presidente executiva da Louis Vuitton, desempenha um papel estratégico na liderança da marca e promove novos talentos por meio do LVMH Prize.

Sônia Hess de Souza – sob sua liderança, a Dudalina se tornou uma das maiores fabricantes de camisaria da América Latina. Sua trajetória inspiradora é um exemplo de sucesso no empreendedorismo feminino.

Sophia Amoruso – criadora da marca Nasty Gal e autora do best-seller “GirlBoss”, se tornou um ícone do empreendedorismo digital e da moda acessível.

Julia Petit – pioneira no conteúdo digital sobre moda e beleza no Brasil, Julia Petit transformou seu blog “Petiscos” em uma referência, além de colaborar com grandes marcas de maquiagem.

Patrícia Bonaldi – fundadora da PatBO, marca de alta costura que valoriza o bordado artesanal brasileiro.

Essas são apenas algumas das mulheres que escolheram o caminho mais honroso. Explico: não são apenas empresárias de valor – elas, além de definir tendências também utilizam sua influência para promover inclusão, diversidade e sustentabilidade na indústria da moda e beleza. Seu impacto tem o poder de moldar o futuro do setor e a inspirar novas gerações de profissionais e consumidores.




Desvendando e usando Marrom

Roberto Carlos que me desculpe, mas desde que soube que o marrom e os tons terrosos seriam a grande pedida na temporada de moda de 2025, comecei a pensar nas mais diferentes maneiras de aproveitar ao máximo a tendência.

É claro que todo ano, a cada nova tonalidade que desponta como favorita todos começam a dizer que é um curinga, que veio para ficar etc. No caso dos terrosos, o seu poder consiste em evocar a terra, a vida natural e a natureza. Beleza.

Mas é mais que isso: taí uma cor que pode ser ao mesmo tempo intensa e elegante, suave e evocadora e, sim, muito versátil também. Duvida?

Veja quantas combinações podem ser feitas  com ele – e em cada uma mudando o clima e proposta da produção…

Marrom com rosa – super feminino sem perder a força. Com rosa choque cria um visual mais moderno e com rosa suave, é um clássico quase romântico…

Marrom com amarelo – vibrante, o contraste acaba iluminando o conjunto. E também funciona com todos os tons de amarelo: do gema forte ao clarinho.

Marrom com coral – audácia pura… e fica lindo. Ruivas podem usar o coral na parte de baixo e arrasar contrastando seus cabelos com a intensidade café do marrom. Loiras idem. Morenas, orientais e negras podem inverter e usar o coral perto do rosto valorizando ainda mais suas cores.

Marrom com verde-água –  combinação campeã! Uma das minhas preferidas pelo frescor elegante que reflete sem perder a classe. Com verde escuro vibrante evoca o Mestre Saint Laurent – e fica sensacional.

Marrom com branco –  não tem erro: o branco fica lindo: seja na parte de baixo (calça comprida, pantalona ou mesmo saia) ou perto do rosto.

Marrom com dourado ou prateado – com prateado fica lindo (e mais discreto). Com dourado ilumina mais e emana poder sem medo de ser feliz. Pode usar com acessórios ou mesmo com outra peça prata ou dourada – aí depende do horário e ocasião…

Ok, nem tudo com marrom fica lindo: com cinza não funciona e evite usar  com bege: além de ser uma combinação  óbvia, nenhum  dos tons agrega nada ao outro…




Para entender a Moda

Entender sobre moda é essencial para a compreensão da nossa identidade e para aprender a refletir ao mundo uma imagem coerente com nosso temperamento e desejos.

A base para isso é perceber que o sempre vestuário evoluiu para atender às necessidades de cada tempo e ao estilo de vida da época.

Início dos anos 1900 – as mulheres usavam espartilhos para criar a “silhueta de S”, com vestidos volumosos e adornados. Os homens optavam por ternos de três peças, chapéus e bengalas.

Com a Primeira Guerra Mundial, o vestuário tornou-se mais prático: os vestidos femininos ganharam cortes mais fluidos e os espartilhos começaram a desaparecer. Já os homens incorporaram a estética militar ao seu dia a dia.

Anos 20 – trouxeram mudanças drásticas. As mulheres adotaram o estilo flapper, com vestidos curtos e silhueta reta, enquanto os homens apostaram em ternos ajustados e chapéus fedora.

Anos 30 – o glamour voltou com vestidos de noite sofisticados com tecidos elaborados e bordados e ternos de alfaiataria refinados.

Anos 40 – a Segunda Guerra Mundial acontecia e novamente a escassez tornou a moda mais funcional, refletindo o racionamento de tecidos.

Anos 50 – a celebração da paz, deu-se através da exuberância da feminilidade e elegância, com saias rodadas e o “New Look” de Dior, enquanto os homens mantinham a formalidade dos ternos.

Anos 60 – a revolução cultural incentivou a adoção de minissaias, vestidos geométricos e ternos ajustados inspirados na moda britânica que espalhou o look por todo o planeta.

Anos 70 – influenciada pelo movimento hippie e pela era disco, as calças boca de sino ganharam força, tecidos brilhantes e cortes mais descontraídos para os homens. Foi a era do exagero: ternos coloridos, lapelas imensas, cortes descontruídos para os homens. Para as mulheres vaia quase tudo: muito brilho – das meias a maquiagem – de dia ou `a noite e cabelos volumosos e trabalhados em cortes assimétricos

Anos 80 – ombreiras largas, cores vibrantes e tecidos chamativos marcaram a moda feminina, enquanto os homens apostaram em ternos largos e jaquetas de couro.

Anos 90 – as cores, e cortes exagerados começaram a cansar. Trouxeram minimalismo conforto e casualidade, com jeans de cintura baixa, camisetas simples e o estilo grunge em alta.

Anos 2000 – a moda se tornou mais diversificada, sustentável e personalizada. O crescimento da moda rápida trouxe tendências passageiras, enquanto tecidos tecnológicos e estilos híbridos se tornaram comuns. Conforto e sustentabilidade são palavras-chave.

Hoje, a mistura entre o casual e o formal, o conforto e a inovação refletem a liberdade de expressão e a adaptação às novas necessidades do mundo moderno.

A moda acompanha as transformações sociais e culturais, sendo uma poderosa forma de comunicação e identidade ao longo da história.

Use essa ferramenta a seu favor: acompanhar e interpretar a moda é um exercício lúdico que resulta em autoconhecimento e um visual harmônico e coerente com a imagem que você quer refletir.




Christian Dior: O Gênio por Trás do “New Look”

O estilista francês revolucionou a moda em 1947 com o icônico “New Look”, um estilo que marcou a retomada da feminilidade exuberante após a Segunda Guerra Mundial. Com cinturas marcadas, saias volumosas e tecidos luxuosos, Dior trouxe de volta o glamour, afastando-se da austeridade da época. Seu impacto foi imediato, redefinindo o papel da mulher na sociedade e consolidando Paris como a capital mundial da alta-costura.

A Revolução do New Look – foi mais do que uma inovação estética; tornou-se um marco na história da moda. Elementos como cinturas ajustadas e saias rodadas já haviam surgido antes, mas Dior os reinterpretou com sofisticação e ousadia. Ele ousou nos volumes, nos tecidos luxuosos e nos detalhes brilhantes, transmitindo fartura e otimismo – essenciais para um período de reconstrução global.

A aceitação estrondosa – a mídia da época transformou Dior em um ícone, ofuscando figuras como Madeleine Vionnet e Elsa Schiaparelli. Seu sucesso não veio apenas da visão artística, mas também de uma estratégia para revitalizar a moda e restaurar o prestígio da alta-costura francesa, enfraquecida pelos anos de guerra.

Seu Legado e a Moda Atual – Dior não apenas redefiniu a moda dos anos 1950, mas também deixou um legado que influencia designers contemporâneos. Sua casa de moda, liderada por nomes como Yves Saint Laurent e John Galliano, continua reinterpretando sua estética de maneira moderna. Hoje, a busca pelo equilíbrio entre feminilidade e empoderamento reflete o DNA da marca com um olhar atualizado.

A opulência e o glamour do “New Look” ainda encontram espaço na moda atual. Designers continuam a se inspirar no estilo de Dior, adaptando-o às demandas modernas, onde luxo e sustentabilidade coexistem.

O impacto de Christian Dior transcende décadas, provando que sua visão não foi apenas um reflexo de seu tempo, mas uma revolução que continua a inspirar a moda global. O “New Look” nasceu para um mundo pós-guerra, mas sua essência permanece viva nas passarelas e no street style contemporâneo.