Ano novo merece sempre uma reflexão e sugiro também “ressignificar” algumas palavras que estão a se perder no mar de modismos e exagero, literalmente “consumidas” de acordo com o mercado ou a vontade do freguês…
Luxo – até pouco tempo associado a riqueza, hoje não é mais assim. O novo luxo pode consistir em liberdade e mobilidade. Independência de horários, morar e viver de maneira sustentável, privacidade absoluta garantida …
Como se vê, coisas que o dinheiro não necessariamente compra. O luxo hoje é muito mais democrático: seu acesso não é mais limitado a pouquíssimos privilegiados – mas aos muitos que entenderem que o prazer de desfrutar determinados luxos, pode ser alcançado através de escolhas bem feitas e uma vida disciplinada, com foco nessa construção e busca.
Requinte – o requinte é a cereja do bolo de pequenas e grandes experiências estéticas e existenciais. Novamente, não se deve associar a detalhes complicados e produtos caros – e sim ao aperfeiçoamento de determinada ação, objeto ou obra.
É como melhorar algo que já está muito bom com inesperadas e bem vindas qualidades. É possível ser requintado, assim como podemos acrescentar requinte a um jardim, a roupa que escolhemos ou o sabor de um prato.
E, novamente, o sucesso disso depende mais do impacto causado por inesperadas sensações de prazer estético ou sensorial do que o montante gasto para alcançar esse efeito.
É o caso de uma refeição ao ar livre sentindo a brisa do mar ou apreciar a a decoração simples e perfumada de um centro de mesa com limões e maçãs verdes e vermelhas…
Rico/riqueza – o consumo e a riqueza material chegaram a um dos seus ápices em seu ultimo ciclo nas décadas de 90 e 2000 – trazendo uma ostentação opressiva, tanto na moda quanto no comportamento – indo além da vida social, contagiando até mesmo as relações profissionais .
Os excessos em mega festas eram acompanhados por todo tipo de ostentação comportamental – era preciso mostrar muita riqueza e dinheiro: o sucesso e aceitação, mais do que nunca, passou a ser praticamente apenas a conta bancária.
Aos poucos essa onda está recrudescendo – há uma nova consciência de que a riqueza vai além disso e que é essencial ter qualidade de vida, serenidade, bem estar. Senão riqueza nenhuma dá conta.
Elegância – de palavras, de ações, de visual, de estilo de vida… para mim, sempre passa por discrição e privacidade – mas esses são conceitos em extinção hoje, embora ainda essenciais para alcançar um bem estar mais duradouro. Pense nisso. Costanza Pascolato, aqui na foto, é uma das maiores nesse quesito…
Simples – o que antes era considerado “pobre” hoje é o oposto: alcançar e cultivar a simplicidade deveria ser fácil, mas com tanta conexão, comparação e exposição, ficou difícil. É que simplicidade está na coerência de enxergar (e seguir) a linha interna e direta que rodeia nossa mente, alma e coração. Que costura desejos, temperamento, prazer e… respeito, pelo outro e por nós mesmos. Exercício que, na mesma medida que exige, gratifica. Pode conferir!
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