Recentemente uma repórter sem noção me mandou um questionário de 20 perguntas às 23h e ainda pediu que respondesse até o final da manhã seguinte….
Pois é: as novas gerações, acham que tudo se resolve teclando a distância. E incorrem em uma falta de educação que beira a grosseria!
Com a Internet ficou muito mais fácil – não ficou. Pois toda essa tecnologia acaba funcionando como uma barreira entre o seu entrevistado e você.
São poucos, raríssimos mesmo, os jovens hoje que sabem fazer uma entrevista como se deve. Quer apostar?
Porque tanta pressa?– de uma tacada só, você recebe um email onde o/a repórter se apresenta, diz que quer fazer uma entrevista com você e já manda, no próprio corpo do email as perguntas – nunca menos de 10.
Ele também aproveita e diz que o prazo está curto e que você precisa responder – meio que para ontem , porque sabe, ele é muito ocupado e não deu pra avisar antes…
Eu heim cara pálida? Alguém acha que vai conseguir sensibilizar gente como Barack Obama ou Hillary Clinton através de um email apressando-os para responder?
Esses repórteres não percebem que pedem para que interrompa o que quer que seja que estou fazendo no momento para digitar por eles uma matéria que vão assinar – e pela qual vão receber – e eu vou ter que me virar nos trinta para cumprir meu prazo.
Reclamo sim da falta de forma. Pois até para isso há um protocolo veja só:
Primeiro contato – mande um email se apresente e pergunte quando e como prefere fazer a tal entrevista. Se for o caso até diga o prazo mas jamais – repito – jamais – mande uma batelada de perguntas junto achando que vai ganhar tempo.
Segundo contato – dependendo da resposta, siga a orientação: ligue no horário marcado, ou chegue para conversar ao vivo – sempre rigorosamente no horário. Lembre que foi você quem pediu para falar com o entrevistado e não o contrário
Se a pessoa em questão preferir ser entrevistada por email, você, prevendo isso, deve sempre ter uma margem de segurança de tempo – para que ela tenha tempo de responder com calma. E por margem de tempo estamos falando de dias e não de horas .
Finalmente, se o sujeito não dominar a arte de arrancar do outro o que há de mais interessante, lindo, vibrante ou horrendo – sua matéria, retrato ou reportagem está fadada a mais completa e abominável indiferença.
E, a distância, quais as chances realmente captar a essência do que realmente vale a pena ser lido?
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