SOU MAIS A HEBE

 

 

 

Com essa frase, meu saudoso amigo Moacyr Machado, resumia seu pensamento sobre como administrar a passagem do tempo.

Ele sabia das coisas e, sempre que posso, tento explicar essa imagem: amadurecer como antiguidade não tem nada a ver com nascer com dinheiro, ou usar grifes e sim com alegria de viver, sintonia com o momento em que se está e gostar de si próprio.

Isso explica porque há pessoas que, aos 80 anos são disputadas (e convidadas) por turmas mais jovens enquanto que outras, antes mesmo de completar 60 anos tornam-se amargas, ranzinzas e acabam esquecidas até pelos amigos.

Hebe Camargo ou Brigitte Bardot? a eterna Rainha Hebe Camargo é o melhor exemplo do que estou falando: nasceu pobre e nunca foi linda. Mas superou todas as adversidades e amava a vida de tal forma que a desfrutou plenamente, mesmo doente, e, onde quer que fosse sua risada e bom humor – sem falar nos brilhantes e no dourado loiríssimo de seus cabelos – ofuscavam qualquer energia ruim.

Brigitte Bardot – nasceu linda, tornou-se uma das maiores musas do cinema nos anos 50/60, mas alguma coisa desandou: hoje, reclusa e encarquilhada só se manifesta para esbravejar passando uma imagem anos luz distante da Diva coquette que um dia foi. Entre os que a conheceram jovem e sensual não há quem não se espante com sua transformação.

Hebe foi até o fim uma pessoa preciosa, uma antiguidade rara. Já Brigitte, como tantas outras, não segurou a peteca e hoje está mais para a temida tranqueira – incapaz de passear com graça pela própria existência.