Ora, aqui se produz sim vinhos de boa qualidade. E não apenas no Sul do país como estamos acostumados a pensar.
Há alguns anos atrás, aprendi isso literalmente no susto e de forma inequívoca. Foi assim: como Chefe do Cerimonial do Governo do Estado de São Paulo, estava as voltas com um almoço de aproximadamente 40 pessoas em homenagem ao Primeiro Ministro Shimon Peres de Israel.
Além dele, e do então Governador José Serra, compareceriam 40 convidados da nossa numerosa colônia judaica escolhidos a dedo.
Enquanto finalizava os detalhes da mesa e marcava os lugares fui informada que o Governador recém retornado de Lagoa Grande, dera ordens expressas que fosse servido o ‘Paralelo 8’, um vinho fabricado lá.
Estranhei. Primeiro porque conhecia a preferência do Governador por vinhos chilenos em razão de ter vivido no Chile. Mas, porque não sabia que Lagoa Grande no nordeste do Brasil, produzia vinho – muito menos com a qualidade que aqueles convivas estavam acostumados a tomar.
Puro preconceito. Mas, como no momento estava mais preocupada com a segurança israelense – famosa por ser implacável e detalhista – deixei pra pensar no detalhe do vinho depois.
Já a mesa, antes que o garçom servisse as taças para o brinde oficial frente as câmeras, fui novamente acometida por dúvidas: que vinho era aquele? E se fosse daqueles que “ não viaja bem” e de Lagoa Grande para são Paulo tivesse sofrido com as diferenças térmicas? E se? E se!?
Céus!
Para tirar a dúvida resolvi experimentar Ao primeiro gole – deliciosa surpresa! Não apenas desceu suavemente, como depois dos míseros dois goles servidos para provar, a vontade era de sentar para desfrutar a taça até o fim.
O que naturalmente era impossível uma vez que as duas autoridades aguardavam o vinho para o brinde. O vinho “Paralelo 8″ foi um sucesso: tema da conversa entre o governador e o convidado, que ficou encantado por saber que a Vitivinícola Santa Maria, no Vale do São Francisco, é a única a produzir vinhos de qualidade internacional na latitude 8º Sul. (Daí o nome desse vinho) .
Não apenas isso mas, todas as áreas de produção estão equipadas com um moderno sistema de fertilização e de irrigação que torna possível obter produção durante todo o ano, ou seja: cada videira produz duas a três vezes ao ano – fato único no mundo inteiro.
Terminado o almoço, quando todos felizes se levantaram para ir embora, a energia elétrica acabou – impossibilitando assim que a comitiva embarcasse no elevador.
Pesadelo! Negociamos mais um tempinho com a segurança, pedi ao Governador Serra que esticasse o papo mais para não passar pelo vexame de ter que explicar tudo – e rezei.
Acredito nos anjos do Cerimonial: em menos de 10 minutos a energia elétrica voltou e pudemos retomar o roteiro e a comitiva se retirou.
Não vou mentir: depois de tanta aflição, quando pude finalmente almoçar, fiz questão de degustar com calma o vinho – que afinal de contas havia sido uma das vedetes do encontro.
Foi um momento de puro prazer! Missão cumprida e uma taça de um bom vinho em boa companhia. Quem pode pedir mais? De lá para cá, sempre que me perguntam onde se há bons vinhos no Brasil, respondo que sim.
E de alguns anos para cá, de Norte a Sul do país. Basta saber procurar e abrir o coração e o paladar.
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Claudia Matarazzo Ministra | Claudia Matarazzo
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