Percebo nas pessoas um comportamento completamente diferente de antes no que diz respeito a socializar, sair de casa e/ou administrar seu tempo de lazer. O que antes era um gesto fluido, hoje, mudou.
Mas, a maior parte das pessoas confessa ter aderido a novos hábitos em função da pausa forçada. Que, em muitos casos foi acompanhada de reflexões (as vezes mais, outras menos), introspecção e consequentes mudanças – muitas vezes de forma inconsciente.
Caseira que sou, para mim mudou pouco – exceto a sensações exacerbadas (para o bem e para o mal) quando saio de casa: em geral, adoro poder circular livremente, entrar em lojas, restaurantes e cafés funcionantes e retomar velhos hábitos. Mas alguns, percebo, não voltarão uma vez que meu “vôo” fora do ninho ficou mais curto. Me incomodam mais os ruídos e, agora mais de 30 pessoas, já considero uma multidão indesejável.
Por vício de profissão perguntei a vários conhecidos, alunos e até alguns seguidores mais próximos, sobre como estão lidando com seu “tempo de qualidade/lazer.”
As respostas variaram muito mas, para meu espanto seguiam um padrão – que compartilho, pois acredito que podem se identificar com uma ou mais reações e entender que não estão sozinhos!
Saio loucamente – essa galera sente que a vida só acontece “fora de casa” e em turma. Saem, não importa para onde e, gastam o que podem e o que não podem em shows, rolês e o que mais tiver…
Beleza, massss…. também, frequentemente tem se decepcionado afinal de contas, nem tudo o que nos é oferecido é necessariamente uma experiência inesquecível, certo?
Fiquei com fobia de sair – muita gente tem se sentido assim. É a turma que confessa que se sente exposta demais, que “perdeu a prática” de sair e interagir e a primeira reação a um convite é sempre de questionamento ou incômodo. Não sou terapeuta, mas acredito que seja passageiro, parte da “transição” que todos negam achando que “já passou” quando não, ainda estamos em pleno ajuste de quase todos os aspectos do nosso cotidiano…
Acomodei e valorizo mais a casa – eles não veem nada de errado em sair, mas, em geral pensam duas vezes e acabam ficando em casa, pois descobriram novas e boas formas de “ficar em casa”
Não saio, mas trouxe o agito para dentro de casa – me identifico com esse grupo: sempre amei receber as pessoas em casa. Agora, mais ainda, pois percebo que quem vem, traz outro olhar para o fato de ter sido convidado. Ninguém mais “dá uma passadinha…”
Era de se esperar que tamanho tranco como foram os últimos 2 anos refletissem em algumas mudanças (e essas são as suaves) em nossas vidas. Ora, “sair de casa’ infere em gastar muito mais do que antes gastávamos, e estamos ganhando consideravelmente menos, uma vez que a inflação – alta – é novamente uma realidade.
De modo que, não se sinta diferente ou com culpa por não se sentir tão ansioso para sair ou aceitar convites. O problema não é esse, mas todo o resto – que ainda está se ajustando. Respeite seu tempo e confie no seu taco.
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