O que motivou tudo isso, não vem ao caso – a questão é que, no andar da carruagem, o mundo caminha para o precipício de um buraco negro árido, onde afeto, acolhimento e abraços estarão permanentemente banidos – ou minimamente vistos com estranheza…
Na dúvida entre gentileza e valentia andam optando demais por essa última que, apesar de ser uma virtude, no trato pessoal pode ser terrivelmente nociva…
Existem alguns conceitos e palavras chaves que tem sido banalizado a ponto de serem distorcidos e atrapalharem, muitas vezes criando percepções equivocadas que travam as relações mais simples…
Praticidade – muitas vezes ela atropela, ou enfeia. Ou mesmo não agrega nada ao momento que você quer construir. Nem tudo precisa ser prático e quase sempre, algo mais trabalhado, artesanal, pouco prático mesmo mas confeccionado com um simbolismo ou capricho pode ser muito mais adequado, emocionante, bonito enfim: uma melhor escolha…
Rapidez – hoje todo mundo tem muita pressa. Pra chegar aonde mesmo? Rapidez nem sempre assegura prazer ou eficiência. Aliás, quase sempre resulta em falhas. Por que tem que ser rápido? E se quero prolongar algo porque gosto? Ou prefiro funcionar de maneira mais tranquila? Que diferença pode fazer na vida esse tempo atropelado? O “tempo de qualidade” que tanta gente fala (mas do qual poucos desfrutam) é um dos maiores luxos do mundo contemporâneo. Produto de alto luxo para poucos mesmo. E não porque a maior parte de nós precisa trabalhar para pagar as contas, mas porque a maioria não tem ideia de como priorizar e usar o seu tempo livre. Pois é.
Pobre é a pessoa que vive correndo em seu dia a dia, julgando-se atarefada. Aquela que sabe fazer pausas, e sobrepõe sua vontade aos apelos de máquinas e do sistema é a muito mais poderosa – e feliz, acredite.
Modernidade – não é porque é moderno que funciona melhor. Antes de aderir as novidades – principalmente as que dizem respeito a comportamento e relacionamento, pense. Respire e questione se é “para esse caso específico…”
Sinceridade – é uma virtude, claro, mas apenas e se pedirem sua opinião. Ainda assim: seja muito gentil se for para emitir uma sinceridade que possa magoar a outra pessoa. Ou simplesmente se abstenha.
Gentiliza passa por evitar essas armadilhas tão frequentes em nosso dia a dia – que já não e fácil. Tem a ver com atenuar – e não esfregar sal nas pequenas escoriações que frequentemente doem mais do que grandes mágoas.
Finalmente, não se iluda com a valentia de fachada que muitas vezes testemunhamos em redes sociais – a longo prazo, a gentileza é muito mais eficiente e fideliza amizades muito melhores do que a valentia – não acham?
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