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Gravidez Precoce e Virgindade

Foto do rosto da Dna. Noilde Ramalho, Diretora da Escola Domêstica de Natal, cabelos brancos muito bem penteados, olhos muito leve, quase transparentes, ela sorri, como sempre, batom rosa suave, usa casaco branco com listras verde escuro, e um lenço verde em laço no pescoço.
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“A Virgindade é a única arma da mulher “! Cresci ouvindo essa frase de minha mãe. Essa era sua ideia de educação sexual. Parecida com a da Ministra Damares. Nós, os filhos, 3 mulheres e um varão, com 2 anos exatos de diferença entre um e outro, ouvíamos aquilo com diferentes graus de interpretação e entendimento.

Um dia, adolescentes todos, estávamos a argumentar sobre alguma coisa ou alguém e mais uma vez ela soltou a frase. Andrea perdeu a paciência e perguntou: “Mamãe, desculpe, mas arma contra quem?”

Silêncio. Não me lembro da resposta dada apenas das risadas das filhas mulheres finalmente libertas daquele dogma. E Mamãe, milagrosamente, começou a pensar e mudou de ideia. Hoje, discute com minha filha de 22 anos as vantagens de casar mais tarde e com mais experiência.

Não vou entrar no mérito de outras declarações polêmicas da Ministra Damares apenas contar uma experiência de sucesso para prevenir a gravidez precoce, aqui mesmo no Brasil – que ela talvez ignore.

Escola Doméstica –  marcou-me profundamente uma visita que fiz a Escola Doméstica de Natal – que, apesar do nome hoje é mista e tem o ciclo de ensino completo. Fundada há mais de cem anos, naquele momento ainda era viva sua Principal diretora – Dona Noilde Ramalho, então com 90 e poucos anos.

Ali, meninos e meninas aprendem, além do currículo oficial, a prática de culinária e elaboração de cardápios em uma fantástica cozinha industrial. Entre outras coisas. A Escola é ao pé da serra e uma construção térrea em meio a um imenso jardim.

Mas meu espanto foi maior quando visitamos a “casa creche” – onde ficavam os filhos de funcionários da escola e para onde eram designadas em sistema de rodízio as alunas pre adolescentes para terem a experiência de serem “mães”.

Orientadas por profissionais, cuidavam dos bebês por períodos prolongados sem muita trégua. explicou D. Noilde,  explicou dque era para entender que uma das consequências do sexo na adolescência era que “dava trabalho.”

Perguntei se funcionava. Não apenas funcionava como, ouvi uma aluna pedindo por favor que a deixassem continuar por mais aquele dia pois havia um bebê com febre – e ela queria seguir o progresso da sua melhora. Ou seja: as alunas aprendiam responsabilidade, a socializar e criavam vínculos.

Educação Sexual é isso: transparência e vivência. Não apontar um único e ( para algumas ) utópico ou indesejável caminho, A liberdade de esperar tem o outro lado o de não querer esperar – e ter consciência dessa escolha. E não apenas edulcorar a espera com a ilusão de um vestido de noiva.

Ouso sugerir a Ministra Damares que, em vez de usar tanta verba e foco para uma campanha apenas conceitual, com duvidosa eficiência, que, junto com o Ministro da Educação,  implante o método de Dona Noilde em escolas públicas desse nosso Brasil.

Ganhariam todos: em informação, experiência e principalmente na percepção da realidade sem deformações ideológicas. – Mudou mas nem tanto

Foto do rosto da Dna. Noilde Ramalho, Diretora da Escola Domêstica de Natal, cabelos brancos muito bem penteados, olhos muito leve, quase transparentes, ela sorri, como sempre, batom rosa suave, usa casaco branco com listras verde escuro, e um lenço verde em laço no pescoço.

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