Sabe aqueles momentos do dia a dia em que conversamos com nossa própria consciência? Pois nesses, sinto-me com 27 anos. Nem mais, nem menos.
Aí, caio na real – invariavelmente chamada por minha Coluna – ranzinza e bem mais velha que seus 56 anos reais.
A Coluna tem alguns aliados – aliás, meu corpo todo bandeou-se para o lado dela. Enquanto isso, a Alma, rebelde e novidadeira, insiste em apontar outros caminhos.
Mas rendo-me aos apelos da Coluna – porque se não o fizer, ela não me dará um minuto de sossego para desfrutar dos aprazíveis diálogos e da companhia da jovem Alma.
Sério. Até já mudei alguns hábitos e incorporei outros para acomodar melhor essa nova realidade.
Subir escadas – e “dar uma corrida até o banco” . Escadas, jamais carregando peso. Já a corrida… só na academia, com direito a sentar, beber água etc.
Boemia – varar madrugadas era uma coisa até normal. Ouvindo música, namorando ou jogando conversa fora. Não dá mais. Ou melhor –talvez, se no dia seguinte, puder hibernar …
Viagens de aventura – amo as paisagens exóticas…Mas nem penso. Me consolo pensando que mochilagem, acampamento e trilhas, já não eram meu forte há 20 anos – portanto agora estão fora de questão.
Visual alternativo – fui a rainha dos looks originais. Não estava nem aí para a moda e mandava ver em modelitos vintage, brechós e artesanato. Acabou. Se fizer isso agora, o máximo que vou conseguir é uma aparência de bruxa má de história infantil.Fiquei craque em focar na qualidade, acabamento e …em não parecer uma tia-avó gorducha, claro.
Mas a Alma é forte à beça – e descolada. Talvez por isso mesmo nem ligue para esses contratempos e dá a volta em todos eles um por um…
Alma também me lembra sempre que, apesar da coluna dolorida, nada supera o prazer de poder falar sem culpa o que se quer na hora em que sabemos ser adequado. (Quando jovens nunca temos certeza do que falar nem do momento)…
Assim como não há o que pague a sensação de plenitude com pequenas alegrias. Como a consciência de querer muito bem a alguém e não ter saudade porque basta o bem querer.
Mas assim como agradeço a Deus por todas as manhãs em que acordo com saúde, confesso que ando com um pouco de medo de morrer. Pronto falei.
Pensando bem, com uma Alma descolada dessas, e tratando bem a Coluna, talvez ainda tenha história pra contar por um bom tempo.
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