Prefeito Haddad: o defensor de gansos e opções de lazer aos domingos.
Calma. Não vou meter o pau nas ciclovias. Afinal, moro na esquina da avenida Paulista.
Também não vou meter o pau em Fernando Haddad, prefeito que, logo que eleito, acreditei que por ser jovem e bem intencionado poderia nos surpreender com um certo “sangue novo” na administração da cidade de São Paulo.
E não vou falar da sua surreal proibição do Fois Gras– que afinal de contas engorda e – vamos combinar – não tem a menor importância.
Mas não posso me calar ante sua decisão arbitrária e desastrosa de fechar a avenida Paulista para carros aos Domingos.
E antes que digam que sou elitista por defender carros na Paulista vou contar porque o faço.
Sempre morei muito perto da Paulista. Há anos morava do lado dos Jardins há cerca de 4 quadras. Em um Domingo, ao ouvir os urros de dor de minha filha de dois anos, corri para a cozinha para encontrá-la estatelada no chão com o rosto desfigurado coberto de sangue.
Louca de medo chamei meu marido que, de cabeça mais fria, nos colocou no carro, atravessou a avenida Paulista e, em literalmente 3 minutos chegamos ao pronto socorro de um das dezenas de Hospitais ali localizados.
Ela deu muitos pontos na boca e hoje tem apenas uma cicatriz interna desse acidente.Ufa.
Ok – você deve estar pensando que sou egoísta e que só porque em um final de domingo tive um acidente doméstico quero impedir que milhares de paulistanos e turistas se divirtam a pé em suas pistas deslumbrantes e a ciclovia nova em folha.
É bem isso. Sabe porque? Porque conheço a cidade e a vivencio intensamente desde sempre. Coisa que Haddad, desde que se tornou Prefeito de São Paulo parece não fazer. Se é que um dia o fez.
Voltando aos hospitais:(e perdoem por voltar a um caso pessoal): meu sogro fico internado nada menos do que 2 anos e 3 meses em um hospital atrás da Avenida Paulista.
Não foram poucas as vezes que tivemos que sair as pressas para acudir a alguma complicação súbita em seu quadro que já era grave. A rapidez de acesso, mais de uma vez foi decisiva para seu bem estar.
Ninguém vai me convencer que em um momento como esse é fácil esperar por um táxi ( que não sabemos se poderá circular).
Para mostrar que não sou um monstro de egoísmo faço ao prefeito a pergunta que milhares de paulistanos que, como eu, já tiveram parentes hospitalizados por aqui ou pior, foram acidentados e suas vidas (ou dos parentes) dependeram da rapidez de acesso e boa circulação da Paulista e entorno: o que devemos fazer prefeito para chegar rapidamente aos hospitais da região da avenida Paulista nos Domingos – em caso de necessidade extrema?
Gostaria de acreditar que Haddad tem um plano B super eficiente para isso – e que é claro que ele não haveria de deixar milhares (porque são milhares) de pessoas em situação de emergência a deriva apenas para priorizar um passeio dominical no bulevar em que quer transformar a avenida.
A julgar pela forma como não ouve ninguém e pela insistência e rapidez com que defendeu o importante veto ao Fois Gras, suas prioridades parecem estar pra lá de invertidas.
E passear a pé nas pistas da avenida Paulista é infinitamente mais importante do que permitir o acesso de ambulâncias e carros com pacientes emergenciais aos Domingos.
Afinal, eles podem esperar até segunda feira .