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Rivânia – A menina da mochila com os livros

Na enchente em Pernambuco, menina de 8 anos, sobre uma tabua de madeira, que serve como barco, está ajoelhada com uma mochila abraçada ao corpo e dentro dela, seus livros e cadernos.
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A enchente invadiu a casa já humilde, com chão de cimento batido e paredes de tijolos sem rebocos, erguida no distrito de Várzea do Una – lugar onde o rio se encontra com o mar no município de São José da Coroa Grande, Zona da Mata Sul de Pernambuco. Era domingo, dia de descanso e brincadeiras quando a chuva intensa chegou. A água, que continuava a subir, virou ameaça.

Dona Maria Ivânia recomendou à neta que salvasse o mais importante. Hora de partir. Rápido. Vá. Rivânia tem 8 anos. Com um vestidinho vermelho de alcinhas e pés descalços, ela pegou uma mochila e enfrentou o medo. Subiu numa jangada, como as que servem para encantar turista nesse lugar paradisíaco em dias de sol intenso, e ajoelhou-se.

Na enchente em Pernambuco, menina de 8 anos, sobre uma tabua de madeira, que serve como barco, está ajoelhada com uma mochila abraçada ao corpo e dentro dela, seus livros e cadernos.

Naquela hora a menina fechou os olhos e rezou pedindo proteção a Deus”. O relato foi feito por ela ao padre Jerônimo de Menezes, que a visitou na segunda-feira pós tragédia. Rivânia, conhecida nas redondezas pelo apelido “Ri”, queria salvar a sua própria vida, a vida da avó dona Maria, do avô Eraldo, alguns livros e um pouco do seu material escolar. O maior tesouro da menina, aquele que estava protegido sob os seus braços magros, era a mochila de contornos rosa pink e listras coloridas que leva consigo todos os dias para a aula na escola municipal onde estuda. Agarrada com a bolsa, apoiou seu pequeno rosto e respirou fundo em busca de esperança.

Se há uma única imagem que pode simbolizar o drama vivido até então pelos desabrigados e atingidos pelas enchentes dos últimos dias, é a de Rivânia ajoelhada na jangada. Foi fotografada por Valter Rodrigues e publicada pelo blog de Tenório Cavalcanti, voltado para a Mata Sul. Triste, comovente. “Ela poderia ter pego brinquedo, roupas, mas o mais importante para esta garota foi salvar o material escolar dela. Para mim, é um exemplo”, afirmou Tenório. “Eu diria que é um elogio muito forte à educação. Me tocou profundamente”, emendou o padre Jerônimo, que visitou a família quando estava percorrendo a comunidade de Várzea do Una para averiguar os prejuízos causados e oferecer ajuda. A família de Rivânia voltou à casa onde reside. Continua em situação precária.

Como fazer para todos terem essa mesma visão da cultura e da educação. O futuro dessa menina está nessa mochila, o futuro da avó está nessa menina. Enquanto isso , estamos vivendo uma série de descasos com tudo, que esse tipo de momento, nos emociona, nos traz para uma realidade.
Você pode imaginar o impacto que é viver um episódio de medo extremo, do prenúncio de perda de tudo e de todos que a cercam. Imagine Rivânia, com apenas 8 anos.
Diário de Pernambuco. – nota de Silvia Bessa

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