Cerimonial social: até que ponto exercer a criatividade sem prejudicar o ritual?
É fato que os eventos sociais ganharam grandes proporções e ultrapassam limites do razoável – hoje tornaram-se megaeventos: tanto no número de convidados quanto com uso de superestruturas e decorações que beiram o bizarro.
Em se tratando de evento social o céu é o limite!
Os casamentos, que antes eram comemorações em família viraram eventos, não mais festas – onde muitas vezes, além do exagero ainda não respeitam o rito religioso: começando já na entradas dos pets como porta aliança ou até mesmo como par no lugar do pai na entrada da noiva.
Nada tenho contra pets, mas sou uma fanática por coerência – sem a qual, muita coisa importante pode se perder (e perder o sentido) nessa vida já caótica…
Temos hoje uma gama de comemorações no cerimonial social: chá revelação, festas de quinze anos, batizados, bodas de prata e ouro, aniversários, funerais…
Cerimonialista ou babá de bêbado? O que mais vemos são jovens que não conhecem o conceito básico da profissão que é: sobriedade, respeito as regras (de qualquer que seja a cerimonia) e conhecimento.
Não se trata de levar o véu da noiva até o altar, mas de permitir que sua entrada aconteça de forma fluida, sem interferência, inclusive da própria profissional atrapalhando e/ou participando como vemos por aí…
Menos é mais – nessa profissão, esse deve ser o mantra: tudo “mega” torna-se mais caro, mais difícil de administrar, e passível de mais críticas. E, importante: muito incômodo para o convidado: muita gente, pouco espaço, fila em bufê, briga para sentar-se, mesa lotada por vasinhos e acessórios onde mal podem se movimentar para comer….
O cerimonialista social, deve ser de guardião e respeito as normas e ritos religiosos, independente do credo, e sempre usando o bom senso.
Para cada uma dessas cerimônias, existe um rito, uma norma, uma tradição, que precisa ser respeitada.
Planejar não basta – é preciso estudar para ter segurança, mas também treinar muito para executar com facilidade. Treino com a equipe e muito diálogo com o cliente. Diálogo esse que inclui argumentação firme:
– Por que você quer que seja assim? – ainda que seja o ‘sonho’, ele precisa entender que sonho se ajusta a espaço, orçamento, ocasião;
– Isso quase nunca dá certo – ou é muito arriscado;
– Existem alternativas melhores – esteja pronto para apresentar mais de uma. E finalmente:
– Isso fere a norma – você não vai pagar esse mico e se expor assim.
O cliente pediu – mas você é (e deve se colocar sempre) como autoridade. Imponha seu ponto de vista usando a autoridade do conhecimento que você deveria ter. Não vai perder o cliente – ao contrário: vai impressioná-lo e fazê-lo ver outros pontos de vista.
Assim, ele começará a entender a importância da coerência e dos eventos bem encadeados de maneira envolvente, elegante e harmoniosa – e não apenas pensados para causar…
Colaboração:
Cris Buzzy Mesquita Assessora de Comunicação da ABPC- Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial
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