Nunca na História desse país foi tão difícil votar. E segura que lá vem texto desabafo!
Antes de seguir deixo claro que nem penso em fazer apologia a esse ou aquele candidato – apenas uma reflexão, que talvez me ajude a decidir.
No cenário polarizado que vemos hoje, provavelmente teremos Haddad e Bolsonaro no segundo turno. Se assim fosse, pode até parecer fácil para alguns: Bolsonaro claro, ele é o novo, firme, não tem medo de falar o que pensa e é “ de direita”.
Como assim cara pálida? Onde é que vários mandatos como deputado definem alguém como “novo”? E o que me garante que novo é bom? E aquelas frases homofóbicas e machistas – sério mesmo que dá pra esquecer?!? Quem fala muito o que pensa fala também sem pensar. E acaba revelando justamente o que pensa de fato…
Direito e esquerda – Ah mas ele “pelo menos é de direita” ouço muita gente falar. E desde quando ser de direita, por si só garante alguma coisa? Hitler e Mussolini também eram…
Ok, ok, não vamos demonizar o capitão. Vejamos no outro polo a opção “de esquerda,” Haddad. Nunca votei na esquerda, talvez por vício de minha criação burguesa de família industrial e capitalista. Portanto, quando ele foi eleito prefeito em São Paulo, não achei graça.
Quatro anos depois várias coisas haviam melhorado em nosso entorno e sua gestão foi, no mínimo, equilibrada… Em seu lugar foi eleito João Dória, de direita, que largou a prefeitura 1 ano depois – e a cidade desastrosamente abandonada, em frangalhos. Eu que o diga, morando na avenida Paulista…
Concordo, que é difícil votar em um partido que fez o que fez com o nosso dinheiro. E cujo líder, ignorou a imensa popularidade que tinha (e tem) e literalmente roubou quaisquer sonhos e ilusões de valores éticos que porventura ainda tivéssemos na época de sua posse.
Por outro lado, quem viaja pelos sertões do país como eu, ouviu da grande maioria das pessoas durante todos esses anos que “ a vida melhorou” que “saí do aluguel” etc.
Incrível como, com tudo o que foi surrupiado de nosso suado dinheirinho ainda deu para fazer alguma coisa pelo povo. E nem os “de direita” reclamaram lembram?
A eleição da Raiva – pensando em tudo isso continuo sem saber em quem votar. Estamos todos com muita raiva: dos políticos, dos juízes, dos candidatos, uns dos outros…
Fora o fato que muita gente trata eleição como jogo de futebol e defende suas posições com a cega paixão de uma torcida organizada. Eu heim?
Um amigo confessou seu medo do pensamento radical e raso de Bolsonaro mas… disse ter mais medo do comportamento vingativo do PT de Haddad – pois caso ganhassem, voltariam “com sangue nos olhos”…
Menos raiva gente e menos paixão! Nem uma nem outra são boas conselheiras: ao contrário, se extinguem quase sempre no arrependimento. E o medo, paralisa e não leva a nada.
Por enquanto, entre o medo e a raiva fico com a compaixão – pelos esquecidos do nosso país evidentemente, que estão além do medo e da raiva – e quase, também, da esperança.
2 Comentários
Fábio Barbosa
06/09/2018 as 15:32Você expressou com clareza um sentimento que permeia muitas pessoas do meu círculo de convívio. Há temor, há ódio, há indignação, mas acima de tudo há a vontade de acertar. E isso nos levará certamente a uma decisão acertada. Com calma e respeito ao diferente, ao que pensa diferente, vamos democraticamente seguir nosso caminho. Redundante dizer que seu post é de uma elegância ímpar.
Claudia Matarazzo
11/09/2018 as 15:02Obrigada Fábio!Depois dos acontecimentos recentes temos que redobrar a suavidade né? Não adianta bater de frente mas é imperativo que nos coloquemos… Um beijo !