Há quem diga que quem era bom vai ficar melhor e quem era do mal não conserta, só piora. Mas, vamos falar das habilidades sociais e do lazer que, aos poucos está retornando mais livre – para felicidade dos que gostam de espaços públicos – sejam eles praias e parques ou shoppings.
O que me inspirou esse assunto foi uma cena que testemunhei em uma praça de alimentação em minha primeira saída “puramente a lazer.”
O casal se levantou e largou bandeja, copos e muita sujeira sobre a mesa. O homem, olhando para trás, percebeu e voltou para recolher. A mulher, em vez de ajudar, o repreendeu em voz esganiçada “Anda fulano, não está vendo que tem funcionária para fazer isso?”
Horrorizei. Ora, as praças de alimentação, tem mesmo funcionários para recolher e repor o material. Mas é (ou deveria ser) para recolher as bandejas – e apenas isso – devidamente ordenadas em totens próprios para tal.
Ao deixar a mesa emporcalhada (não há outro termo), os clientes mal-educados estão prejudicando o fluxo e o timing pois, até que a mesa esteja limpa ninguém se senta.
E os tais funcionários são em número reduzido e calculado para ir e vir levando e trazendo bandejas limpas. Não para trazer panos e limpar porcarias grudentas de gente que sequer tem o cuidado de esvaziar pratos e xícaras no local apropriado.
Sim, agora todos tem álcool em gel e álcool 70 para higienizar, sim, eles são superatentos, mas não estão lá “para fazer isso” como disse a gralha.
Estivesse ela na Europa – o tal primeiro mundo para o qual tanto babamos ovo – pode ter certeza de que levaria um pito do dono do lugar. Ou do gerente. Que prontamente pediria que ela organizasse o lugar. Exagero? Nada disso. Lá os poucos funcionários disponíveis são pagos a peso de ouro – e quem atende as mesas se não for o dono é um parente ou funcionário super qualificado que não está “aí para fazer isso.”
Quem trata espaços públicos como um grande lixão certamente deve morar mal e tratar seu próprio quarto da mesma maneira. Assim como a família e, provavelmente desrespeita o sagrado momento de compartilhar a comida a mesa.
Sagrado sim: em meio a tanta incerteza nada mais sagrado do que ter comida e casa para compartilhar. E cuidar tanto de um quanto de outro é o começo para entender que não é normal comer pão diretamente sobre a mesa e largar as migalhas lá para alguém “limpar isso.”
Elite mal-educada, insensível e míope é escória com dinheiro. E não vale nada. Como vamos emergir desse período é uma escolha possível – e importantíssima para o futuro dos nossos filhos, mas, também para o nosso, não acham?
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