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Machismo empacado

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Com minha filha adolescente tive que rever uma série de conceitos: muito mais evoluída e corajosa do que eu, Valentina não deixava barato. Hoje,  jovem advogada de 26 anos, sempre me espanto com sua coragem e lucidez argumentativa.

Encontrei um texto que fiz há exatos 7 anos, com frases machistas garimpadas em várias publicações e reunidas no “El País”. Repito aqui algumas delas para que vejam o quanto evoluímos pouco: aliás, nada… Continuamos ouvindo frases infames – e quase sempre deixamos pra lá, pois, se reagirmos com firmeza a resposta é chula e rápida: “parece louca, deve estar com TPM…” E o cinismo passa por todas as categoria, veja só:

Os distraídos

– Mas como posso ser machista, se adoro as mulheres!;

– Não posso ser machista, se nasci de uma mulher!

Os justos e igualitários

 – Nem machista nem feminista, igualitário;

– Deveríamos chamar de humanismo, porque é mais inclusivo;

– Apoio o feminismo, mas quando você pede a igualdade, está dando postos imerecidos a inúteis apenas porque são mulheres.

 Os cínicos espertinhos

 – Sou a favor do feminismo, mas alguém deveria falar dos homens que foram mortos por suas esposas no ano passado;

– Sou a favor do feminismo e não das feminazis“;

– Se vocês querem a igualdade, por que não reclamam que entram de graça nas discotecas?.

Os Fofos ignorantes

 – Eu ajudo em casa;

– Como posso ser machista, se minhas melhores amigas são mulheres?;

– Não sou machista, mas prefiro ter colegas de trabalho homens – porque nos entendemos melhor.

Os pseudointelectuais

 – Não sou machista nem feminista. Nenhum ismo é bom;

– Se você fosse realmente uma feminista, reclamaria da violência e não de bobeiras;

– Como homem feminista, não entendo por que deve haver espaços mistos onde não posso entrar. Vocês precisam de nós para a luta.

Os brucutus sem noção

– Em minha casa não há machismo, minha mãe é quem manda;

– Não sou machista. Nunca bati em uma mulher.

Essa última uma pérola, não? E demonstra claramente o grau de condescendência e boçalidade que aturamos fazendo carinha boa. Não faça mais. Não faça nunca. Não compactue.

E responda, sim. Sem briga, sem barraco – mas se preciso for, com muito alarde! E com firmeza e propriedade – que é como sempre conquistamos nosso espaço. E quem sabe, as próximas gerações entenderão que igualdade não se trata de competir e sim, de respeitar o outro – independente de gênero. Mas não deixe barato: a cultura do estupro começa com esse tipo de gracinha.

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