Chega de priorizar família: você é mais importante, sabe por quê? Porque em algum momento da vida, quando quiser sentir o toque de carinho, de proximidade de afeto desapegado que só os que amam de verdade podem doar, vai ser difícil encontrar algum filho/a, neto ou mesmo amante dedicado que te acuda.

Túnel do tempo – eu tinha 20 anos e meu namorado Elcio, mais maduro aos 36, explicou que, a cada dois sábados estaria por conta dos avós, que moravam em outra cidade pois, segundo ele, era importante passar um tempo lá, beijando, massageando as pernas da avó, “tocando” os velhos.

“Já reparou que ninguém toca com frequência as pessoas mais velhas? Elas sentem falta…”  Perplexa e chocada, entendi e jamais esqueci aquilo.

Alguns anos mais tarde, entrevistei Dercy Gonçalves na TV, no dia em que comemorou 86 anos e ela explicou que seu ritual matinal consistia em ficar cerca de 2 horas se auto massageando. E tascou:

“Se você não se tocar ninguém vai fazer isso do jeitinho que você gosta ou precisa! Então passo creme, depois óleos, escolho os aromas, esfrego nos pés, no peito, mãos… Eu me amo” completou ela.

Sábia Dercy. Viveria mais vinte anos e ainda desfilaria de seios a mostra com um invejável colo liso aos mais de 90 anos em carro alegórico.

Por que estou falando isso? Porque nessa pandemia, vejo muitas pessoas – as privilegiadas claro – reclamando de angústias da pandemia e do isolamento e do quanto faz falta o “toque”.

Faz, claro. Mas, falando em pós pandemia e no momento da velhice que é inexorável e chega resolvi encarar o assunto hoje!

Passando mais tempo dentro de casa (e com muito mais tarefas) me obriguei a uma rotina rigorosa de pausas. Para tudo: café, regar as plantas, pensar e, claro, cuidar de mim mesma. E vai além do banho, tingir cabelos etc.

Pausa como Remédio – sim e de uma hora ou mais. E me regozijo por estar viva. Agradeço e me reenergizo.

Nesse momento, estou me amando. De uma maneira que apenas eu saberia fazer.  E olha que, sinto-me suficientemente amada na vida em geral. Mas, sem essa pausa, esses cuidados, estaria abandonada a uma permanente carência que, fatalmente, acabaria me fazendo mal.

Amadurecer (e envelhecer) dá trabalho. Se a gente não exercitar isso dia a dia, deteriora. Sim a palavra é essa – temos que encarar. De modo que, arrume tempo. Ame-se mais do que a filhos, marido, companheiros, amigos. Vale para homens e mulheres: pense nisso.

Senior women toasting coffee cups

Por isso vamos falar de maturidade – aquele estado que nosso corpo começa a atingir a partir de, digamos 25 anos e meio. Calma: não vou tentar convencer ninguém a chamar de “melhor idade” ou lançar em sua cara palavras como “envelhescência”…

Mas, hoje vive-se até os 80, 90 anos e, pelo que se vê, aos 70 a maior parte das pessoas ainda está em plena forma: maduros e ativos. Ora,  se passamos muito mais tempo de nossas vidas como pessoas maduras do que como adolescentes ou crianças –  quanto antes no acostumarmos com esse conceito e o que está implícito nele, melhor.

Esqueça estereótipos terroristas – como aqueles que alardeiam que “O mundo é dos jovens”, que o mercado de trabalho não aceita gente com mais de 40 anos”, ou que “tudo cai depois dos 30”. Eu hein?

Uma das vantagens de amadurecer é que aprendemos a questionar e reverter situações. Além de controlarmos a ansiedade muito melhor do que aos 20 anos. Também nos tornamos mais tolerantes – e fica muuuuuuuito mais fácil rir dos micos do dia a dia.

Acha pouco? E toda a sua experiência até agora? Uma vivência preciosa – que pode facilmente trabalhar a seu favor. Mas, para que isso aconteça, é preciso enxergar-se de fato no universo da maturidade e dar o devido valor a seu status. Afinal, desde que o mundo é mundo, experiência merece respeito – em qualquer civilização. O resto vai depender da forma como nós nos colocamos e lidamos com a nossa bagagem.

Nessa primeira coluna para o Sem Frescura pensei em escrever sobre um tema que desperta muito interesse mas também dúvidas entre as mulheres.

Botox, na realidade é o nome comercial de uma das marcas de toxina botulínica disponíveis no mercado.

O que é essa toxina? É uma substância que tem o efeito de paralizar temporariamente a musculatura causando assim o relaxamento da área aplicada.

Como o botox age nas rugas? As rugas surgem pelos repetidos movimentos dos músculos da face que, com o tempo, acabam marcando a pele. Ao ser aplicada em pontos específicos, a toxina bloqueia a contração do músculo e assim a ruga não se forma, a pele já vincada vai alisando – ou nem cria uma marca nova.

Sem milagre – se a ruga já for muito profunda, mesmo com a musculatura relaxada ela não sumirá totalmente numa primeira aplicação. Após várias aplicações mesmo rugas profundas podem ficar quase imperceptíveis.

Quanto tempo dura o efeito? O efeito começa de 48 a 72 horas após a aplicação e atinge seu máximo em até 4 semanas. A duração varia um pouco com a força da musculatura do paciente e com a dose utilizada. Em doses habituais deve variar entre 4 e 6 meses. Assim recomendamos que novas aplicações sejam feitas após esse período.

Que cuidados devo ter após a aplicação? Recomendamos que o paciente não manipule o local e também evite abaixar a cabeça- (como numa aula de ginástica) ou se deitar- nas 3 horas seguintes a aplicação. É preciso muito cuidado para escolher o profissional e não exagerar criando um efeito de rosto paralisado como mostra essa foto da linda Carla Bruni.

Por que algumas pessoas ficam tão diferentes? Isso acontece porque os músculos da face se contrapõem em equilíbrio. Se um músculo eleva as sobrancelhas, outro tem a função de abaixá-las. Por isso o médico deve conhecer profundamente essa musculatura pois, ao paralisar um músculo pode tornar mais evidente a ação de seu antagonista levando por exemplo aquelas elevações exageradas da cauda da sobrancelha.

Mas o importante é que quem faz o procedimento seja sempre um profissional qualificado – consulte sempre um dermatologista!

Com essa frase, meu saudoso amigo Moacyr Machado, resumia seu pensamento sobre como administrar a passagem do tempo.

Ele sabia das coisas e, sempre que posso, tento explicar essa imagem: amadurecer como antiguidade não tem nada a ver com nascer com dinheiro, ou usar grifes e sim com alegria de viver, sintonia com o momento em que se está e gostar de si próprio.

Isso explica porque há pessoas que, aos 80 anos são disputadas (e convidadas) por turmas mais jovens enquanto que outras, antes mesmo de completar 60 anos tornam-se amargas, ranzinzas e acabam esquecidas até pelos amigos.

Hebe Camargo ou Brigitte Bardot? a eterna Rainha Hebe Camargo é o melhor exemplo do que estou falando: nasceu pobre e nunca foi linda. Mas superou todas as adversidades e amava a vida de tal forma que a desfrutou plenamente, mesmo doente, e, onde quer que fosse sua risada e bom humor – sem falar nos brilhantes e no dourado loiríssimo de seus cabelos – ofuscavam qualquer energia ruim.

Brigitte Bardot – nasceu linda, tornou-se uma das maiores musas do cinema nos anos 50/60, mas alguma coisa desandou: hoje, reclusa e encarquilhada só se manifesta para esbravejar passando uma imagem anos luz distante da Diva coquette que um dia foi. Entre os que a conheceram jovem e sensual não há quem não se espante com sua transformação.

Hebe foi até o fim uma pessoa preciosa, uma antiguidade rara. Já Brigitte, como tantas outras, não segurou a peteca e hoje está mais para a temida tranqueira – incapaz de passear com graça pela própria existência.