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Hóspede: valorize a honraria concedida

Para não escorregar em nossa “espontaneidade” é bom entender que um convite – qualquer que seja ele, implica em, no mínimo a obrigação de ser gentil, não ser espaçoso (ultimamente uma praga) e atentar para alguns fatores.

Nos últimos anos, tornamo-nos mais ciosos de nossas casas e muito mais seletivos na hora de convidar alguém: seja para algumas horas em uma reunião, ou para passar alguns dias.

Em retribuição ao conforto e acolhimento de ser incluídos como hóspedes privilegiados, é bom atentar para alguns fatores,  ser sempre bem-vindos.

Sim, pois com a crescente informalidade nas relações, muita gente acha que, por ser amigo e hóspede, tudo pode. Não pode. E as pessoas reparam, ficam chateadas e, pensarão bastante antes de repetir o convite. Veja alguns dos pecados a evitar, pois, desde sempre são atitudes que geram desconforto à toa…

Esquecer de Confirmar – ou deixar para última hora. O convite em si já é um  enorme privilégio. Confirmar imediatamente seria ideal. Caso dependa de agenda de outros, trabalho etc, é essencial dar o retorno em pouco  tempo, e até mesmo dizer quando: “fulano, vou checar com x ou z mas até dia tal te confirmo.”  E confirme mesmo!

Em tempo: se perceber que não vai dar ou mesmo se não quiser/puder ir, justifique logo: agradeça delicadamente, e libere-o para que o convide outra pessoa. Não faça pouco de um convite assim.

Jamais pergunte – se pode trazer mais um. Seja como convidado a se hospedar (impensável) ou como um a mais naquele almoço/reunião que o anfitrião está organizando. Se ele/a quiser que você  ajude a agregar mais gente, vai lhe falar explicitamente.

Caso tenha uma grande intimidade, confira – sempre antes de convidar – se seu anfitrião conhece a pessoa, simpatiza com ela e, mais importante, se é possível  e não atrapalha.

Chegar de mãos vazias – parece uma bobagem e muita gente que ache esse detalhe frescura. Oi?! Vamos combinar, o mínimo que podemos – e devemos fazer – a  alguém que nos agracia com um convite completo de hospedagem é um agrado em forma de mimo. Tamanho e valor variam dependendo da intimidade e bolso de cada um. Uma cesta com delícias, um enfeite para a casa, uma bebida diferente, flores…

E, em algum momento, convide os donos da casa para comer fora retribuindo, em parte,  a hospitalidade.

Vestir-se de qualquer jeito – férias são férias. Mas, na casa dos outros, é diferente da “roupa de ficar em casa”. Não é preciso “se vestir para jantar” mas, em casas de praia, um banho e camiseta (limpa) são o básico – sem essa nada de continuar de roupa de banho noite afora…

Acha um trampo? Frescura? Veja quanto custa (e se consegue)  vaga naquela pousada pé na areia para passar pelo menos 3 dias. Acrescente ao custo o valor do carinho por terem lembrado de você e te escolhido. E repense! Um ótimo início de  ano para todos!




Hóspedes no Carnaval: e agora?

 

 

Detalhe da piscina do Hotel Lara, Aquiraz, Ceará, onde temos duas cadeiras de descanso, em madeira, ao fundo um lindo jardim com palmáceas.

Hotel LARA. Prainha Aquiraz Ceara. Brasil 03/2015 © david atlan

Não é fácil fazer seus hóspedes se sentirem como eu me senti quando estive no Lara Hotel dessa foto acima. Para um anfitrião todo cuidado é pouco, mas com uma dose de atenção é possível minimizar e prevenir aborrecimentos que podem acabar em mal entendidos desnecessários.

Combine antes: ao convidar já indique a partir de quando vale a hospedagem, mas também até quando! Dependendo do número de hóspedes, não é pecado pedir para que levem roupa de cama e banho. É melhor pedir do que faltar na hora e seus amigos se sentirem desguarnecidos, não acha?

 Regras claras – cabe ao anfitrião deixar seus hóspedes confortáveis e “a vontade” claro, mas eles só ficarão assim de fato se souberem exatamente onde estão pisando. De modo que, não hesite em deixar claro desde o início quais são as regras. Nada de “sinta-se em casa, a casa é sua, faça o que quiser”- sabemos que não é bem assim.

Manual da casa –  faça um, por que não? Com os horários, indicação de o que está onde, qual a programação prevista, locais chave perto de casa, e se for o caso entregue junto com uma cópia da chave da casa para deixa-lo independente.chaveiro vermelho escrito hóspedes

Libere espaços– se vai hospedar alguém em quartos que já estão sendo usados, é essencial liberar pelo menos uma gaveta ou prateleira e um pouco de espaço no guarda roupas para que seu convidado possa arrumar pertences. Sem esquecer os cabides, pelo menos 5, tá? Lembre que a alternativa é deixar tudo sobre a cama ou dentro da mala aberta no meio do cômodo…

Geladeira comunitária – entra no quesito de “combine antes”: peça que cada um  leve o que costuma comer no café da manhã. Assim essa refeição fica resolvida e você só precisa providenciar o café com leite e pão básicos…

 

Nas demais refeições divida as tarefas: alguém se encarrega de não deixar faltar bebida e gelo, o outro cozinha, outro ainda gosta de fazer sobremesas e, claro, há os momentos de comer fora. Mas precisa ser combinado para funcionar e não sobrar para você…

Hóspede que volta – é aquele que não abusa e ajuda. Portanto leve sim uma lembrança para seu anfitrião e fique ligado para  colaborar – desde as pequenas tarefas como tirar a mesa e preparar aperitivos até (se for o caso) levar as crianças para um programa para aliviar os pais por um período. Só não vale mima-los demais no processo e voltar com a galera se rebelando contra a ordem já estabelecida. E evite cair de boca em iguarias diferentes da geladeira que você não sabe a que estão destinadas…

Intimidade– banheiros comuns pedem discrição e rapidez. Sem banhos demorados demais: passe cremes e tire a sobrancelha no quarto – de modo a liberar logo o chuveiro. E lembre de levar sua nécessaire junto para não passar aperto e deixe o lugar como encontrou antes de usar.

Ainda, por melhor que esteja a estada, cumpra rigorosamente o prazo e vá embora na data prevista. E, assim que chegar em sua casa, mande um mimo agradecendo mais uma vez: além de imensamente apreciado, certamente vão lembrar de você com saudade…

As regras de etiquetas continuam as mesmas… Só que com cuidados mais do que redobrados, por conta da Covid-19.

Quer receber amigos, com todos os cuidados que já estamos cansados de saber e com um número bastante reduzido.

Gente, falta pouco, a vacina já está ai. Vamos esperar, ok?




Como fazer e servir um churrasco com classe

Um espeto com 3 peças de picanha, inclinado com a ponta apoiada na mesa, ao fundo a chama ardente da churrasqueira e sobre a mesa, tomates, cebolas pimentões e alho. decoram o ambiente

 

Se você é um veterano churrasqueiro, é provável que conheça as inúmeras armadilhas de se considerar o churrasco uma forma “descomplicada” de receber amigos.

Mas, se está inaugurando a churrasqueira, atente para algumas dicas para não transformar seu convite para um churrasco em uma lembrança acalorada e insatisfatória.

Timing – é importantíssimo. É frequente, ao chegar , começarmos, a saborear deliciosas linguiças servidas com pão fresquinho como aperitivo. Uma, duas, três porções. Mais pão, mais cerveja, mais caipirinha e uma rodada de linguiça…

grelha de churrasqueira repleto com todos os tipos de carnes, linguiça, picanha, maminha. frango são 3 andares de carnes.

E a carne !? Ok, a carne demora mais a ficar pronta. Por isso mesmo o churrasqueiro deve se prevenir, preparando-a rigorosamente na hora certa.

Bebida para acompanhar o churrasco – cerveja e caipirinha são campeãs, não nego. Porém, é preciso alternativas para rebater seus efeitos. Hidratar é preciso. E para isso , nada melhor do que água. Gelada e cristalina. E jarras de sucos – coloridos e azedinhos que vão neutralizar um pouco a gordura ingerida.

Por falar em bebidas: deixe copos descartáveis acessíveis para o caso de precisar. E sempre precisa.

Sobre uma bancada, vários potes em vidro com pedaços de limões cortados, morangos cortados e outro com maracujás e coqueteleira para fazer drinks e vários copos

Acompanhamentos- a farofa e o vingrete são clássicos e deliciosos. Mas a maionese de batata derrete e desanda tá? Otimize sua grelha e prepare cebolas inteiras., pimentões, abobrinhas, e outros legumes e verduras que ficam deliciosos assados.

A própria batata, assada em papel alumínio se presta melhor do que em maionese para esta ocasião

Serviço – alguém tem que ficar atento aos detalhes certo? E não pode, nem deve ser você , que afinal de contas já está organizando tudo em frente a brasa.

Se estiver sem ajuda profissional, designe alguém- seu filho mais velho, sobrinho, filha do vizinho – não importa quem for – para essas tarefas. Pague, negocie, barganhe, permute, mas ele/a tem que ser onipresente para:

  •  esvaziar os cinzeiros
  • providenciar mais copos ou pratos
  • cuidar do gelo
  • preparar as caipirinhas
  • trazer mais cadeiras se necessário
  • lavar copos e pratos se necessário

Enfim: ficar de olho em tudo o que está faltando.

A Carne – o ideal é que chegue tenra e saborosa no máximo uma hora depois de iniciados os aperitivos. Se passar muito tempo, as pessoas estarão de pileque e empanturradas com pão e linguiça, e nem vão apreciar a sua boa vontade e talento.

Sobremesa: precisa sim! – afinal, é ou não é pra fechar com chave de ouro? Então, nada de servir um sorvete na caixa .

Capriche nas frutas – para equilibrar o paladar – e um bolo mais sequinho pra saborear com um café bem forte. O bom e velho bolo de chocolate de tabuleiro – servido crocante e quentinho na própria forma…

 

uma xícara de cafezinho de ágata branca está em primeiro plano com um bule também em ágata branco vertendo café fumegante em um coador de pano individual por onde o café passa e cai na xícara. Ao fundo percebe-se um ambiente de cozinha rústico e acolhedor com paredes pintadas de laranja .

Café fresquinho pra encerrar no capricho

 

 

 

 




Já checou o seu lavabo hoje? Sim, Lavabo…

E quem não o tem lavabo? – sugiro preparar um banheiro da casa para uso de visitas. Isso significa retirar da vista ao máximo os elementos de higiene íntima e pessoal, como escovas de dentes, pacotes de absorventes e/ou outros e deixar a vista os produtos necessários para esse novo ritual de segurança –  que não pode e nem deve ser flexibilizado – pelo menos não ainda.

Nécessaire de Lavabo – de repente, o que era para ser apenas um enfeite perfumado passou a fazer a maior diferença para garantir uma sensação de bem estar. Portanto, esqueça sabonetinhos sólidos em formato de coração, pétalas e outros: eles derretem e deixam resquícios na pia ou saboneteira.

O Álcool é importante, mas tem que estar visível e ser fácil de manusear: há alguns super perfumados, porém melados, outros em aerosol e outros ainda podem ser colocados em um bonito recipiente para spray.  Mas, nesse caso, é importante estar identificado. Parece uma bobagem, mas, quando há também um sabão líquido, muita gente se confunde.

Toalhas de papel – sim de papel! Vamos aposentar, por ora, as de tecido que, úmidas são um perigo e produzem bactérias – não precisamos disso além do risco Covid, certo? Aliás, nem precisa colocar em suporte de parede, furar etc. Basta apoiar na bancada ou providenciar uma caixa própria para elas – além de decorativo é mais prático e seguro.

Rolos extras – basta um. Não é um momento de convidar muita gente então estar a vista é importante – e não escondido no armário e/ou gavetas, exigindo uma busca em um momento delicado…

Em tempo: me perguntam o que acho de capinhas de crochê ou tecido para papel higiênico. E sempre respondo que, se for um trabalho bem feito e em sintonia com a decoração agrega…, mas repito: temos que bater o olho e enxergar!

Sem mega kit – os lavamos de antigamente tinham exposição de frascos, e uma série de pequenos enfeites e frescuras. Incluindo velas aromáticas e incensos… Hoje é preciso bom senso: sim, é preciso equipar seu banheiro para transformar o espaço em um lavabo – com confortos e mimos para convidados. Mas, além dos elementos necessários para higienizar mãos etc., um frasco de perfume leve ou colônia é suficiente, tá?

A Chave funciona? – pergunta importante né? Os banheiros das alas íntimas da casa as vezes estão sem chaves – mas, se for oferecer a visita não dá, né?




Onde há gelo há esperança!

Marina mora em um apartamento moderno com o marido e um casal de filhos gêmeos. É inevitável que a turma acabe se expandindo de modo que, transformaram a mesa da sala de jantar em um bufê e, reformaram ou compraram móveis funcionais: são pufes e bancos móveis, sofás que permitem que sentemos de ambos os lados (dobrando assim a capacidade da lotação do living) e mesinhas auxiliares estrategicamente colocadas para que todos possam apoiar copos e pratos ao se servir.

O  formato que com móveis comuns permitiria até 12 pessoas sentadas com conforto, dessa maneira já chegou a acolher 45 sentando pelo menos 30! Espertos, eles também decoraram tudo  de forma a não ter cantinhos onde o convidado se isole, pois gostam de curtir o encontro e fazem o possível para potencializar a interação.

Lição das nonnas como, neta caçula – bem novinha – sentava ao lado de Nonna Tica nos almoços de sábado em sua casa e observava como cuidava dos detalhes: sentia o timing do serviço, e foi filtrando esse aprendizado.

A outra avó Lulla, ensinou receitas italianas e a importância da gentileza para gerar empatia com as pessoas que estão trabalhando. Aprendeu que isso é essencial para o serviço fluir com excelência – e para maior satisfação de todos.

As duas tinham um senso de humor diferente, porém acentuado; daí Marina ter aprendido a transitar pela vida – e em festas com um delicioso e contagiante humor e a leveza!

Bandeja Café – ela gosta de servir um bom café coado – é um carinho para os  convidados e, como é cada vez mais raro, acaba surpreendendo e agradando. Além de mais organizado para o serviço, fica mais elegante: servido em um bule de prata inglesa que ganhou de casamento em copinhos engraçados que coleciona  –  tudo colabora para que o fecho da refeição se torne um momento divertido…

Garimpando em casa – Marina acha importante a gente usar o que tem, mesmo que seja um baixela de prata ou porcelanas mais delicadas: os amigos merecem, mas, mais do que isso, é um exercício de constante garimpar pelos armários e gavetas da casa.

Ao fazer isso, ela acredita que temos a oportunidade de limpar o que está guardado, tratar o que precisa de cuidados e resgatar esses objetos, não apenas para a vida útil mas, também fluir a energia contida nesses “guardados”. Existem recordações e um motivo para aquilo estar ali. Ou, as vezes trata-se simplesmente de reorganizar a casa – e as ideias, arejando literalmente tudo: espaços pensamentos!

Finalmente, Marina dá a receita para que o encontro seja sempre lembrado com prazer: abusar da generosidade na quantidade: de tudo, inclusive afeto!