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Nosso artesanato: tudo de bom!

 

Acredito de verdade que a alma de um povo está refletida em grande parte na sua culinária e também na forma como produzem arte, artesanato, objetos funcionais artísticos (hoje chamados de design”) e também  na forma como se relacionam com os outros.

No quesito relacionamento, nós brasileiros, andamos bem. Mas somos muito mais eficientes  que achamos, quando penso no nosso riquíssimo e variado artesanato! Do barro e argila, passando pela palha e capim dourado, chegando a fitas, rendas delicadíssimas e metais reciclados super criativos – tudo que produzimos tem alma de criança e toques de alegria que aquecem a alma.

Daí que quando viajo em palestras sempre faço questão de reservar um tempo para nossos mercados locais e centros de artesanato. É novidade e beleza na certa!

Recentemente estive em Maceió e me encantei com essa carteira em palha.  E lembrei que, algum tempo atrás presenteei uma parecida a uma amiga da Itália. Que frequentemente me pede que leve ou mande outra por uma irmã que mora aqui.

Ora, nós, quando viajamos pagamos sem pechinchar o preço pedido por uma série de produtos locais que podem variar da bebida, doces, ou mesmo acessórios como esse. Aqui, onde são em geral super acessíveis e produzidos por uma população especialmente carente, acho um imenso desrespeito tentar abaixar um preço que, sabemos, já é bastante bom.

Temos que valorizar esses artesãos – verdadeiros artistas quase nunca reconhecidos, nunca vistos em galerias ou mídias e redes sociais e sempre trabalhando no seu limite de economia e forças.

Chega disso gente. E, claro, é importante usar (ou expor em casa ou presentear) o que fazem e não comprar para depois deixar esquecida em um canto como ” lembrança de”…

bolsa tipo carteira em palha de buriti cor creme lara delicadamente trançada de forma artesanal como uma renda, combinando com desenho floral também em palha em cor turquesa.

Bolsa tipo Clutch Artesanal de Adriana Ribeiro




Piauí – e as muitas surpresas do Brasil!

Claudia Matarazzo de óculos escuros e vestido sem mangas está sentada sobre um banco de madeira em frente a um painel gigante em madeira toda entalhada - em tons escuros e mais claros que ocupa toda a parede de fundo. A cena em alto relevo mostra um jagunço a cavalo tocando uma boiada para dentro de um cercado. Ao fundo em madeira mais clara também em alto relevo pode-se ver árvores frondosas que contrastam com o tom mais escuro do cercado e do gramado do painel.

Painel esculpido em cedro no centro de artesanato Teresina

O Piauí – assim como os admiráveis filhos dessa terra – entrou devagarinho em meu coração. A primeira pessoa natural de Teresina que conheci foi Zezinho. Cabeleireiro e maquiador de mão cheia era ele quem arrumava para entrar em cena a exigentíssima artista Dercy Gonçalves.

E, durante os 8 meses em que cantei no Palladium em 1987 tive o privilégio de ser assistida por ele. Zezinho chegou a São Paulo aos 16 anos, analfabeto e sem ter onde dormir. Quando  o conheci dez anos depois tinha um pequeno salão de beleza em Osasco –  e era o maquiador preferido de todo o elenco do Palladium – então a melhor casa de shows de São Paulo comandada por ninguém menos que Abelardo Figueiredo.

Alguns anos depois ele me ligou feliz da vida: havia aprendido a ler e estava pra lá de entusiasmado  com todas as possibilidades que a nova habilidade lhe apresentava na vida.

Costumo dizer que, por ter nascido em Teresina ele se desenvolveu e acabou como maquiador de grandes artistas como Dercy  Gonçalves – para falar apenas de uma. Tivesse nascido na Inglaterra exportaria seu talento pois seria maquiador oficial de Sua Majestade a Rainha Elizabeth II ou, no mínimo de Catherine, Duquesa de Cambridge.

E por falar em exportar talento: o que me dizem da artista plástica Kalina Rameiro que conheci aí, mas que há anos leva sua arte cheia de alegria e cor para exposições em Paris e outras capitais do mundo?

Em seu ateliê em Teresina quase chorei de ternura diante daquele talento aliado a uma rara e irreverente sensibilidade.

a artista plastica Kalina Rameiro está em primeiro plano de óculos de grau com armação grande , cabelos longos e castanhos.

Kalina Rameiro em seu ateliê em Teresina

 

um colar feito de pequenas figuras de linha colorida em ciranda envoltas em linha colorida formando uma gargantilha colorida e larga.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hoje presto minha homenagem ao amigo e cerimonialista Manoel Veras que, mais que merecidamente recebe  a comenda de Grão Mestre Mérito Renascença do Governo do Estado do Piauí. A Cerimonia será hoje a partir das 18.30 no Teatro 4 de setembro.

Na foto abaixo em um raro momento de relaxamento ele me mostra as belezas da natureza as margens do  Rio Poti.

Claudia Matarazzo de óculos escuros e vestido sem mangas cor de goiaba e branco ao lado de Manoel Veras, um homem de cabelos castanhos curtos e rosto bronzeado, apontando ao sol um pássaro que voa fora do campo de visão.

Com Manoel Veras sendo ciceroneada por Teresina

 

E o que dizer da turma da Lems? Olha só a nossa cara na foto abaixo e vejam a qualidade da recepção…

nove mulheres bem vestidas e sorridentes estão em frente a uma mesa posta e Claudia Matarazzo é a terceira da esquerda para a direita.

Café da manhã inesquecível na Lems Casa e Festa!

Por essas pessoas e outras como as amigas Liziane Lima e Rose Cavalcante – todas do surpreendente e caloroso Piauí – é que sempre adoro voltar para lá. Enquanto isso não acontece, recebam todos o meu carinho saudoso e,  mais uma vez a minha sincera admiração pela terra tão rica em simpatia e talentos!

Quatro figuras de negras em argila no estilo namoradeiras na janela estão todas com um braço apoiado na mesa e outro usado na face como que a espera de algo. O olhar é vago e melancólico e os lábios são bem vermelhos contrastando com a argila negra e sus roupas coloridas.

 




As boas surpresas do Piauí

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Era nisso que pensava ao absorver a luz e beleza do entardecer as margens do Rio Poti, no ponto em que se encontra com o Parnaíba.  Lembrava de Zezinho Preto- amigo há mais de 30 anos,  que saiu de Teresina aos 16 anos e veio para São Paulo ainda analfabeto e, em uma década já era dono de seu próprio salão de beleza, aprendera a ler e foi, amigo e confidente de várias personalidades do mundo artístico inclusive a exigentissima Dercy Gonçalves  a quem maquiava para os shows e aparições públicas até o final da vida dela.

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Outro amigo piauiense, irmão de alma é o colega  cerimonialista Manoel Veras, que me levou a esse passeio iniciado no Centro de artesanato Mestre Dezinho na Praça Pedro II – onde me deparei com esse precioso painel entalhado em cedro logo no hall de entrada.

A pausa sentada foi por conta do calor – em Teresina é sempre muuuuito quente, mas nada que um gole da exótica cajuína gelada não resolva. Não resisti tirar a foto bem turística – afinal de contas, por aqui essas belezas em madeira são raras.

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No centro, várias belezas mas o lustre em buriti – levíssima madeira retirada da palma dos coqueiros – me encantou especialmente! Quando aceso, as flores entalhadas, exibem o centro iluminado pelas lâmpadas  e o efeito é delicado e diferente.

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No Polo Cerâmico as margens do rio Poti, a expressão das namoradeiras não nega: ali, ainda há espaço para sonhar e esperar por coisas boas na vida.  E as cenas, moldadas pelas mãos de homens e mulheres de todas as idades, variam do bucólico ao urbano mas sempre com  muito humor – marca registrada do povo Brasileiro em geral.

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Abaixo, contrastando com  a paisagem de toda a cidade, o Palácio do Governo do Estado. b aí a prova torce o rabo – para dizer o mínimo: levei um susto ao perceber que é uma réplica  em miniatura da Casa Branca!!

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Ok ninguém – e nada na vida – é perfeito. Com um povo pra lá de simpático e tantos cidadãos talentosos  e batalhadores – como todos os piauienses que conheci sem exceção –  será que não havia ninguém para pensar em um projeto mais brasileiro, que nos representasse melhor?

Pois é: se for a Teresina – a trabalho ou a passeio – aproveite o que de melhor a terra tem a oferecer: as pessoas e a gastronomia (como o delicioso limãozinho do Piauí).

Mas dê um desconto as autoridades que apoiaram  o projeto dessa sede de governo. Afinal, não dá pra ganhar todas…