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Qualidade de vida ou morte

A saúde de Michael se agravou e foi necessário um respirador para mantê-lo vivo. Para a surpresa da família e do mundo, o médico resolveu interromper seu tratamento alegando que não haveria melhora em sua qualidade de vida devido a suas deficiências. A partir daqui, fica difícil continuar porque, pela minha perspectiva, torna-se impossível compreender que um médico, formado para salvar vidas, opte por descartá-la ao julgar pela sua régua o que é e não é qualidade na forma do viver.

Enfrento a dor que essa notícia me causou para tentar conscientizar você que me lê por aqui. Acredito que não nos tornamos impotentes diante da morte, mas quando temos uma arma apontada para nossa cabeça e quando estamos numa cama de hospital.

A OMS diz que qualidade de vida é a “a percepção que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Enquanto escrevo vem uma imagem da foto do Michael rodeado pelos filhos e é possível ver o sorriso largo e sua percepção da realidade. Também é nítida a coragem e entrega estampadas no rosto como uma forma digna de encarar sua vida. Tinha felicidade por trás da dor. Impossível não pensar em outros tempos não tão longe assim, mas tempos extremamente cruéis de exclusão, onde matavam (como o médico fez com o Michael) as pessoas com deficiência sob a justificativa de não serem úteis para a sociedade.

Um momento igualmente cruel se repete em pleno século XXI e diante de uma crise mundial. E novamente as pessoas com deficiência e as pessoas negras estão na roleta dos que não valem a pena.

É preciso se perguntar: até quando vamos nos deparar com tamanha violência? Será que não estamos usando a nossa voz o suficiente ainda? Ou será que de alguma forma estamos contribuindo para que situações como a de Michael e de muitos outros continuem a acontecer?

Toda vida importa – De nada adianta se mostrar indignado sem fazer certos questionamentos. Essa é uma luta minha, sua e de todos. Preconceito e racismo são sistemas de opressão dos “brabos” e vão além das atitudes veladas, eles fazem a seleção de quem vai conseguir suportar por mais tempo a asfixia até a morte. Isso não importa para você? A mim, vidas importam.

Parece que resistir, não sufocar, lutar, ser ouvido, ganhar espaço na sociedade, deixar de ser invisível é, sobretudo, a qualidade possível para muitas pessoas. E sabemos que viver com qualidade não é isso. Em nenhum conceito, em nenhum modelo de mundo. Para muito além da sobrevivência, uma existência digna, verdadeira, com respeito a qualquer forma de vida.




Eliminar para Iluminar – Como fazer para resgatar a luz!

monge budista tibetano, vestindo seus mantos sagrados na cor marsala, está de pé com as mãos unidas junto ao peito junto a uma ampla janela do tempo por onde entra uma grande luz.

Ser saudável, ser solidário, ser feliz, ser produtivo, ser útil, ser acompanhado, ser apoiado, ser inteiro, ser independente… Não há limite para o “ser”.

Mas, por muito tempo, a humanidade pensou que, se conseguisse ter tudo o que achasse necessário para o seu bem estar, ficaria segura. Fomos lançados em um mar de consumo desenfreado para, de repente, perceber que, mesmo comum closet abarrotado de todos os possíveis desejos, estamos vulneráveis a um inimigo invisível

Bem vindos a “Era líquida” onde, ser torna-se essencial. Daí ser interessante o conceito de eliminar para ilumina: vivemos um momento de Trevas, portanto, quanto mais luz, mais rapidamente sairemos dessa. E repare como esse conceito pode ser aplicado a tudo:

Eliminar roupas para iluminar o estilo – quanto menos você tiver em seu guarda roupa, melhor enxergará o que realmente importa. E, como a tendência é guardar apenas aquilo que nos é caro ou de muita qualidade, se conseguir eliminar tudo o que não usou, o que é velho, e que ganhou, mas não gostou – já terá definido em parte seu estilo.

corpo de um homem desnudo, num ambiente escuro e sobre e rosto um luz clara ilumina a parte superior frontal. Ele gesticula como fôsse um salto frontal.

Eliminar rancores para iluminar afetos – sentir raiva consome uma enorme energia – ainda por cima ruim. Procurar digerir o motivo daquilo e guardar em um escaninho da alma sem chance de trazer à tona sem motivo ajuda muito mais que imagina. A Raiva contamina. Não estou dizendo para esquecer – apenas para eliminar da superfície do seu dia a dia, onde fatalmente o sentimento fará você tropeçar atrapalhando sua caminhada.

Eliminar excessos para iluminar a direção – excessos de tudo: de sentimentos, de objetos de agendas indesejáveis, de amigos tóxicos… Cada um tem a sua maneira d eliminar – mas identifique o que é o excesso: tudo (e todos) que não lhe serviu ou não lhe serve  e nem agrada pode ser um bom critério…

Uma foto de um espaço que tanto pode ser uma garagem quanto uma sala muito moderna. As paredes são totalmente brancas porém estão iluminadas com muita cor fazendo com que as frestas de espaço e sacas tenham efeitos de luz e sombra. Predominam os tons de rosa, lilás e amarelo. O espaço é grande e está vazio.

Eliminar a polêmica para iluminar a solução – chega de polemizar. Guarde sua opinião e vai ver que o fato de não se impor tanto não vai fazer tanta diferença. Aja em vez de falar. Siga na sua direção com foco e sem se abalar. Você chegará mais rápido onde quer chegar sem tanto ruído e gasto de energia.

A pandemia nos mostrou que juntos somos muito mais fortes. TODOS juntos então… Esse é um bom momento para identificar nossos preconceitos, nossas reservas quanto a isso ou aquilo – e dar uma chance para uma melhor e maior interação com pessoas e práticas diferentes. Não necessariamente aderindo a tudo, mas respeitando e compreendendo de verdade. Pode ser libertador – experimente!

Faça uma lista do que pode eliminar- e passe a ação. Nesse delicado momento, toda chama é necessáriaSobre uma mesa de madeira está uma garrafa de vinho envolta em uma capa de juta rústica com das velas bem baixinhas a sua frente e taças. Ao fundo luzes em forma de coração iluminam o ambiente.




Como fazer para não morrer de tédio em segurança

Claro que uma reunião ao redor de uma mesa com boa comida é uma grande pedida, mas, quem disse que esse é o único entretenimento que podemos oferecer nessa volta do convívio para confraternizar em segurança?

Pensar em alternativas onde não haja a necessidade de tanto contato – e o eventual complicador do serviço implícito nas refeições, lembro aqui de algumas opções – onde a interação pode ser igualmente enriquecedora e divertida.

Dependendo do grupo de convidados pode-se pensar em:

1 filmes e séries – compartilhados juntos – por que não retomar o hábito de compartilhar em casa um bom filme ou série?

2 – Jogo de Cartas – por que não? Com baralhos novos e todos com mãos devidamente limpas não deveriam ser perigosos.

3 – Jogos de salão – de tabuleiro ou não. O bom e velho entretenimento analógico com peças higienizadas e jogos de dados individuais para minimizam o risco.

4 – Música em casa – lembram dos saraus? Pois é uma grande ideia: artistas ao vivo ou mesmo os de casa ao vivo e sem tanto contato…

5 – Aula/ palestra/ debate cultural – dependendo do tema, pode ser uma noite e tanto…

É importante deixar claro que, para quaisquer dessas atividades a segurança  aumenta à medida que há um controle do número de pessoas/espaços assim como observar a distância correta. Além claro, da higienização das mãos. Não é o novo normal. É o novo momento. Delicado e necessário. Se vier a ser normal, não deverá incomodar tanto – afinal normal (diferente ou não) é infinitamente melhor do que perdas de vidas sem sentido. E, com sorte, será o novo transitório.




O novo normal de Restaurantes e bares – e dos clientes…

E finalmente estamos para sair da quarentena, estamos quase na fase 2 da flexibilização – espero que possamos ir para a fase 3 onde bares e restaurantes poderão abrir.

Mas será que todos entenderam que será um cenário mega diferente, onde segurança pessoal e comportamento social é o mais importante?

Hora de pagar – nada de dinheiro em nota (aliás, quem ainda paga com nota?). Prepare o cartão de débito/crédito  e as maquininhas. Os estabelecimentos que não tiverem um ambiente de pagamento sem contato serão considerados por trás da curva operações-tecnologia.

Delivery – ok, tecnicamente, o estabelecimento tem que controlar o motoboy – mas isso nem sempre acontece (infelizmente). Então cada local tem que procurar implantar alguma forma manter a comida em uma temperatura adequada até o momento da entrega – e que possa ser rastreada, protegida… Além de registrar quem pegou a comida e o tempo de retirada.

Cardápio – nem todo mundo entende e se sente a vontade com cardápios virtuais. Assim, os estabelecimentos devem procurar fornecer uma opção que o cliente não tenha medo de usar. Um cardápio plastificado – que possa ser limpo, facilmente – é uma boa escolha. Mas o ideal mesmo é, o cliente possa acessar e escolher seu pedido direto do seu smartphone. Investir nesse tipo de tecnologia é o melhor que o empreendedor pode fazer.

A nova consciência e preocupação com o contágio serão um dos principais fatores para que as tecnologias existentes sejam totalmente implementadas- e aceitas. Sim vai custar. Mas, uma vez implantado o sistema, a vantagem é real e inequívoca, revertendo em clientes esse investimento . Segurança será o critério e a prioridade.

 




Vamos ajudar! Mais e melhor – é possível e necessário

Seria trágico em qualquer país, mas, no nosso, desigual, sem liderança e pior : com um pseudo líder ególatra e que insiste em causar e dar mau exemplo todos os dias, estamos a mercê apenas de nós mesmo e do nosso bom senso…Toda vez que o Presidente vai a público contrariar as recomendações da Organização Mundial da Saúde e colocar-se contra o isolamento da população para defender a economia, deixa claro que vidas pobres não importam….

E quem ajuda? Essa mesma a população, juntamente com as ONGs claro! Estão correndo atrás de todas as maneiras  para ajudar. As ONGs têm o know how (conjunto de conhecimentos técnicos e práticos), legitimidade, capacidade para receber e distribuir doações e entregar para quem precisa.

Muitas delas, atuam em comunidades de baixa renda, onde – penso – agora são os locais mais atingidos pela pandemia: com escolas, comércios e serviços fechados.

Sim, estamos na fase de flexibilização e poderemos sair e trabalhar para ganhar nosso dinheiro. Mas, não se iluda ainda  existirão muitos que  precisarão de nossa ajuda.

Quando vi 3 caminhões cheios de uma ONG descarregando brinquedos e agasalhos em Heliópolis (criança também precisa se distrair para tentar convencê-las a ficar em pequenos espaços certo?) meu coração cético se acalmou um pouco…

Vale lembrar que: qualquer quantia faz a diferença! E também… não é só dinheiro que é importante nesse momento, podemos fazer muuuuuuuito tendo compaixão com nossos vizinhos – ajudando do jeito que der!