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Enologia é para que, entende. Apreciar vinho é para todos

O caso foi motivo para várias discussões, inclusive a de que “esse papo de enologia é tudo bobagem, vinho é tudo igual”.

Tudo igual não, cara pálida!  O problema é que, de modo geral, as pessoas tendem a perceber a enologia como algo que se restringe a valores e/ ou preço de mercado. E o vinho vai muito além de números, gradação de álcool e batizar as “notas” com referências poéticas como “orvalhada” ou “amadeirada”.

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Tomemos o exemplo do casal que pediu o caro e ótimo:  o que faz alguém querer pagar aproximadamente R$11.000,00?

São enólogos apreciadores de vinho e ganharam na loteria – portanto estão realizando o sonho da vida ou eles são jornalistas e estavam fazendo uma matéria anônimos com o cartão corporativo da empresa para a seção de vinhos.

Agora, outra pergunta: por que não perceberam que estavam tomando um vinho agradável, sim, mas não aquele caríssimo que haviam pedido? Arrisco algumas possibilidades:

A comida que pediram estava tão boa que harmonizou super bem com o vinho, deixando tudo perfeito. Ou eles não entendiam nada de vinhos, mas, como tinham dinheiro pediram o mais caro “para garantir”.

Quem sabe eles estavam tão apaixonados, entretidos em comemorar a felicidade que qualquer vinho seria apreciado igualmente.

Percebem que o “apreciar” um vinho tem muitas variantes – já dizia um ditado antigo que “o melhor vinho é aquele do qual eu gosto” Porque depende de cultura, hábito e do momento em que você degusta. E, claro da sua familiaridade com a bebida.

Cresci tomando vinho nos almoços familiares na casa de meu avô italiano. Vinhos “bons” considerando a exigência de qualidade de minha avó do norte da Italia. Não “entendia” de vinhos: apenas bebia, e gostava. Acompanhavam risotos, massas deliciosas e fofocas familiares saborosas em momentos felizes.

Na faculdade desenvolvi uma alergia que, hoje entendo, devia-se a química usada em alguns vinhos “inferiores”. Eu bebia, mas passava o dia seguinte vermelha e “empipocada…”

 

Quando conheci meu marido, criado na Toscana, contei sobre minha alergia. Ele riu e disse: “vinho bom não dá alergia!”: Há 32 anos bebemos os vinhos que ele escolhe – e nunca mais empipoquei pois, embora não seja enólogo ele aprendeu a apreciar desde sempre.

Pois é: uma coisa é plantar, desenvolver métodos de produção, análise e catalogação de vinhos – outra, é apreciar. Com todas as belas variantes que a vida pode nos proporcionar.




Rio Sol prova seu talento para tirar vinho de pedra

Esse é um dos mais importantes concursos de vinhos e destilados do mundo e aconteceu entre os dias 4 e 7 de abril em Bento Gonçalves – na etapa Brasil. A vinícola foi a que arrebatou o maior número de medalhas entre as 40 participantes. Localizada no Vale do São Francisco (PE) A Rio Sol pertence ao grupo português Global Wines e está no Brasil há menos de 20 anos.

Quando estive lá me encantei com o lugar e as instalações modernas da vinícola com 120 hectares de área plantada e produção anual de cerca de 1,5 milhão de quilos de uvas, brancas e tintas.

Claudia Matarazzo de chapéu de palha e óculos escuros está em primeiro plano no meio de uma plantação de videiras. Com os braços erguidos ela alcança um cacho de uvas maduras.

 

 

 

Passei 3 dias em Lagoa Grande – onde está localizada a plantação, fiquei impressionada com a eficiência e a organização  de todo o processo. E senti uma enorme admiração por quem acreditou há pouco mais de uma década em investir e produzir nessa região semi árida,  que todos estão acostumados a relacionar com pobreza e necessidade.

 

Havia ali paixão e uma nova perspectiva: gente que percebeu que pode plantar, colher, produzir e encantar além da região – e agora do país  -com seus produtos.

 

Ousada, é a única vinícola, hoje, no mundo, a produzir duas safras de uvas por ano. A escolha visionária da região árida do Vale do São Francisco quando todas as vinícolas já estavam estabelecidas no sul do país provou que perseverança e ousadia são uma combinação vencedora.

 

As medalhas de Ouro foram para o levíssimo  e delicado Espumante Rio Sol Brut Branco,  para o Vinho Tinto Rio Sol Premium (2013 antes conhecido como Paralelo 8) e o Vinho Tinto Rio Sol Gran Reserva Touriga Nacional (2014).

Faço questão de contar tudo isso aqui porque ali vi um Brasil que dá certo – em uma região onde por tanto tempo nada – ou muito pouco – dava. Mas é uma questão de acreditar e se empenhar. E não esperar cair do céu.
Parabéns a Vitivinícola Santa Maria – que fez isso e provou literalmente que, plantando dá.

Lançado no final de 2016, o mais recente rótulo da Rio Sol, o espumante Rio Sol Brut Premium,  ( com um exótico sabor indescritível ) conquistou lugar de destaque na prova, recebendo a medalha de Grande Ouro.

As duas medalhas de prata ficaram com os rótulos Vinho Tinto Rio Sol Gran Reserva Alicante Bouschet (2014) e o Vinho Tinto Rio Sol Syrah (2015). O Vinho Tinto Rio Sol Gran Reserva Alicante Bouschet passa por um estágio de nove meses em barrica de carvalho francês.

Mais informações no www.vinhosriosol.com.br