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Culpada até que se prove inocente

Protagonizado por, Claudio Gastão da Rosa, advogado de defesa do Réu, com a conivência do juiz e do defensor público (que deveria estar defendendo Mariana), esta, que acusava o cliente do Dr. Claudio de estupro, foi julgada em plena sessão – com direito a exposição de fotos pessoais e detalhes de sua vida financeira.

Sim, Mariana alegava ter sido vítima de estupro. Sim, o acusado, André Aranha, acabou inocentado por falta de provas. E sim, as provas existiam: o exame de DNA encontrou o esperma dele no corpo de Mariana.

Como então Mariana se transformou em ré? – o juiz, com muita preguiça, alegou que as provas eram insuficientes.  Mas antes, deixou rolar um barraco: a moça ouviu do advogado do réu que ela “vivia disso” (disso o quê?)  E que “estava devendo 7 meses de aluguel” …

Naquele julgamento, houvesse apenas uma mulher, a coisa não teria chegado a esse ponto. Se o defensor público fosse mulher, teria interrompido de cara a enxurrada de grosserias. Fosse uma juíza, certamente o desfecho seria outro – pelo menos a alegação seria mais consistente. Fosse o advogado de André Aranha mulher… bem, acusado de estupro, não é doido de pegar uma advogada mulher.

Porque mulheres, sabem que não existe penetração com gozo dentro delas “sem intenção” – como alegou a defesa. A época em que éramos consideradas bruxas havia ficado para trás, mas, parece que os homens, pobrezinhos, estão novamente sob o feitiço dessas fêmeas más. Portanto, Meritíssimo, foi sem intenção.

Virou moda: vídeos e áudios, em si, repugnantes em qualquer contexto (dentro ou fora) são justificados com a frase estúpida de que “estava fora de contexto”.

Vamos nos ater aos fatos: mesmo com a prova de penetração – por que motivo a palavra dela, dizendo que foi drogada e não se lembra o que houve (apesar do sangue e do esperma indesejáveis no dia seguinte) vale mais do que a dele – cuja prova do DNA não mente?

Novamente: porque ela é mulher. Portanto, vadia. Portanto, Bruxa. Portanto, queimem-na humilhada!  Há poucas semanas ouvimos um áudio (nada fora de contexto) de Robinho, dizendo que, não teve penetração com uma moça que estava bêbada e que teve “só sexo oral”. Oi?

Papéis Invertidos – tivesse uma moça, jovem e bonita, se esfregado em Robinho (ou em Andre Aranha) gozado sobre o corpo deles enquanto estavam desacordados e deixado marcas de arranhões e outras evidências de uma conjunção carnal intensa em seus preciosos músculos viris. Machos que são, talvez não ligassem muito. Masssss….se acordassem de ressaca, provavelmente a acusariam de assédio, xingariam de vadia e louca – e tentariam “dar o troco” de alguma forma.

Feminismo tresloucado? Acho que não; quando mulheres de todo o mundo protestam e expõem nosso preconceito cultural, arraigado e machista, esse flagrante desigualdade que achincalha nossa justiça, algo de muito podre certamente está contagiando o reino da Dinamarca.




Machismo sem fronteiras

numa mesa um homem usando casaco e capuz , está a usando um notebook. Não se consegue ver seu rosto em função da sombra do capuz.

Viajei? Pois preste mais atenção: e embora não seja o caso de comprar briga o tempo todo, reaja sim e responda se der vontade – no mínimo para mostrar que elas não são engraçadas nem inteligentes. Apenas boçais.

Abaixo  uma seleção delas, algumas publicadas no jornal espanhol El Pais. Fiz questão de dividir por categorias para deixar claro o quanto não há limites para a hipocrisia.

Os distraídos

– “Mas, como posso ser machista, se adoro as mulheres!”.

– “Não posso ser machista, se nasci de uma mulher!”

– “Não sou machista, mas acontece que o feminismo…”.

Os justos e igualitários

  “Nem machista nem feminista, igualitário”.

– “Deveríamos chamar de humanismo, porque é mais inclusivo.”

– “Apoio o feminismo, mas quando você pede a igualdade, está dando postos imerecidos a inúteis apenas porque são mulheres”.

 Os cínicos espertinhos

 – “Sou a favor do feminismo, mas alguém deveria falar dos homens que foram mortos por suas esposas no ano passado”.

– “Sou a favor do feminismo, e não das feminazis“.

– “Se vocês querem a igualdade, por que não reclamam que entram de graça nas discotecas?”.

Os Fofos ignorantes

 – “Eu ajudo em casa”.

– “Como posso ser machista, se minhas melhores amigas são mulheres?.

– “Não sou machista, mas prefiro ter colegas de trabalho homens – porque nos entendemos melhor”.

Os pseudo intelectuais

 – “Não sou machista nem feminista. Nenhum ismo é bom”.

– “Se você fosse realmente uma feminista, reclamaria da violência, e não de bobeiras”.

“Machista, eu? Machistas são aqueles do islã, que colocam véu sobre as mulheres”.

-“Como homem feminista, não entendo por que deve haver espaços mistos onde não posso entrar. Vocês precisam de nós para a luta”.

Os brucutús sem noção

– “Em minha casa não há machismo, minha mãe é quem manda”.

– “Não sou machista. Nunca bati em uma mulher”

Essa última uma pérola não? E demonstra claramente o grau de condescendência e boçalidade que aturamos fazendo carinha boa. Não faça mais. Não faça nunca. Não compactue.

E comece a pensar em responder. Sem briga, sem barraco – mas se preciso for, com muito alarde! E com firmeza e propriedade – que é como sempre conquistamos nosso espaço. E quem sabe as próximas gerações entenderão que igualdade não se trata de competir e sim de respeitar o outro – independente de gênero. 

 

um casal de crianças, aparentemente , ele 10 anos e ela 8 anos, com mochilas, a dele é azul e a dela, verde, nas costas, caminham numa rua , com muros com plantas . Elas usam uniformes , ele calça bege e casaco azul e ela saia bege e casaco azul.