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Velórios: só rindo…

Antes de passar para a parte mais bizarra onde me irrito e começo a achar que não tem jeito, vou narrar a historinha da Vera, mãe de meu amigo Renato, fumante inveterada e da sua interminável rusga com o marido, Coronel Wagner por conta do vício do cigarro.

Ana Vera e o Coronel se casaram nos anos 50 e ela até o casamento conseguiu esconder dele o fato de fumar desbragadamente. Era uma mulher elegantíssima, e Renato lembra que não combinava com sua fineza o gesto de guardar o maço de cigarros sem filtro no decote.

Era precisamente o que ela fazia todos os dias. Para salvar os cigarros do marido que, apenas via um maço já o exterminava. Sem avisar – e algumas vezes na sua frente sem a menor piedade ante seu argumento aflito: “Pare com  isso, custa caro”

Ele mandou escolher entre ele e o cigarro – e ela nunca parou. O que o obrigava a ir comprar cigarros no bar para ela, pois naquele tempo mulher não entrava sozinha em bar, muito menos para pedir cigarros. Mais do que depressa ela guardava o maço no soutien e a vida seguia.

Renato cresceu ouvindo da mãe conselhos preciosos para fumar e continuar elegante: “Fume só até a metade – assim o dedo não fica amarelo”. Ou: “Segure o cigarro em pé para a fumaça ir para cima e não manchar os dedos”.

Do pai ele só ouvia que ela ainda ia parar de fumar. E dizia:

Não para, Papai, deixa que é mais fácil”. Mas o Coronel não se conformava e todos os dias dizia que ela ainda ia parar de fumar.

Muitos anos depois, em seu velório, Renato – como bom filho – tentando dar suporte ao pai, além de segurar a própria emoção e tristeza, vê o caixão chegar e a fisionomia do pai mudar. Ato contínuo, o Coronel se aproximou do caixão, olhou para o filho e perguntou: “Parou ou não parou!?”. Renato se lembra até hoje do tom de (quase) satisfação do pai ao ver seu desejo finamente atendido…

Velórios são assim: um mix de emoções, celebração a vida, tristeza e saudade.

Recentemente, Maria, minha amiga cerimonialista fez um casamento no qual a avó da noiva, mãe da mãe, faleceu durante a festa! Imensa comoção, correria, o cerimonial tentando avisar com calma os convidados que não haveria mais festa – porque não tinha como continuar.

Com muito jeito avisaram de mesa em mesa – aos que não havia percebido o ocorrido – que iam já providenciar o velório e que não haveria festa.

Uma das convidadas muito prestativa sugeriu: “Então vamos aproveitar as flores e os docinhos e levar para o velório…”

Maria levou um baita susto, mas depois viu que nem era tão má ideia. Ainda pensava como fazer isso quando ouviu de uma outra convidada mal-humorada e cheia de joias: “eu não vou embora enquanto não servirem o jantar!”

É mole? Como diz a figurinha:

“Além de não ser fácil, ainda é difícil’




Profissão: confortar e organizar o Luto

Facilita o momento de despedida, atenua burocracias e dilemas para a família enlutada e acolhe melhor os amigos e demais familiares.

Requisitos de um profissional de velórios – esse tipo de cerimonialista, além de conhecer ritos fúnebres e os trâmites burocráticos (que ajudará a agilizar e executar) também é responsável por celebrar a vida do falecido, com um discurso emocionante e sensível.

Para se tornar um cerimonialista de velório, é necessário ter habilidades em comunicação, administração eventualmente até mesmo em relações públicas e gastronomia, pois hoje é muito comum que os locais sirvam um pequeno bufê para atender a todos durante toda a duração da despedida.

Além disso, é importante ter sensibilidade para lidar com questões familiares e litígios relacionados à herança.

O que faz um cerimonialista de velório é um profissional que trabalha na organização e planejamento de funerais. Ele é responsável por coordenar todos os aspectos do velório, desde a preparação do corpo até a recepção dos convidados.

O trabalho de um cerimonialista de velório envolve várias  etapas:

Coordenar a preparação do corpo: é o responsável por garantir que o corpo do falecido seja preparado adequadamente para o velório. Escolha do caixão e a preparação do local do velório.

Organizar a cerimônia: organizar a cerimônia de despedida. Escolha do local do velório, decoração do espaço, escolha da música e preparação do roteiro da cerimônia.

Recepcionar os convidados: receber os convidados e garantir que eles sejam acomodados adequadamente durante a cerimônia. Ele também é responsável por garantir que os convidados sejam atendidos durante o velório.

Coordenar o cortejo fúnebre: deve garantir que o cortejo siga o roteiro previamente definido e que os veículos estejam organizados adequadamente.

Oferecer suporte à família: essa é uma missão delicada, pois é preciso de estar também disponível para responder a quaisquer perguntas ou preocupações que possam surgir.

Em resumo, é um profissional que ajuda a garantir que a despedida seja realizada com respeito e dignidade.

No que se refere ao mercado, esses cerimonialistas podem trabalhar como autônomos ou contratados por empresas que oferecem serviços para eventos. O preço pode variar de acordo com a causa da morte, o caráter religioso da cerimônia, o número de convidados e outros fatores.

Ok, se está achando uma ocupação demasiadamente triste, lembre-se que ajudar em momentos tão críticos pode ser muito mais gratificante do que se imagina. E nada impede que o mesmo cerimonialista possa se dedicar também a festas de formatura, casamentos e outras cerimônias mais festivas!




Como dar os pêsames pelo pet que se foi

Funeral PET

Quando minha filha insistiu em trazer Isabel (uma salsicha danada e gorda) para casa, sobrou para eu cuidar. E o fiz com má vontade, pois trabalhava em casa e todas as tarefas sobravam para mim.

Isabel morreu atropelada aos 4 anos e jurei que jamais teria outro pet. Mas, 2 meses antes da pandemia, Valentina, então com 22 anos, comprou um mini maltês branco e trouxe com apenas 2 meses para casa.

Foi amor a segunda vista. Sim, pois precisava fazer meu escândalo/sermão materno – ditando as regras e deveres de todos – antes de pegar no colo aquela fofura e me perder de amores…

Hoje, estou quase como outra grande amiga, Ruth, que faz bolo e festas de aniversário para a sua Lady com mais de 10 anos… De modo que entendo, pelo menos em parte, a dor da perda de um pet que, para muita gente é mais que gente e, claro, mais amado do que muitos malas da família.

Sei que nem todos entendem essa dor – e ficam aflitíssimos quando amigos com pets, começam a contar sobre seus pets doentes ou (muito pior) os que se foram…

Entenda o vínculo – um pet não é apenas uma fofura. É alguém que te faz companhia – até aí, ok. Mas é aquele que nunca falha em te confortar, na doença e na solidão. É amor incondicional. E faz parte de uma série de pequenas rotinas felizes da vida de seus donos.

PET funeral

Quando se vai, leva tudo isso com ele: não mais receber a porta, não mais companhia para dormir, trabalhar, passear, assistir TV, brincar… Um vazio enorme e uma vida desestruturada…

Mostre que entende – mesmo que não entenda. E você pode parecer realmente empático ao se referir sempre pelo nome do pet e não apenas “o seu cachorro.” Manifeste- se pra valer: pergunte se precisa de alguma coisa, se quer companhia para os preparativos e, principalmente, valorize a vida do pet que se foi através de algumas frases que, podem parecer manjadas, mas que ajudam de verdade em uma hora dessas:

  • “O (Pet pelo nome), vai deixar saudades, pois todos amavam ele…”;
  • “Você deu uma vida tão boa para o (Pet pelo nome) …;
  • “Sei que o (Pet pelo nome) era um grande companheiro, e que você vai sentir muita falta, mas por favor, conte comigo para o que precisar”;
  • “É uma perda muito difícil como qualquer perda em família, mas você tem que lembrar das coisas boas que viveram juntos”.

O que não dizer – jamais:

  • “Era apenas um cachorro, (ou gato, o que for) logo você compra outro…”;
  • “Não chore” – chorar faz parte de todo o processo e alivia, portanto encoraje que vivam esse luto;
  • “Ele está melhor assim”  – por mais que seja verdade quem ficou não está, portanto, tenha empatia e invista em frases positivas.

Espero ter ajudado aos que não tem pets, e que se afligem com o luto dos amigos que tem. Pois luto é, e como luto deve ser tratado: sem mudar de assunto, oferecendo apoio, e muita, muita solidariedade…