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Jackie era gente como as pessoas

A morte do marido, assassinado a tiros ao seu lado enquanto passavam de carro aberto por Dallas foi um momento inesquecível na história moderna – e que marcou profundas mudanças em protocolos de segurança .

Anos depois, ela escandalizaria o mundo ao casar-se com o bilionário armador grego Aristóteles Onassis, no que, por muitos americanos foi considerado uma traição. Seu carisma sobreviveu a isso e,  ao morrer com mais de 70 anos, Jackie continuava a ditar tendência. Sua elegância tornou-a uma referência até hoje – foi uma poderosa “influencer” muito antes de surgir o termo.

Há alguns anos, o jornalista Morgan Greenwald, publicou uma lista de detalhes cuidadosamente preservados durante sua vida dos quais, apenas os mais íntimos tinham conhecimento. Compartilho aqui não como fofoca mas, para mostrar que, ao contrário  do que pregam as redes sociais – exigindo uma perfeição constante e sempre exposta, ninguém é perfeito. Nem mesmo Jackie.

Jackie mancava – ligeiramente e, claro, ela evitava que se percebesse isso acrescentando em todos os seus sapatos alguns centímetros de salto de forma a igualar a altura. Sua assistente pessoal, Kathy McKeon afirma no entanto que era tão disciplinada que, mesmo descalça  não se percebia isso em sua postura sempre ereta.

Era uma jornalista de mão cheia – em 1951,em seu primeiro emprego, no Washington Post, ela precisou entrevistar Richard Nixon (antes de se eleger presidente). O que fez com a mesma desenvoltura com que cobriu a coroação da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Estamos falando aqui de uma jovem de 20 anos…

Odiou (e não  pode escolher) seu vestido de noiva – cercada por assessores, (Kennedy já estava eleito) não conseguiu mudar o modelo que, segundo ela, “acentuava a sua falta de seios e fazia com que se parecesse com um abajur”.  Ora, o dito vestido nela  ficou maravilhoso e, até  hoje é uma referência  de simplicidade aliada a glamour. Foi provavelmente a última vez que não pode opinar sobre uma roupa…

O famoso Tailleur  pink  Chanel era fake – a imagem correu o mundo: Jackie de tailleur pink. debruçada sobre a carroceria do carro aberto desesperada,  recolhendo pedaços  do cérebro do marido. Era um modelo Chanel, mas, segundo declaração de 2012 de Karl Lagerfeld, estilista da Maison, aquele era um cópia. Pode até ser: naquela época mandar copiar não era pecado como hoje. E quem nunca?!

Depois do divórcio com Onassis, apesar de não precisar, Jackie retomou  sua carreira de jornalista e fotógrafa e tinha um comportamento pra lá de pé no chão.  Se era “gente como a gente” não  sei, mas tinha uma  personalidade incomparável e, principalmente  uma disciplina férrea para alcançar suas metas – que nunca foram simplesinhas…




Jackie Kennedy Onassis: Viúva mártir ou interesseira?

 

Lord Harlech ao lado de Jackie Kennedy - Ele veste terno escuro e ela veste um conjunto , cor clara. (a foto é preto e branco)

Com o marido, o presidente, John Kennedy ela formou um dos casais mais emblemáticos e carismáticos a frente da Casa Branca. Depois do trágico assassinato do presidente a tiros testemunhado por ela, Jackie, tornou-se a “viúva da América”.

Quando anos mais tarde se casou com Aristóteles Onassis um dos homens mais ricos do mundo os americanos viraram-lhe a cara e demoraram décadas para perdoar o que consideravam uma traição a memória do presidente.

Hoje, a luz das cartas, percebemos que além de ter tido um romance anterior a esse segundo casamento, Jackie justificava sua decisão falando de seu próprio sofrimento e do quanto queria se distanciar da imensa perda.

Segundo as cartas, quatro anos depois da tragédia  ela iniciou um romance com David Ormsby Gore, – Lord Harlech,  um grande amigo da família e ele próprio transferido para Washington em 1961.

Uma vez descrito pelo presidente Kennedy como “o mais brilhante Homem que eu conheço “e considerado por muitos como o amigo não americano mais próximo do presidente, ele tornou-se intimamente identificado na Grã-Bretanha com a administração e a família Kennedy.

 

Lord Harlech ao lado de Jackie Kennedy - Ele veste terno escuro e ela veste um conjunto , cor clara. (a foto é preto e branco)

Lord Harlech (David Ormsby-Gore) com Jacqueline Kennedy e  Lady Harlech então ainda viva – a bordo do Queen Mary em 1965

O romance teria começado em uma viagem  aos templos de Angkor Wat no Camboja durante o qual floresceu  ,e alguns meses depois, ele a pediu em casamento.

A resposta ao pedido está em um maço de cartas encontrado há poucos meses pelos filhos do falecido diplomata, falecido em 1985 e serão leiloadas para ajudar a restaurar a propriedade.

Nelas, ela recusa o pedido de Lord Harlech com palavras cheias de angústia dizendo:

“Se eu em algum momento conseguir encontrar algum conforto diante dessa imensa perda e do vazio tem que ser com alguém que não é parte do meu mundo e do passado marcado pela tragédia. E talvez e consiga isso agora – se o mundo nos permitir isso”

Bem, o mundo não permitiu muito. Jackie viveu com Onassis um casamento cheio de altos e baixos e acabou se divorciando quando foi recebida  com amor pela América -onde voltou a residir até falecer décadas depois.

Discretíssima, ela continuou a trabalhar e jamais comentou, postou ou divulgou detalhes de sua vida íntima.

Se realmente amou ou não Lord Harlech jamais saberemos mas, amante das coisas bonitas e ela própria muito glamurosa, tenho certeza de que aprovaria que suas cartas ajudassem a manter o patrimônio do  ex namorado – que afinal de contas antes do romance sempre foi um dos mais próximos amigos do casal Kennedy.