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Velho x Idoso

Quando escolhemos falar em “velho” ou “idoso”, estamos diante de uma diferença importante na maneira como enxergamos e tratamos essas pessoas.

Apesar de se referirem à mesma etapa da vida, esses termos carregam sentimentos e percepções distintas, que podem afetar diretamente essas pessoas. A escolha das palavras influencia a forma como são vistas pela sociedade e, o mais importante, como elas próprias se percebem.

O que significa chamar alguém de “velho”? Embora o termo seja tecnicamente correto, é frequentemente associado a conotações negativas. Evoca uma sensação de desgaste, perda de valor e até inutilidade. Ao chamar alguém de “velho”, ainda que sem intenção, estamos diminuindo essa pessoa e a reduzindo à ideia de que, por causa da idade, ela não é mais capaz ou relevante. Isso apenas reforça estereótipos e preconceitos, levando ao preconceito etário, onde a idade avançada é vista como uma desvantagem ou um fardo.

Já o termo “idoso” transmite  respeito – ele reconhece a trajetória de vida, a experiência acumulada e a sabedoria que vem com os anos. É uma palavra que dignifica, reforça o valor da pessoa, em vez de minimizá-la por sua idade. Quando usamos “idoso”, estamos destacando o papel importante que essa pessoa ainda pode ter na sociedade. Reconhecemos que, apesar da idade, ela continua a ter relevância e pode contribuir de maneira significativa para o bem-estar coletivo, seja com sua experiência de vida, seja com seus conhecimentos.

Sugere inclusão e é amplamente usado em contextos formais, como em políticas públicas e discussões sociais, onde se enfatiza o cuidado e a proteção dos mais velhos, sem que isso signifique retirar-lhes autonomia ou diminuir suas capacidades. Ele reflete a ideia de que a pessoa idosa faz parte ativa da sociedade e merece o mesmo tratamento digno que qualquer outra pessoa.

Pode parecer um detalhe bobo, mas, escolher chamar alguém de “idoso” é uma maneira de reconhecer a dignidade e o valor contínuo dessa pessoa, promovendo uma sociedade que respeita todas as idades e fases da vida com uma convivência mais justa e harmoniosa. Pense nisso.




Viagens: de acordo com o seu momento

Por vício de profissão fui anotando mentalmente alguns detalhes que me fizeram repensar uma série de fatores para levar em conta em uma próxima viagem – e assim aproveitar melhor, tanto roteiro quanto a própria experiência em sua plenitude.

Finalmente entendi o turismo para pessoas com mais de 60 anos – e as razões pelas quais  é um nicho  tão interessante,  nada tem a ver com falta de vitalidade, ou velhice. Não se trata de idade, mas de como nosso olhar – e expectativas – mudam conforme com o tempo.

Quando somos jovens, e viajamos, quase nada importa exceto a novidade em si, os encontros, o point do agito, bares da moda, olhares cheios de promessas e eventualmente música, comida e a história do local. Em algum momento, isso muda.

Na maturidade – com ou sem filhos o foco é outro:  com mais peso no quesito trabalho priorizamos a estrutura e localização central dos hotéis. E, no caso de viagens em família preferimos resorts, restaurantes familiares, facilidade de transporte… etc.

Temos mais necessidade de  estar em grandes  centros urbanos com lojas, conhecer e consumir grifes, visitar grandes museus e mostras importantes e, claro não nos importamos com intermináveis filas em parques temáticos com os filhos.

50 Mais  – é a idade de resgatar os sonhos. O foco é  muito maior em lazer mais seletivo, saúde e bem-estar. Pensamos em viagens que priorizem beleza, e tempo de qualidade, destinos mais selecionados, com mais privacidade e uma certa sofisticação nos restaurantes. Não mais viagens em grupos ou com amigos que mal conhecemos. Apenas os vínculos consistentes – e pessoas que andam e entendem nosso ritmo para nos acompanhar.

60 mais – o tempo é outro: queremos voltar aos locais que nos acolheram, hotéis com boa estrutura, centros urbanos menores, mais “amigáveis” com bons recursos médicos. Parece piada mas, para alguém dessa idade,  boas farmácias em viagem fazem mais sucesso do que uma loja de marca aos 40 anos ou uma liquidação aos 30. Em trechos maiores de carro, banheiros bons no caminho são essenciais. Aliás, bons banheiros sempre: em hotéis, aeroportos, estradas e afins.

Pausas – sim, em viagem, as pausas são fundamentais. Se na vida elas são essenciais, em uma viagem, são parte do prazer de qualquer  roteiro. Quando jovens esse conceito nos escapa – assim como tantas coisas. Mas, hoje, fazer uma viagem na correria é a definição de inferno na terra.

Portanto, se está planejando uma viagem de fim de ano, de férias ou mesmo de presente para você e sua família, pense no conselho dessa senhora viajante: análise com cuidado – não o roteiro, mas o seu desejo e, principalmente, seu momento. Siga seu coração e permita-se sonhar, voltar aos seus cantos preferidos e, agradecer a Deus mais essa oportunidade e privilégio em uma bem-vinda  e importante pausa, em boa companhia. Boa viagem!




Você já ouviu falar em Etarismo? Sabe o que é???

Que triste. Aliás, tristíssimo. Como qualquer tipo de preconceito.  Mas, ele existe e infelizmente está bem presente na sociedade brasileira.

E não apenas contra pessoas de “idade avançada“, mas cada vez mais contra qualquer um que ultrapasse os 30, 40 anos.

Eu fico me perguntando: que sociedade é essa, que despreza (conscientemente ou não) a vivência, a sobrevivência, a experiência, a sabedoria. Só pode ser uma sociedade doente.

Tudo bem, é maravilhoso ser jovem, o viço, a força, a alegria de viver. Tudo isso é delicioso e encantador. Mas, também há o outro lado da moeda. A falta de  experiência, maturidade e independência, normalmente presentes na juventude. E está tudo bem, tudo certo. Elas virão com o tempo.

Todos nós já fomos jovens e nos lembramos, na maioria das vezes, com saudades de nossa juventude.

A juventude é maravilhosa, assim como a maturidade! A maturidade dos 40, 50, 60 e poucos anos.

Não há demérito algum em não ser mais jovem. Aliás, querer a juventude eterna é utopia. Que na prática, muitas vezes leva aos exageros e ridículos da vida.

A vida passa e nós envelhecemos com tudo a que temos “direito”.

Nos tornamos mais calmos, mais sábios, mais tolerantes. Ou não! Vai depender também dos aprendizados individuais.

Mas, há grande chance de isso acontecer para a maioria. Tomara…

Nós precisamos urgentemente repensar essa postura social generalizada, horrorosa e injusta, de Etarismo.

Precisamos aprender a enxergar as realidades da vida e mudar nossos próprios conceitos.

Tenhamos como exemplo a sociedade japonesa, que honra e valoriza seus não jovens. Que os mantém inseridos em seus contextos familiares e sociais, fazendo uso de suas competências adquiridas com a vivência. Quantas diferenças em relação a nossa doente sociedade brasileira.

Nós que já passamos dos 40, 50 (quando tantos e tantos morrem antes), precisamos aprender que somos sobreviventes de valor e experiência. Não há necessidade alguma em omitir ou mentir a idade.

Pintar os cabelos brancos? Apenas se for mesmo uma questão de estilo e nunca para os esconder.

Vamos pensar sobre isso? Tenha orgulho da sua idade. Da sua vida. É libertador

Eu sou Astrid Beatriz, tenho 52 anos e cabelos prateados. Me orgulho muito da senhora em que me tornei. Me acho o máximo!!!

 

Escrito pela Professora Astrid Beatriz Bodstein




Belezas Ocultas – como fazer para encontrar

Silhueta de uma mulher adulta e curvilínea agachada no escuro com apenas uma fresta de luz delineando a lateral das nádegas, coxas, ombro o braços. A impressão é de leveza e mistério uma vez que não se enxerga o rosto e apenas partes do corpo bem feito desenhado pela luz.

Pelo menos não de cara. Feios, desajeitados e os fora de padrão tem que esperar na fila e conformar-se em ser a segunda ou terceira opção de uma maioria de gente que está muito mais preocupada com massa muscular, massa magra, barrigas “tanquinho” e outros pérolas que se ouve para definir os gostosos e gostosas da vez.

Nada contra gente gostosa. Mas me espanta a miopia que faz com que se fale muito em diversidade mas, na prática, impede que as pessoas enxerguem as belezas ocultas de pessoas que, mesmo sem corresponder a esse padrão luminoso (porém medíocre), podem ser muito, mas muuuuuito mais interessantes e ricas para se conviver e amar.

Praticando a diversidade – La vita é bella perché é varia adoro esse ditado italiano que prega as belezas da não mesmice!

Verdade que minha mãe e amigas, na juventude, às vezes não entendiam o que eu via naquele namorado feioso mas genial ou no outro que era praticamente mudo de timidez mas a quem nada escapava – e que me enchia de carinho e atenções.

Sexo na veia – Hoje, vejo filha, amigas e filhas de amigas falando muito abertamente em sexo: falam de pegada, tanquinhos e das mais variadas maneiras de como alcançar a perfeição da forma para atrair um parceiro.

Falam, falam, pegam e voltam a falar para reclamar, botar defeito, tentar trocar e começar a caça – tudo de novo!

Eu, hein?

Paciência é tudo – acredite. Um dos grandes empecilhos para que as pessoas percebam o sutil encanto do não belo é a total falta de paciência que permeia essa geração.

Basta um Clic – hoje tudo é acessível a um simples clic do mouse. Você compra, namora, confere resultados de exames, pequisa destinos, produtos e até pessoas – tudo com um clique pela internet.

Aí vem dá uma preguiça louca de apurar os sentidos para perceber além das imagens luminosas e coloridas. Quando digo sentir, falo das sensações proporcionadas por conhecimento, confiança, intimidade… Hoje cada vez mais raros de se encontrar em um mundo onde tudo é tão escancarado e exposto.

Excesso de exposição fragiliza – cada vez menos as pessoas tem noção do conceito de privacidade. Que te permite errar em particular. Fazer novas tentativas sem anunciar ao mundo que eventualmente tenha se enganado e, principalmente sofrer e se recuperar dando-se o devido tempo para isso.

Ninguém hoje admite que erra, que está mais velho ou mais gordo – já reparou? Todos querem sempre afirmar que estão ótimos, que já superaram aquela dor de cotovelo e (horror dos horrores) que já estão com um “novo namoradinho” (ou namoradinha)…

A alma se apequenou – na mesma proporção em que as pessoas não querem mais perder tempo com nada – pode conferir. Uma pena pois, sentir muita tristeza permite que depois se aproveite melhor os pequenos momentos de alegria e paz.

A medida que aprendo a apreciar pessoas diferentes das apenas perfeitas permito-me um leque muito maior de amizades, amores – e experiências infinitamente mais ricas e gratificantes.

Vejo as jovens descabelando-se na fila de uma bolsa da moda e tenho a certeza de que, em vez de tanta loja, grifes e academia, mais produtivo seria aprender a arte da contemplação. Escutar. Olhar. Enxergar e descobrir. E aprender a desfrutar as belezas ocultas.

Foto de dunas de areias brancas no deserto de onde se ergue uma formação rochosa como uma grande gruta sobre a areia. Por uma abertura das paredes da gruta entra uma luz azul e forte iluminando a paisagem. Aos pés da gruta, uma figura minúscula de um beduíno com a capa esvoaçante dá idéia da grandeza da natureza.




Maturidade não é palavrão – e dura muuuuuuito!!

Senior women toasting coffee cups

Por isso vamos falar de maturidade – aquele estado que nosso corpo começa a atingir a partir de, digamos 25 anos e meio. Calma: não vou tentar convencer ninguém a chamar de “melhor idade” ou lançar em sua cara palavras como “envelhescência”…

Mas, hoje vive-se até os 80, 90 anos e, pelo que se vê, aos 70 a maior parte das pessoas ainda está em plena forma: maduros e ativos. Ora,  se passamos muito mais tempo de nossas vidas como pessoas maduras do que como adolescentes ou crianças –  quanto antes no acostumarmos com esse conceito e o que está implícito nele, melhor.

Esqueça estereótipos terroristas – como aqueles que alardeiam que “O mundo é dos jovens”, que o mercado de trabalho não aceita gente com mais de 40 anos”, ou que “tudo cai depois dos 30”. Eu hein?

Uma das vantagens de amadurecer é que aprendemos a questionar e reverter situações. Além de controlarmos a ansiedade muito melhor do que aos 20 anos. Também nos tornamos mais tolerantes – e fica muuuuuuuito mais fácil rir dos micos do dia a dia.

Acha pouco? E toda a sua experiência até agora? Uma vivência preciosa – que pode facilmente trabalhar a seu favor. Mas, para que isso aconteça, é preciso enxergar-se de fato no universo da maturidade e dar o devido valor a seu status. Afinal, desde que o mundo é mundo, experiência merece respeito – em qualquer civilização. O resto vai depender da forma como nós nos colocamos e lidamos com a nossa bagagem.