Além do Sexo – e das periquitas decoradas
E o que são lábios vaginais “corretos”? Calma meninas. Esse conceito não existe. Não é como se houvesse um parâmetro bôca da Angelina Jolie de beleza para os lábios vaginais.O British Journal os Obstetrics and Gyneacology já decretou a variedade de tamanho e formato dos lábios vaginais é tão imensa que torna-se impossível estabelecer um parâmetro do normalidade.
Além do mais, a Associação de Ginecologia alerta para os enormes riscos de mexer em um local com tantas terminações nervosas. Porque então tamanha adesão a essa moda?
Tenho para mim que um dos motivos é que hoje, com perene e total exposição permanente do corpo, há uma neurose em busca da forma perfeita – que se estende até mesmo aos lábios vaginais.
Belezura não garante prazer – é fato! Talvez as mulheres acreditem que, depois dessa operação tornem-se automaticamente mais sedutoras e, consequentemente, terão mais prazer sexual. Evidente que não é bem assim.
Ora, até pouco tempo atrás essa era uma parte do corpo que ficava escondida, preservada confortavelmente por pelos, considerados um adorno sensual.
A medida que começaram a expor mais o seu corpo – primeiro com biquínis até chegar nos minúsculos tapa sexos usados no carnaval, as mulheres começaram a se depilar e eis que a simpática e tímida vagina ficou cada vez mais ameaçada.
Vieram as técnicas malucas de depilação: formatando a pelagem em corações ou ursinhos conforme o desejo da freguesa (ou seu parceiro) e finalmente o golpe final: a depilação total do púbis.
Ora, submetidos a tal técnica, os genitais femininos assemelham-se penosamente a carcaça de um frango depenado, empacotado. E eis que, aí sim, os pequenos e grandes lábios, dolorosamente expostos começaram a ser mais observados e criticados. E dá-lhe cirurgia!
Mas o prazer sexual está além da vagina – e da cama. Mas há uma certa preguiça de pensar em como envolver de fato o parceiro. Dá trabalho: requer envolvimento (palavrão hoje) e dedicação (outra atitude incomum).
É preciso perceber o outro fora do quarto, entender o seu desejo mais abrangente – e não apenas o imediato, transformando os pequenos prazeres do cotidiano em delícias.
Entender enfim a beleza da concessão como grandeza – e não como renúncia ou privação. Difícil talvez, porém mais barato, menos invasivo e infinitamente mais gratificante e prazeroso do que simplesmente entrar na faca para exibir periquitas decoradas.