Jeans, Puristas e Consumistas
Tomemos como exemplo o Jeans – que surgiu no século XIX, usada pelos trabalhadores das minas nos EUA. Em pouco tempo as calças em denim grosso, ora adotadas pelos trabalhadores rurais em geral e, em meados do século XX eram o uniforme obrigatório de toda uma juventude rebelde e louca para se fazer notar pela irreverência.
Em pouco tempo a moda ganhou o mundo e uma infinidade de variações: os tecidos podiam ser misturados a lycra, eram coloridos em muitas tonalidades de azul e também algumas cores, lavados, stonados, rasgados, com anarruga… Enfim, valia tudo desde que pudéssemos continuar nesse conforto e versatilidade afinal, o jeans podia ser usado por jovens, velhos, gordos, magros, ricos e pobres.
E para completar os preços também eram superacessíveis, desde os mais populares (porém de boa qualidade e duráveis) até os caros de grife para quem pode…
Na década de 80, o jeans no Brasil ganhou status: chegamos a ter grifes que carregavam na ostentação – afinal era a década do brilho: as calças tinham strass, tachinhas, pedrinhas, miçangas e eram usadas com sapatos de verniz e saltos altos. E muitos ainda acrescentavam uma meia soquete de lurex para dançar á noite…
Estado Bruto – esgotadas as possibilidades de variações, em algum momento, um purista resolveu que o jeans estava prejudicando a natureza com tantas lavagens (e está mesmo, posto que a indústria é poderosa e imensa) e que agora vale muito mais o jeans feito com “Denim orgânico’. Isto significa que o denim é 100% algodão.
Beleza. Não fosse o fato que esse algodão é rígido, dificulta os movimentos e é superquente…. Não é à toa que a moda pegou logo na Ásia e Europa – onde faz muito mais frio que calor. Aí fica fácil usar. E o preço? Tá preparado? Há calças duronas que começam com R$1.100,00 e podem atingir, algo em torno de R$3.500,00 – preço das fabricadas pelos teares da província de Okayama, no Japão…
Agora é brega – nesse modelo orgânico ficam banidos os rasgos artificiais, as lavagens para desbotar e outros detalhes. O corte é o clássico modelo reto nas pernas ligeiramente mais estreito nos calcanhares. Nada de skinny, lycras etc.
Coisa nossa – todo esse papo não é para te desanimar, não. Apenas para abrir seu olho e dar a ótima notícia que, algumas marcas nacionais já estão desenvolvendo esse tecido na versão tropical, ou seja, mais leves e adequados para o nosso clima. Em teares antigos com tingimento artesanal e a preços beeeem mais acessíveis. A Dreher e a Krieger conseguem chegar a um valor abaixo de R$600,00. Nada popular ainda, mas no bom caminho.
Por isso, se quiser aderir a moda espere um pouco – como tudo na vida, a lei da oferta e procura abaixa o preço se a procura for inteligente – e sobretudo paciente.