Aeroportos e Rodoviárias- vai de que?
Parecia cena de filme: o saguão com lajotas quadradas em contraste preto e branco imenso, por onde “aeromoças” passavam lindas de chapéu, com sorrisos corteses e vermelhos.
Alguns poucos passageiros – a maioria casais – vestidos como meus pais antes de sair à noite: os homens de terno e as mulheres elegantes todas de vestidos ou tailleur.
Não é saudosismo, mas fato, se alguém passasse de moletom ali, seria recolhido por algum segurança, confundido com um pedinte.
Anos 70/80 – lembro-me de ouvir indignada dos amigos elitistas que “aeroportos hoje parecem rodoviárias de “tão cheios.” Era exagero mas, aeroportos haviam se transformado sim, em lugares movimentados e com imenso fluxo de pessoas (ainda bem)…
Anos 90/2000 – viajando intensamente a trabalho, a diferença se fazia perceber por um detalhe importante: eram mais brasileiros nas filas e de todas as partes do país – assim como de todos os extratos sociais. Lembrava-me dos imbecis elitistas que comparavam aeroportos a rodoviárias: agora sim, parecia mesmo. A notícia era boa, exceto pelo fato que tínhamos que chegar quase 2 horas antes para embarcar com calma…
Por terra – em distâncias até 5 ou 6 horas por terra, comecei a preferir as rodoviárias que, nesse ínterim haviam melhorado muitíssimo – em todas as regiões do país – e em cujos ônibus (igualmente mais preparados) posso dormir e me esticar (coisa impossível em voos domésticos).
2022 – viajar de avião é brega – foi a conclusão que cheguei depois de sofrer todo tipo de constrangimento nos aeroportos, desde ficar praticamente pelada a ter que tirar minha coisas de malas de mão por conta de um alicate de unhas.
Leio que artistas como Taylor Swift e grandes magnatas da indústria do Luxo, mega poluem o planeta em voos de seus jatos particulares que, individualmente, chegam a mais de 170 voos por ano!!! Ou seja, viajam dia sim outro não.
Ora, o que pode ser mais brega do que poluir o ambiente apenas para estar sozinho em sua bolha voadora particular?
Ok, eles provavelmente não queiram frequentar o saguão comum da rodoviária caríssima em que se transformaram os aeroportos; sim, pois até Elon Musk, e Mark Zuckerberg ficariam horrorizados em pagar R$12,00 por 200ml de água, R$20,00 por um cafezinho, e R$35,00 por um copinho com 5 pães de queijo murchos. Ah, e R$1,00 por água fervendo para colocar o saquinho de chá…
Vou de Ônibus – nas rodoviárias, vejo gente mais educada, mais real e, principalmente, mais interessante. As pausas são compartilhadas e mais proveitosas. A comida mais saborosa e, o tempo de espera para embarque, curto.
Aonde quero chegar? Insisto que, em qualquer meio de transporte é preciso haver consciência aliada ao conforto mas, principalmente, urge que as companhias aéreas parem de nos tratar como rebanho – somos pessoas. E, como tal, viajar com dignidade é mais que prioridade: é o mínimo. Ou não?