Paraíso preservado e tratamento de luxo – é essa a referência que mais ouvimos quando se fala de Fernando de Noronha.
É coisa nossa e, quem me acompanha, sabe da minha paixão pelo Brasil e de como priorizo destinos nacionais antes de me aventurar fora do país.
Comprei o passaporte que supostamente dá direito a todos os passeios. Não é barato mas, com a tal carteirinha, a promessa é de acesso livre ao paraíso.
Mas, de cara, ao tentar marcar o primeiro passeio, (sim alguns você tem que marcar) soube que estava lotado naquele dia. Ôps! Como assim?
Veja bem: é uma reserva e coisa e tal, mas atracam navios. E, quando atracam navios (ainda que relativamente pequenos), tudo fica mais caro, mais complicado e pior: esquecem que você entende, desde que nasceu, o famoso jeitinho brasileiro. E que não vai ser enganado – ou passado pra trás – com um sorriso simpático.
Um exemplo: a carteirinha dá acesso a tudo – mas em alguns lugares você tem que marcar a visita. Os que não precisa marcar, você só pode entrar com a presença de um guia – que custa outros cerca de R$70 a 100. E isso ninguém explica quando você compra o pacote.
Serviço caro e sem qualidade – qualquer viajante em um destino exclusivo sabe que vai pagar por esse luxo.
Mas me irritou cobrarem mais R$30,oo por um guarda sol na praia deserta e mais R$20,00 por uma cadeira. O mesmo que se cobra em euros em Capri e outros paraísos internacionais.
Com a diferença que em Capri, você tem uma espreguiçadeira dobrável, com cobertura, e passa todo o dia protegido do sol com um serviço de bar e restaurante que chega onde estiver.
Já lá, você se vira com a cadeira baixa e dobrável. O serviço é o ambulante local que estiver por perto e que, na maior boa vontade vai te trazer uma cerveja ou refrigerante se puder ou tiver (e muitas vezes não tem).
Ecológico mas nem tanto – no Rio de Janeiro, a maior parte do quiosques de praia já usam canudinhos biodegradáveis – ou não usam mais. Em Santos, São Paulo virou lei: todos os bares tem que ter canudinhos ecologicamente corretos sob pena de multa. E já estão mudando. Então como é que, em Noronha, autoproclamado paraíso preservado, ainda se usa canudos plásticos na grande maioria dos estabelecimentos inclusive nas praias (desertas, sim, mas com refrigerantes e pequenos comércios perto)…
Porque vale a pena – ok, a natureza e o talento das pessoas salvam a ilha do espírito meio mafioso que se percebe permeando as relações.
Restaurantes não faltam em Noronha mas o despretensioso Saviano se destaca: tem um peixe ao forno sensacional. E o Mergulhão, ao ar livre com uma das melhores vistas da ilha, logo acima do porto, é obrigatório por seus petiscos caprichadíssimos e caipirinhas idem.
Com o detalhe que você desce a pé e pode nadar na praia do Porto – limpíssima e sem ondas fortes.
Peixes, tartarugas e vida marinha – não fui até lá para comer, mas para ver a natureza. Porém, devido a imensas dificuldade em entrar em reservas e piscinas naturais mergulhei apenas duas vezes.
Peixes e tartarugas lá estão, além de mergulhões e outros pássaros mas, de verdade? Existem praias maravilhosas e peixes igualmente coloridos por toda a nossa imensa costa. E em lugares sem pretensão a paraíso – e por isso mesmo mais autênticos.