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Seu Garçom faça o favor!

A maravilhosa letra da música “Conversa de Botequim” do genial Noel Rosa, exprime bem a polivalência desse profissional! Garçons, são requisitados para tudo e, frequentemente, levam a culpa que deveria recair sobre o Chef – por ter atrasado o prato ou ter “passado” a mais a carne etc.

Os excelentes garçons, que além de dominar a técnicas dos variados serviços ainda são discretos e lembram a preferência do cliente são uma raridade! Mas, na média, o garçom é um profissional subvalorizado e, sim, muito maltratado!

Ora, você já viu um garçom tirar um linguado do osso? É preciso uma mão extremamente firme e uma confiança oceânica para deslizar a faca pelas costas de um peixe supercaro e afastar os filés um do outro enquanto é observado por todos os ocupantes da mesa…

Já reparou que o garçom anota os pedidos de uma mesa de oito e, em seguida, certifica-se, sem perguntar novamente e mais, quando chegam os pratos todos são servidos sem erro no pedido do prato? (salvo exceções que devemos contornar – e ele também)…

E tem aqueles que também tem a manha de lidar com o bêbado barulhento e desbocado livrando-nos da sua presença discretamente…

Recentemente, foi publicada na Inglaterra uma pesquisa segundo a qual, de acordo com novas regras de imigração e 80% das pessoas que já trabalham em hotelaria   seriam mais elegíveis para trabalhar. Um golpe para os profissionais de mesa mais experientes sem dúvida pois quem vai preencher essas vagas, serão cidadãos que nem sempre tem a mesma empatia e vivência com o setor. Ora, na Europa onde o turismo e hotelaria são importantes, é um golpe e tanto.

Por aqui não corremos ainda esse risco, mas seria interessante que o setor investisse mais em capacitação. Nos últimos anos mudanças aconteceram. Não apenas no serviço mas na forma de receber e conceber eventos.

Design de Porcelanas – mudou muito e hoje os jogos são variados em diversos tamanhos e formas; isso influi na maneira de apresentar e servir as receitas.

Os serviços mudaram – hoje raramente usamos o serviço a francesa. Em compensação aumentou a demanda do serviço “empratado” que exige uma maior coordenação da equipe. Além de demandar também maior número de profissionais em eventos grandes.

Os uniformes mudaram – ok, raramente vemos o garçom de paletó e gravata borboleta, massss…. também não cabem muitas invenções. Quanto mais “limpo” e confortável o uniforme livre de detalhes supérfluos, melhor.

 

A cozinha mudou – hoje grande parte das cozinhas é aberta a vista do público e menor. Não é fácil para chefs nem garçons…

Pois é: trabalhar como garçom (e com o publico em geral) exige uma imensa reserva de paciência, empatia e, sim, muita habilidade! Mas os empregos em hospitalidade geralmente são terrivelmente mal pagos.  Está na hora de reconhecer que o valor de uma pessoa é muito mais do que o “teto salarial”. E, aproveitando o exercício, por que não aumentar esse teto?

 




Será que mudou tanto assim?

Em geral, não muda tanto assim – apenas passamos a usar outras ferramentas. E embora pareça estranho as novas tecnologias e possibilidades, em vez de extinguir tradições milenares acaba ajudando a reforçar.

Abaixo uma pequena lista de itens que mudaram, surgira ou se modernizaram, mas que permanecem a serviço da mesma circunstância – ou regra de Etiqueta.

 

Sino para chamar o mordomo – antigamente era usado um sino de prata ou cristal para chamar o mordomo ou copeiro. Hoje não temos esse serviço no dia a dia (salvo exceções) mas, temos a campainha de fio que cumpre o mesmo papel quando recebemos de maneira mais formal. E o que me dizem do fato de organizar um evento inteiro usando mensagens instantâneas? São eventos maiores, elaborados e com um requinte de detalhes tão ou mais detalhado do que os dos tempos do sininho a mesa.

Apagador de velas – é um instrumento que parece um sino com um cabo longo na ponta. Serviam para apagar velas (abafando o pavio) quando as havia as centenas pelas casas e salões. Mas ainda vemos e usamos velas – e o apagador apenas mudou de formato: antes em prata ou latão hoje é fabricado também em argila e outros materiais e alguns tem formato de alicate para apertar o pavio. Inútil? Menos do que se imagina, pois a indústria de velas decorativas só cresce em um claro sinal do quanto as velas ainda são usadas e apreciadas.

Staff e serviço – mordomos e governantas como os de filme inglês estão em extinção, mas hoje temos um exército de diaristas, equipes de limpeza, organizadores e toda sorte se profissionais que cumprem separadamente as mesmas tarefas que, antigamente eram feitas por um só, morando na casa em tempo integral. mas não quer dizer que as pessoas dispensem um guarda-roupa organizado, uma cozinha capaz de atender a uma reunião e/ou comemoração etc.

Pinça de pão – é um apetrecho usado pelos copeiros para “espetar” as fatias de pão na hora de servir no prato dos convidados. Hoje, vemos nos bufês de café da manhã as pessoas lutarem para fazer isso com um pegador de espaguete inadequado e, perdendo a paciência, pegam (e fatiam) com a mão, sem nem usar o guardanapo para segurar… Pois em tempos de pandemia sou pela volta da pinça de pão!

Guardanapos do Batom – existia um mini quadrado de linho vermelho para as mulheres usarem sem manchar o guardanapo do “jogo”. Hoje temos guardanapos em papel lindos e coloridos, em dimensões iguais aos de pano – e que, descartáveis, resolvem esse problema.

Passamos a viver uma vida mais prática, sem dúvida, mas não precisamos eliminar a beleza do nosso dia a dia nem esquecer as tradições – que falam direto ao nosso coração e que nos identificam de forma tão afetiva e emblemática. Pense nisso.