Ao contar a história de sua mãe, Eunice Paiva, que enfrenta o Alzheimer, e do desaparecimento de seu pai, Rubens Paiva, durante a ditadura militar, Marcelo constrói uma obra que vai muito além de sua biografia e toca em temas universais e ainda muito atuais. Mesmo sendo uma história do passado, as reflexões trazidas pelo livro têm grande relevância nos dias de hoje.
Memória e verdade histórica – ainda enfrentamos debates sobre os crimes da ditadura, e o Brasil luta para resgatar sua memória coletiva. No atual cenário, em que revisões históricas são feitas e, muitas vezes, fatos do período militar são negados ou distorcidos, o livronos lembra da importância de lembrar e confrontar o passado, evitando que os mesmos erros se repitam.
Discussão sobre saúde mental e envelhecimento – a experiência da mãe de Marcelo com o Alzheimer reflete desafios enfrentados por muitas famílias atualmente, em um Brasil com uma população idosa crescente e questões de saúde mental cada vez mais presentes. O cuidado com familiares que perdem sua autonomia, a progressiva perda de quem ainda está vivo, são temas que ressoam com muitas pessoas nos dias de hoje.
A resistência e a luta por direitos humanos – em tempos de polarização política, o exemplo de Eunice é uma referência para quem ainda batalha por direitos civis e liberdade.
Reconstrução familiar – as transformações nas dinâmicas familiares, sejam causadas por questões políticas, sociais ou por doenças, são um reflexo de muitas realidades contemporâneas
Vulnerabilidade e força feminina – a luta de Eunice pelo marido e pela família, mesmo enfrentando doenças, perdas e um contexto político adverso, reflete as lutas das mulheres contemporâneas por igualdade e empoderamento. Hoje, com o movimento feminista ganhando mais espaço, sua história ressoa com a luta por direitos das mulheres.
O livro é um lembrete do perigo do autoritarismo e da importância de preservar a democracia e a memória coletiva. É um convite para olharmos para nossa história, nossas famílias e nosso futuro, com a sensibilidade de quem entende que, mesmo diante das maiores perdas, ainda é possível estar presente, resistir e lembrar.
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