Vai Encarar?

Uma nação (quase) invisível

Mara Gabrilli, tetraplégica, loura e alta de biquini exercitando-se no solario , ao sol, sobre uma toalha amarela que cobre uma bola vermelha, grande de borracha, especialmente para exercícios de pilates - ela está deitada de costas sobre a bola , enquanto a fisioterapeuta alonga a sua perna esquerda, elevando-a bem para o alto , enquanto a outra perna está em repouso sobre a bola.
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Mara Gabrilli, tetraplégica, loura e alta de biquini exercitando-se no solario , ao sol, sobre uma toalha amarela que cobre uma bola vermelha, grande de borracha, especialmente para exercícios de pilates - ela está deitada de costas sobre a bola , enquanto a fisioterapeuta alonga a sua perna esquerda, elevando-a bem para o alto , enquanto a outra perna está em repouso sobre a bola.

Mara Gabrilli, tetraplégica, em sessão de fisioterapia.

Conheci uma parte dessa galera – que é surpreendente: não são melhores nem piores do que os que não tem deficiência aparente, mas são craques em gerenciar crises: afinal de contas, fazem isso o tempo todo, desde que acordam. Nossas colunistas Mara Gabrilli, Marian Reis e Lilian Fernandes são apenas 3 exemplos disso. E hoje, você vai entender porque ,com esse texto da Mara

Ganhamos todos! – essa seção não é pra eles e sim para dar mais visibilidade não só aos problemas, mas também as soluções de Pessoas que tem uma limitação sim, mas que estão longe de serem invisíveis ou produtivas!

Carimbe o passaporte – ao visitar a Nação quase invisível, além de começar a divulgá-la e inclui-la em roteiros de suas viagens cotidianas, você vai se surpreender com a riqueza de seus habitantes, com as variedade de escolhas de vida – alternativas que você jamais imaginaria. Tomar que você embarque nessa!

Pessoas com deficiência também fazem sexo – por que não? por Mara Gabrilli

Muitos são os mitos que ainda rolam sobre a sexualidade da pessoa com deficiência. Dizem que o “corpo” desliga e você é sucumbido à eterna ausência de prazer.

É claro que não é assim: uma das maiores curiosidades despertadas por um cadeirante é, de longe, se ele pode ou não fazer sexo. Normal. ao sofrer o acidente e ficar tetra, um dos meus primeiros medos foi exatamente esse.

Ouse pensar – não por acaso, a primeira vez que fiz sexo depois de perder movimentos foi enquanto ainda estava na UTI. Fiquei tão receosa que resolvi testar no hospital mesmo. E tive uma surpresa (muito boa!). Foi um grande alívio saber que eu ainda ficava lubrificada com o toque do meu namorado.

Quando estou namorando, penso muito em sexo. Como  pensava antes do acidente. Acho que tudo é bem mais complicado para o outro .

 Falar não ofende! É super importante rolar uma conversa esclarecedora sobre o assunto antes de rolar qualquer outra coisa. A informação nesse caso é tão importante quanto uma boa preliminar. É importante lembrar que se o corpo passou por mudanças, a principal independe da deficiência e sim da nossa cabeça.

Cada caso é um caso: aliás, como com que não tem limitação física. As mulheres cegas, por exemplo, têm uma grande dificuldade de se relacionar com homens videntes. Isso porque muita gente acredita que elas estão sendo abusadas por não enxergarem e se afastam. Bobagem: a pessoa com deficiência visual tem outros sentidos que podem ser aguçados com o ato sexual e podem ser ótimos parceiros. E sabem muito bem diferenciar intenções.

Descobri novas rotas para o prazer – passei a ter sensações diferentes. Agora, tudo que sinto em meu corpo acontece de outro jeito. O orgasmo vem por outros nervos, que passaram a fazer um percurso diferente até chegar ao “ponto G” (que pode ter mudado de letra também).

A intensidade muda – assim como o tesão e a sensibilidade. Mas isso é bem subjetivo. Amar e buscar prazer depende do quanto nos dispusemos a isso. Eu escolhi ser feliz. Com todos os prazeres que a vida pode oferecer.

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3 Comentários

  • Responder
    Luciana Fontes
    24/09/2014 as 20:35

    Exclarecedor, obrigada.

  • Responder
    Yeda Maria Almeida de Barros
    24/09/2014 as 21:23

    Não é só com mulheres cegas que que ocorre de as pessoas pensarem que elas estão sendo abusadas;sou portadora de sequela de polio, e como sempre gostei muito de sair e frequentar boates e bares, era frequente que me deparasse com pessoas que que se incomodassem com minha presença, tendo uma vez um garçom se recusado a servir a mim e meu namorado porque disse que ele estava abusando de mim por estar me beijando. Passei por muitas situações difíceis e constrangedoras mas que não me impediram de exercer minha cidadania e meu direito de namorar, casar com um homem bonito e carinhoso, ser mãe de uma filha hoje com 18 anos e de voltar ao trabalho depois de ficar viúva. Sou psicóloga do judiciário, tenho 58 anos e penso que apesar dos avanços, pois o assunto “deficientes” está na mídia, ainda temos um longo caminho para levar cidadania a toda essa Nação ainda invisível.

    • Responder
      Claudia Matarazzo
      25/09/2014 as 16:58

      Yeda Maria, Você tem toda razão: ainda há uma dificuldade enorme das pessoas em “enxergar” e tratar as diferenças com naturalidade.Esse espaço é justamente para dar mais visibilidade a todo esse universo – que, como você sabe, é rico em problemas e soluções!
      Bem vinda ao Sem Frescura!! E por favor, não hesite em nos fazer sugestões, correções e, claro, também depoimentos que serão bem vindos!

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