Em geral percebemos em casa: a gente nota um desconforto na pessoa e aí começam as tentativas de adivinhação. Sabemos que não é recomendada auto medicação, mas, como a maioria das pessoas tem uma farmácia particular em casa, tudo começa com uma dipirona para aliviar uma possível dor.
Mas…e se for dengue e a gente deu dipirona?? Desespero….
Nunca consegui entender como os pediatras adivinham tudo- ou quase tudo – que os bebês têm. E os veterinários idem entendem tudo ou quase tudo que incomoda os bichinhos – e eles também não falam.
Mas chegar com alguém com deficiência, que não consegue falar, em um consultório médico é sempre uma aventura no mínimo delicada. E acredite: dá preguiça de sair de casa, ouvir o óbvio e ver aquela cara de espanto dos profissionais da saúde.A reação quase sempre é aquela de quem viu pousar uma nave de onde saiu um extraterrestre.
Armadilha – muitas vezes a gente não aguenta e começa a dar pistas, o que estraga tudo, porque eles interrompem o raciocínio – e passam a seguir a linha das nossas dicas.
Uma vez chegamos com o Marcos em um hospital e ao deitar ele esticava a perna e chorava. Caímos na besteira de dizer que achávamos que ele estava com dor no nervo ciático. Mil exames da cintura para baixo e NADA.
Saímos horas depois sem diagnóstico. Surpresa foi no dia seguinte descobrir que ele estava com uma infecção no ouvido. Custava investigar o corpo inteiro?
Mas não para aí pois se o problema for neurológico tudo se complica, infelizmente. E não estou sendo leviana, é fato, baseado em estatísticas.
Falta coração – custo a entender que alguém invista em anos e anos de estudos, pesquisas, especializações, mas não consiga colocar em prática o principal: atenção, amor, olho no olho, observação, carinho – porque isso nenhuma faculdade ensina, é um exercício diário e tão importante para o diagnóstico e tratamento quanto o conhecimento clínico.
E quando a gente finalmente aprende isso, resolve tanta coisa…
Mas, enquanto isso não acontece, viva a dipirona!!
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