Ao contrário de muitos que não encaram bem essas datas, por não se sentirem bem com os ciclos que se fecham ou vivendo o seu inferno astral, eu me jogo para assoprar o passado, enxergar como mais uma etapa concluída e da possibilidade de comemorar a chegada de uma nova idade com alegria e positividade.
Sobrevivendo ao inferno astral – mas não se trata somente de ter um olhar positivo sobre a vida. É sobre viver o tal inferno astral com tudo que ele traz, saboreando cada um dos sentimentos. Dúvidas, expectativas, alegrias, decepções, comemorações, saudade, esperança. E, para mim, vem tudo em dobro, pois são dois nascimentos que o 12 de janeiro me traz. Aliás, no meio de uma pandemia, esses sentimentos me causaram uma turbulência interna. Precisei do silêncio para entender o estrondo do dia a dia. Meu coração continua estreito sem espaço para respirar. Diante de tempos tão tristes, alargar a alma para enxergar as sutilezas da vida tem sido difícil.
O importante é saber que escrevi minha história – o primeiro aniversário, daquele que consta na certidão de nascimento, sinto o peso da experiência: pelos esquecimentos aleatórios, pela recuperação mais demorada de uma noite mal dormida, pelos meus cabelos brancos, pelos sinais no rosto. Apesar da idade não combinar muito comigo, o cotidiano me mostra que as contas do tempo estão certas, mesmo eu desejando que estivessem erradas.
O segundo, o de ser cadeirante, o do meu acidente, o de que entender a vida é soltar as possibilidades. Este me lembra a juventude e me permito comer sem preocupação de engordar, de virar a noite com os amigos, de não me preocupar com contas a pagar, de viajar sem reserva em hotel, de se recuperar rápido de uma gripe ou viroses, e muito mais. Essas são as vantagens de se comemorar dois aniversários, duas idades, você pode virar a chave e escolher qual será mais oportuna para cada momento.
Novos ciclos de vida e o melhor sempre estar por vir – nesse ano encontrei na escrita e no mergulho profundo em mim mesma outras maneiras de alimentar minha esperança, entendendo que nada está pronto e tudo está por ser construído. Passei a considerar que muitos ciclos de desafio se repetem e que, quando aceitamos o que passamos como um aprendizado, nos tornamos mais fortes e aptos a vencermos com mais facilidade o que vier. Que venha no vagar que é para dar tempo de saborear cada experiência, cada sentimento.
Para não esquecer, que me venha fartura de sabedoria para fazer escolhas e para tomar decisões. Que jorrem bênçãos sobre todos os meus dias. E que eu tenha pés e rodas firmes para a caminhada rumo a tudo o que me dá prazer. Que seja bom para mim, não prejudica ninguém e é bom para o todo. Que eu pratique a aceitação de coração aberto, não julgue os outros e me veja como um ser espiritual em evolução. E que em breve não nos falte os ingredientes principais: vacina, bolo, palmas, conversa leve e risadas soltas. Felizes dias!
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