Gayegos fala o que pensa
Um dos motivos pelos quais o respeito e admiro é pelo fato de ter contribuído decisivamente para a evolução do ensino de Moda no Brasil. Ainda: ele sempre fala ( e falou ) o que pensa, nunca teve medo de ser politicamente incorreto – e com isso acaba sendo de uma correção irritante.
Esse ping -pong abaixo é apens um leve aperitivo de como pensa nosso polêmico e querido colunista.
Claudia – você parece ter nascido entendendo de moda e comportamento – se não tivesse sido estilista o que gostaria de fazer?
Gayegos – trabalhar na TV. Ter um programa de moda, comportamento e muita polêmica.
Claudia – hoje temos a Internet e muito mais rapidez nas comunicações: como tudo isso refletiu na criação da moda e dos desfiles?
Gayegos – com a informação instantânea, a moda acabou por ser autofágica. Se destrói rapidamente. Desfiles não são mais para mostrar roupas mas pra fazer marketing.
Claudia – defina 3 períodos de glória e efervescência da moda brasileira – ou não temos 3?
Gayegos – Sim, temos três: Fenit – importante porque foi a primeira feira de moda do Brasil e a Rhodia apoiou desde o começo.Dener porque foi o primeiro estilista brasileiro a ter um ateliê com o próprio nome e também o primeiro a usar temas nacionais em suas coleções.
E o SPFW foi importante pq colocou ma mídia e redes sociais os principais nomes e marcas nacionais de uma forma organizada e com calendário pré-definido.
Claudia – você trouxe o método Esmod de modelagem de Paris para o Brasil há 20 anos. Dá para dizer quais as principais mudanças de sua disseminação nas escolas de moda aqui?
Gayegos – Começou em 1994. A principal mudança foi olhar a modelagem como parte importante da criação de moda. Não tenho modéstia em dizer: o ensino de moda no Brasil se divide antes e depois de José Gayegos / SENAC...
Claudia – cite 5 nomes que marcaram a indústria da Moda no século 20 – e mudaram nosso olhar quanto ao tema ” vestir”.
Gayegos – Chanel, Courrèges, Cardin, YSL e...Zara.
Claudia – o que te inspira quando faz uma roupa?
Gayegos – o corpo da mulher e os tecidos. Coloco estes em cima da modelo ou do busto de costura e eles me dão a direção. Tenho por hábito não contrariar nenhum dos dois. Acho muito pretensioso estilista que diz se inspirar em filmes, livros, etc e fazer roupas que ninguém nunca vai querer usar, apenas pra mostrar uma certa erudição que, na maioria das vezes, nem existe.
Claudia – você é um agente provocador – sempre foi assim ou foi ficando??
Gayegos – digamos que nasci assim e fui aperfeiçoando.
Claudia – o que te galvaniza- para o bem e o que para o mal???
Gayegos – nos dois casos: a injustiça e minha integridade pessoal