Pode ser apenas por uma questão de dress code da empresa ou mesmo porque é o que seu chefe esperaria…
Submissão ou sabedoria? De verdade, não sei. Muitas de nós estamos culturalmente tão habituadas a esse incômodo que, sequer o percebemos.
Mas há quem se incomode, que não consiga usar e quem não goste e não se identifique com eles – e portanto, sofre com saltos altos e finos em sapatos de plataformas impossíveis com bicos estreitos e desconfortáveis…
Esse debate foi ressuscitado quando Yumi Ishikawa, escritora japonesa, enviou uma petição ao Ministério do Trabalho de seu país solicitando a proibição da exigência do uso de sapatos de salto alto pelos empregadores.
Seus esforços foram reforçados por uma hashtag inteligente: #KuToo, um trocadilho com as palavras japonesas para sapato (kutsu ) e dor (kutsuu). Na última contagem, a petição acumulava mais de 23.000 assinaturas.
Mas nada é tão fácil: o Ministro do Trabalho e da Saúde já respondeu defendendo os locais de trabalho que exigem que as mulheres usem salto alto, descrevendo a prática como “necessária e apropriada”.
O fato é que saltos altos são vistos como o equivalente feminino à gravata do empresário: usados em um ambiente de negócios, enviam uma mensagem de formalidade e profissionalismo.
Ok, se os homens são frequentemente obrigados a usar paletó e gravata, o que há de errado com um equivalente feminino?
Há que, nenhum item de roupas masculinas provoca tanto prejuízo aos movimentos ou dor física!
Sem exagero: os saltos altos se encaixam em uma longa história de repressão física das mulheres e sofrimento ordenado.
Ora, se usar saltos altos no trabalho fosse apenas aumentar a altura, mais pessoas usariam plataformas pois os homens, também se beneficiam profissionalmente por parecerem mais altos.
Mas não usam, porque os saltos altos são uma maneira de comunicar feminilidade. E foram considerados uma parte tão vital do vestuário profissional feminino nas décadas de 1970 e 1980, porque o próprio ato de ter um emprego e buscar sucesso e poder era visto como masculino.
Terceiro milênio – se em pleno século XXI ainda temos que nos submeter a usar algo que nos tortura aos poucos para merecer respeito profissional, é porque o “empoderamento” das mulheres ainda tem muito a conquistar… Pensem nisso e #KuTo0!
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